2 de janeiro de 2015

Casablanca, (1942)




TRILHA ORIGINAL
As Time Goes By (Herman Hupfield)
Todo admirador do filme curte a música tema, que Sam, interpretado pelo ator Dooley Wilson, toca para o romântico casal em Paris e, depois, é forçado a repetir para os saudosos amantes. O mais irônico de tudo é que a lendária canção não foi composta para o filme. Ela já tinha sido lançada há anos, sem fazer sucesso e poucos sabem, no entanto, quem é o autor da triste canção. O compositor Herman Hupfield a fez, em 1931, para o musical da Broadway Everybody's Welcome. Max Steiner, responsável pela trilha sonora, queria substitui-la por outra de sua autoria, a  música não lhe agradava e por isso preferia compor uma melodia original que se adequasse à relação entre Rick e Ilsa. Mas tal alteração obrigaria a que algumas cenas tivessem de ser filmadas outra vez, por se referirem especificamente à canção. Mas Ingrid Bergman já havia cortado os cabelos muito curtos para o papel de Maria em "From Whom The Bell Tolls" (Por Quem os Sinos Dobram), um novo projeto com uma outra produtora, e por isso estava fora de questão filmar de novo. Steiner foi assim obrigado, contra a sua própria vontade, a utilizar o agora célebre tema.


Casablanca, (1942)
Quando os créditos começam a aparecer no final de Casablanca temos aquela sensação de satisfação por saber que o cinema é algo mágico, com uma capacidade enorme de transmitir emoções através de imagens. O clássico de Hollywood consegue de forma muito competente realizar aquilo que todo filme deveria. É um casamento perfeito de direção, fotografia, roteiro e atuações, conseguindo ser emocionante sem ser melodramático.


Fugindo da ocupação nazista durante a segunda guerra mundial, pessoas de diversas partes da Europa tinham como seu destino final a cidade de Casablanca, no Marrocos, onde esperavam por um visto salvador que lhes permitisse entrar em Lisboa e viajar para a América. Lá vive o americano Rick (Humphrey Bogart), dono de um bar de sucesso na cidade e com enorme prestígio e influencia naquela comunidade. Rick é uma pessoa amarga, que só pensa em si próprio e, como ele mesmo diz, não arrisca seu pescoço por ninguém.


A introdução do personagem Rick é excelente. Antes mesmo de sua aparição notamos que se trata de alguém muito importante, somente pela conversa em uma mesa de seu bar. Os convidados pedem para que ele beba com eles e o garçom diz que ele nunca faz isto. O convidado responde que era o segundo maior banqueiro de Amsterdã e ouve do garçom que o primeiro hoje está fazendo os salgados no bar de Rick, e que o pai dele é o carregador de malas. Somente este diálogo já revela a influência de Rick e o quanto ele é respeitado na cidade, além de fazer uma interessante demonstração do enfraquecimento dos países europeus dominados durante a guerra.


A direção de Michael Curtiz é bastante segura e cria inúmeros momentos inesquecíveis, além de procurar manter a câmera sempre próxima nos momentos dramáticos para captar melhor as reações dos atores. Logo no início do filme, a câmera se movimenta em direção à placa com o lema francês “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” no momento em que um reacionário francês é morto a tiros abaixo dela. A composição do plano, com o hino da França ao fundo, demonstra a inteligência de Curtiz ao transmitir a mensagem sem precisar utilizar palavras. Um dos grandes momentos de impacto acontece quando Rick entra no salão ao som de “As time goes by” e olha para a mulher que vai nos fazer entender a razão de toda sua amargura. Ilsa (Ingrid Bergman), que já está com os olhos marejados, estava sentada na mesa de seu bar.  É o suficiente para demonstrar que os dois já se conhecem e deixar subentendido que eles viveram algo no  passado. É mágico. 


O diretor consegue falar com a platéia sem palavras, somente com imagens. Outro grande momento acontece quando Lazslo (Paul Henreid) e Rick estão tendo uma conversa reveladora e escutam os alemães cantando músicas germânicas. Lazslo pede para que um músico toque a Marselhesa (hino francês) que é cantada com enorme paixão pelos franceses presentes no bar. O enorme patriotismo evocado naquelas pessoas, perceptível em cada rosto emocionado, revela aos alemães o risco que estão correndo deixando Lazslo à solta. A situação não estava sob controle. Interessante também é notar que a farsa existente em alguns Cassinos já era revelada em 1942 (mesmo assim milhões de pessoas lotam Cassinos pelo mundo afora até os dias de hoje), na tocante cena em que Rick “sugere” a um rapaz o número 22 na roleta e ele consegue o dinheiro que precisava para sair de Casablanca. Momentos antes sua esposa havia explicado para Rick o quanto eles precisavam daquele dinheiro.


As atuações são menos exageradas do que o costumeiro na época. Humphrey Bogart está muito bem, conseguindo transmitir toda a amargura de Rick. Cínico e irônico, ele passa uma imagem de alguém amargo que não acredita em nada além de si mesmo. Existem momentos onde a atuação de Bogart deixa isto bem claro, como na cena em que ele manda uma mulher que se diz apaixonada por ele se retirar do bar e pede ao funcionário dele que a leve pra casa. A feição fria de Bogart demonstra que ele não acredita mais no amor. Claude Rains tem uma atuação extremamente simpática como o Capitão Renault. Ele se revela uma pessoa divertidamente inteligente, apesar de sem escrúpulos, procurando ficar sempre do lado mais forte. A boa atuação de ambos pode ser notada quando um determinado personagem é assassinado. O sorriso de canto de boca de Rick e Renault e os olhares de ambos demonstram que a solução do conflito aconteceu de forma satisfatória para os dois. Já Paul Henreid, como o intrigante líder da resistência tcheca Victor Laszlo perseguido duramente pelos alemães liderados pelo Major Strasser (Conrad Veidt), tem uma atuação segura e de papel fundamental na trama, já que os acontecimentos giram em torno dele. 


Mas a grande força de Casablanca está na personagem enigmática de Ingrid Bergman. Ilsa é uma mulher dividida e Bergman demonstra toda a ambigüidade da personagem com uma atuação magnífica. Observe como ela transmite de forma equivalente o sentimento de carinho que sente por Rick e por Laszlo. Quando ela conversa com o primeiro no bar somos levados a pensar que ela o ama, mas quando ela conversa com Rick no quarto do hotel sentimos que ela na realidade ama Laszlo. Ela jamais deixa transparecer a preferência da personagem. Quando finalmente toma uma decisão nos sentimos incomodados, pois também não temos certeza de que seja a mais correta.


A trilha sonora marca os momentos de maior tensão aumentando o volume, como na cena em que Ilsa aponta uma arma para Rick para tentar conseguir o que precisa. A fotografia de Arthur Edeson é marcante, deixando em evidência o forte contraste do preto com o branco em diversos momentos. Repare como Rick está mergulhado nas sombras quando está bebendo no bar para tentar esquecer que viu Ilsa momentos antes. Quando ela repentinamente aparece na porta toda de branco, temos a sensação de estar vendo um anjo e não uma pessoa entrando no bar devido ao enorme contraste provocado na cena. Ao final da conversa, Rick está com o rosto escondido entre seus braços debruçados na mesa, novamente mergulhado nas sombras, numa cena forte que demonstra visualmente toda a escuridão, tristeza e depressão do personagem naquele momento. Na cena da despedida, o casal Ilsa e Laszlo desaparece na neblina, assim como o avião some entre as nuvens, demonstrando visualmente que mais uma vez Ilsa está escapando da vida de Rick. Como se fosse um sonho, ela se esvai entre as nuvens e simultaneamente desaparece de sua vida.


Mas o grande destaque da produção é com certeza o roteiro, recheado de diálogos marcantes e inteligentes. Alguns deles ficaram marcados para sempre, como a tocante frase “Nós sempre teremos Paris”. Exemplos para ilustrar a qualidade do trabalho de Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Howard Koch não faltam, como o excelente trecho em que o Sr. Ferrari (Sydney Greenstreet) quer contratar o músico Sam (Dooley Wilson), talvez o único verdadeiro amigo de Rick. Eles vão perguntar a Sam se ele aceitaria trabalhar pra o Sr. Ferrari e ele responde que não. Rick diz que ele ganharia o dobro se aceitasse, mas Sam responde que não adiantaria porque ele não tem tempo para gastar o que ganha. Outro exemplo de diálogo inteligente é quando o major Strasser oferece os vistos para Laszlo e Ilsa viajarem à Lisboa em troca dos nomes dos líderes da resistência nas cidades dominadas pelo exército alemão. Ele responde: “Se não entreguei os nomes quando estava no campo de concentração, onde vocês tinham métodos muitos mais persuasivos, não será agora que vou entregar”. 


Para evitar escrever o roteiro inteiro aqui, cito apenas mais um trecho maravilhoso que acontece quando o Capitão Renault pergunta à Rick se ele está realmente com os salvo-condutos deixados no bar por Ugarte (Peter Lorre). Ele responde com outra pergunta: “Você é a favor ou contra a ocupação da França?”. Ora, o capitão Renault é francês e obviamente é contra. Mas como está trabalhando para os alemães não pode afirmar sua opinião em público. Entendendo a sagacidade da pergunta de Rick ele responde: “Isso é o que acontece quando fazemos perguntas diretas. Assunto encerrado”. Maravilhoso.


Representante de um seleto grupo de filmes que jamais envelhecem, Casablanca é um excelente exemplo de como o cinema pode ser mágico. Repleto de imagens e momentos belíssimos, o filme demonstra a mudança que um verdadeiro amor pode realizar em uma pessoa, transformando-a completamente. Sem melodramas ou fórmulas prontas, o filme consegue nos emocionar e fica guardado pra sempre em nossa memória. E exatamente por isso se tornou um dos grandes clássicos da história do cinema.



CARTAZES DO FILME 






Casablanca, (1942)

SINOPSE
Durante a Segunda Guerra Mundial, Casablanca, cidade do Marrocos, então protetorado francês, torna-se rota obrigatória de quem estava a fugir das atrocidades dos nazistas. Será em Casablanca que Rick Blane (Humphrey Bogart), dono do maior bar local, irá reencontrar Ilsa Lund (Ingrid Bergman), anos depois de terem se apaixonado e se perdido em Paris. Nos meandros da guerra, uma história comovente de paixão e sacrifício desenha uma trama empolgante e definitiva. Inesquecível.


ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, 
Paul Henreid, Claude Rains, Conrad Veidt, 
Sydney Greenstreet, Peter Lorre, S. Z. Sakall, 
Madeleine LeBeau, Dooley Wilson, Joy Page, 
John Qualen, Leonid Kinskey, Curt Bois
Título Original: Casablanca
Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein 
e Howard Koch, baseado na peça “Everybody Comes
 to Rick’s” de Murray Burnett e Joan Alison
Direção de Diálogos: Hugh MacHullan
Produção: Hal B. Wallis
Produção Executiva: Jack L. Warner
Música: Max Steiner, M. K. Jerome, Jack Scholl 
e Herman Hupfeld (As Time Goes By)
Direção: Michael Curtiz
País e Ano: Estados Unidos, 1942
Gênero: Drama
Arranjos de Orquestra: Hugo Friedhofer
Direção Musical: Leo F. Forbstein
Direção de Fotografia: Arthur Edeson
Direção de Arte: Carl Jules Weyl
Arranjos de Orquestra: Hugo Friedhofer
Orçamento: US$ 964.000
Receita: US$ 3.7 milhões



PRÊMIOS E INDICAÇÕES

OSCAR, 1944 (USA)
Ganhou
Melhor Filme
Melhor Diretor - Michael Curtiz
Melhor Roteiro

Indicações
Melhor Ator - Humphrey Bogart
Melhor Ator Coadjuvante - Claude Rains
Melhor Fotografia - Arthur Edeson
Melhor Trilha Sonora - Comédia/Musical
Melhor Edição


DIÁLOGOS E FRASES ANTOLÓGICAS

Provavelmente é o filme com os melhores e mais memoráveis diálogos 
da história do cinema, muitos deles com um leve toque de cinismo.

Quando llsa lhe apresenta Victor no bar e diz que o conheceu em Paris, Rick fala quase hipnotizado por sua beleza: "Eu me lembro de todos os detalhes. Os alemães vestiam cinza e você, azul". Depois que lisa e Victor deixam o bar, Rick mergulha na bebida. Em seus delírios alcoólicos, ele diz: "Tantos bares, em tantas cidades em todo o mundo, e ela tinha que entrar logo no meu".

Ao investigar um assassinato, o sarcástico chefe de polícia ordena a seus comandados:
- Prendam os suspeitos de sempre.

Quando um nazista sugere a Rick (Bogart) que a Alemanha poderia invadir os EUA, ele diz:
- Há certos locais de Nova York que eu não os aconselharia a invadir.

Um dos diálogos mais famosos é entre Ilsa (Bergman) e o cantor Sam:
Ilsa: Toque uma vez, Sam. Pelos bons velhos tempos.
Sam: Eu não sei o que você quer dizer, Senhorita Ilsa.
Ilsa: Toque, Sam. Toque "As Time Goes By". 


Rick tem um diálogo antológico com uma garota em seu bar, logo no início do filme. Ela pergunta o que ele havia feito na noite anterior e Rick, indiferente, responde: "Faz muito tempo para que eu me lembre". Insistente, ela pergunta o que ele vai fazer naquela noite e ouve como resposta: "Não costumo fazer planos a longo prazo".

Em flashback, Rick recorda depois os felizes momentos que viveu com Ilsa em Paris. Enquanto os alemães invadem a cidade, ela comenta:"isso foi o barulho de um canhão ou meu coração que deu um salto?". Na última noite que eles passam juntos, ela diz: "Beije-me. Beije-me como se essa fosse a última vez".

Na noite seguinte, Ilsa volta ao bar só para implorar que Rick entregue os vistos de saída para salvar seu marido. Como ele se nega a fazê-lo, ela lhe aponta uma arma e Rick diz: "Vá em frente, garota, você estará me fazendo um favor". Em seguida, ela o abraça e eles combinam fugir juntos.

Mas, quando chega ao aeroporto, Rick muda os planos e manda ela ir embora com Victor, Nesse momento, Ilsa pergunta: "E nós, Rick?". E ele responde do alto de sua integridade: "Nós sempre teremos Paris".

Outra frase antológica é a que encerra o filme, Depois de matar o major alemão que tentou impedir a decolagem do avião com Ilsa e Victor, Rick abraça o capitão Renault e afirma: "isso é o começo de uma grande amizade".



31 de dezembro de 2014

Paris Está em Chamas?, (1966)



TRILHA ORIGINAL
Is Paris Burning? - Maurice Jarre

Maurice Jarre (1924-2009), nascido em Lyon, Maurice-Alexis Jarre iniciou seu aprendizado musical no conservatório de Paris, onde estudou percussão, composição e harmonia. Celebrizou-se, principalmente, por compor trilhas musicais das quais se destacam a parcerias com o diretor David Lean, que lhe renderam três prêmios Oscar: “Lawrence da Arábia” (1962), “Dr. Jivago” (1965) e “Passagem para a India” (1984). Jarre compôs para o teatro, concertos, óperas, balés e gravou seis CDs. Trabalhou também com John Frankeheimer (“O Trem”, 1965), René Clément (“Paris Está em Chamas?”, 1966), Richard Brooks (“Os Profissionais”, 1966), Anatole Litvak (“A Noite dos Generais”, 1967), Luchino Visconti (“Os Deuses Malditos”, 1969), John Huston (“O Homem que Queria Ser Rei”, 1975), Moustapha Akkad (“O Leão do Deserto”, 1981), Peter Weir (“Sociedade dos Poetas Mortos”, 1989).


Paris Está em Chamas? (Is Paris Burning?), 1966

Por quatro anos e meio, durante a 2ª Guerra Mundial, Paris esteve ocupada. Quando a guerra já estava perdida para a Alemanha e o avanço dos aliados para recuperar a capital francesa era inevitável, partiu um ordem do próprio Hitler (Billy Frick) para incendiar Paris totalmente, incluindo seus monumentos e museus. Entretanto o próprio comandante alemão em Paris reluta em dar esta ordem, e, os dias e momentos que se seguem são de pura tensão e cenas grandiosas de batalha, fotografia e interpretações.


Paris está em chamas? É um filme ao estilo de "O Mais Longo dos Dias". Com 165 minutos, em preto e branco, um quase documentário, é interpretado por mais de 30 atores e atrizes franceses e americanos em papéis grandes ou pequenos, mas de rápida abordagem, por conta da grande quantidade de informações que precisam ser passadas em menos de três horas de filme.

No elenco, Jean Paul Belmondo, Charles Boyer, Kirk Douglas, Leslie Caron, Alain Delon, Glenn Ford, Anthony Perkins, Orson Welles, Yves Montand, Simone Signoret, Romy Schneider, Michel Piccoli, Jean-Louis Trintignant, entre outros.

Com um orçamento de seis milhões de dólares na época, ou 80 milhões de euros, hoje, o filme também ficou marcado pela canção de Maurice Jarre, interpretada por Mireille Mathieu, "Paris en colère".




Esta obra-prima, tirada do best-seller de Lapierre e Collins aborda o período final dos quatro anos e meio, na Segunda Guerra Mundial, em que Paris esteve ocupada. Quando a batalha já estava perdida para a Alemanha e o avanço dos Aliados para recuperar a capital francesa era inevitável, partiu um ordem do próprio Hitler (Billy Frick) para incendiar Paris totalmente, incluindo seus monumentos e museus.





No entanto, o próprio comandante alemão em Paris relutou em transmitir esta ordem. O General von Choltitz era admirador das artes e preferiu negociar com a Resistência Francesa, poupando a cidade da destruição. Em poucos dias, estourou a insurreição popular, que culminou com a Batalha de Paris e a retomada triunfal da capital em 25 de agosto de 1944.


Quase meio século depois de registradas as primeiras cenas, em 15 de agosto de 1965, "Paris brûle-t-il", Paris está em chamas? - um filme cult sobre a liberação da cidade, durante a Segunda Guerra Mundial, sai, enfim, em DVD na França.

"Cada vez que eu o revejo, ouvindo Anthony Perkins ou Alain Delon pronunciar minhas frases, uma lágrima sempre sai dos meus olhos", confiou na noite de terça-feira Dominique Lapierre, durante a primeira projeção do DVD, no Museu do Exército, em Paris. 
"É uma das maiores lembranças de minha vida, não apenas profissional. Eu mesmo, ainda criança, assisti à liberação de Paris." 
"Com Larry Collins, queríamos escrever uma grande história franco-americana, ao tomarmos conhecimento de que Paris teria sido completamente destruída, em agosto de 1944. Durante três anos, pesquisamos febrilmente mais de 3.000 arquivos franceses, americanos e britânicos para descrever o dia da liberação de Paris". 

Lançado em 1964, o livro vendeu 20 milhões de exemplares, em 40 línguas. 
Lapierre recebeu logo um telefonema do produtor alemão Paul Graetz, desejoso de levar o romance às telas: "ele queria oferecer à França um testemunho de amor". 
Claude Brulé, jovem roteirista na época, trabalhou com os pesos pesados Jean Aurenche e Pierre Bost. 
Do lado americano, receberam o reforço de Gore Vidal e Francis Ford Coppola. 




CARTAZES DO FILME 





Trilha (Versão 2)Mireille Mathieu 
Is Paris Burning? - Mireille Mathieu (Maurice Jarre)





Paris Está em Chamas? (Is Paris Burning?), 1966



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
GRANDE ELENCO
Jean-Paul Belmondo - Yvon Morandat
Charles Boyer - Dr. Monod
Leslie Caron - Françoise Labé
Jean-Pierre Cassel - Tenente Henri Karcher
George Chakiris -   Soldado em um Tanque
Claude Dauphin - Lébel
Alain Delon - General Jacques Chaban-Delmas
Kirk Douglas - Gen. George Patton
Glenn Ford - Gen. Omar Bradley
Gert Fröbe - Gen. Dietrich von Choltitz
Daniel Gélin - Yves Bayet
Toni Taffin - Bernard Labe
E. G. Marshall - Oficial de Inteligência Powell
Yves Montand - Sgt. Marcel Bizien
Anthony Perkins - Sgt. Warren
Claude Rich - Gen. Jacques Léclerc
Simone Signoret - Proprietária do Café
Robert Stack - Gen. Edwin Sibert
Jean-Louis Trintignant - Capt. Serge
Pierre Vaneck - Major Roger Gallois
Marie Versini - Claire
Orson Welles - Cônsul Raoul Nordling
Bruno Cremer - Coronel Rol
Billy Frick - Hitler
Michel Piccoli - Pisani
Georges Poujouly Landrieux
Gehrard Borman - Secretário do Gen. von Choltitz
Clara Gansard - Esposa do Coronel Rol
Jean-Pierre Honoré - Alain Perpezat
Peter Jacob - General Burgdorf
Serge Rousseau - Coronel Fabien
Direção: René Clément
Roteiro: Francis Ford Coppola, Gore Vidal
Pais: França, Estados Unidos
Gênero: Drama, 2ª Guerra Mundial
Direção: René Clément
Roteiro: Francis Ford Coppola, Gore Vidal
Produção: Paul Graetz
Design Produção: Willy Holt
Música Original: Maurice Jarre
Fotografia: Marcel Grignon
Edição: Robert Lawrence
Direção de Arte: Marc Frédérix, Pierre Guffroy
Figurino: Pierre Nourry, Jean Zay

SINOPSE
Adaptação do livro escrito por Larry Collins e Dominique LaPierre, que descreve a luta dos franceses muitos pertencentes a facções de resistência para recuperar o controle da Paris ocupada pelos nazistas. O fim da Segunda Guerra se aproxima, mas a cidade está sob controle do general alemão Dietrich von Cholitz (Fröbe), pronto para atender pessoalmente às ordens de Hitler para incendiar a cidade caso os aliados se aproximem. Um belíssimo épico de guerra, com um elenco espetacular.


CURIOSIDADES
- Um dos motivos pelos quais se optou por rodar o filme em preto e branco foi a cor das bandeiras nazistas, já que as autoridades francesas não permitiram que bandeiras nazistas com as cores vermelha e preta fossem exibidas em Paris.

- Alguns dos atores franceses do elenco, entre eles Charles Boyer, Leslie Caron e Jean-Pierre Cassel, dublaram seus próprios personagens na versão em inglês do filme.

- Durante as filmagens um carteiro francês caiu de sua bicicleta ao ver um grupo de extras vestidos como soldados nazistas em pleno Champs Elysées, durante uma pausa para o almoço. O carteiro começou a correr e a gritar que "eles estavam de volta".

- Os créditos finais são exibidos a cores.




PRÊMIOS E INDICAÇÕES
Oscar, EUA
Melhor Fotografia  (Marcel Grignon)
Melhor Direção de Arte (Willy Holt, Marc Frédérix, Pierre Guffroy)

Prêmios Globo de Ouro, EUA
Prêmio de Melhor Trilha Sonora Original (Maurice Jarre )




30 de dezembro de 2014

O Bebê de Rosemary, (1968)



TRILHA ORIGINAL
Lullaby - Mia Farrow (Krysztof Komeda)
A trilha sonora merece uma resenha a parte. As vezes delicada e as vezes intensa, a trilha composta por Krysztof Komeda cria o clima certo para o filme, tocando sempre em seus melhores momentos. Tudo é propício ao medo, mas as situações só se tornam mais e mais tensas no decorrer da história. Komeda é um artista absolutamente fantástico, não só tendo composto um dos mais incríveis temas do cinema, foi com a canção de ninar do filme "Rosemary´s Baby" que ele ganhou destaque mundial (originalmente não foi composta para o cinema, a música em questão era uma canção de ninar em valsa, tema composto anteriormente ao filme que inclusive chegou a ser premiada em um festival de jazz polonês), contudo, sua carreira musical não havia começado apenas em 1968, o trompetista já possuía uma reputação e uma importância enorme para a música polonesa.


O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby) - 1968

O público contemporâneo, na maioria das vezes, se encontra refém de fórmulas de entretenimento vazio. Os filmes de terror baratos que pululam aos montes nos circuitos comerciais comprovam isso. Dotados apenas de uma série de sustos óbvios e tramas rasas, tipificam assertivamente o padrão de pensamento vigente. O instantâneo e o fugaz são guias para a apreciação de qualquer objeto. Qualquer viagem ao subjetivismo e ao aprofundamento filosófico é vista com maus olhos. É o susto e o estímulo causado por ele que contam. Entretanto, nem sempre foi assim. Ao contrário do terror físico, tão explorado na história do cinema, o terror psicológico, tão mal utilizado hoje em dia, tem exemplares que deixam no chinelo a grande parte de seus concorrentes. É o caso de O Bebê de Rosemary (1968), assinado pelo genial Roman Polanski.


Na sua estreia em Hollywood, o polonês Polanski dispôs de total liberdade para expressar seu ponto de vista sobre a obra literária de Ira Levin, base da adaptação. A história nos apresenta Rosemary (a excelente Mia Farrow) e seu marido Guy (John Cassavettes), ela uma solícita e bem intencionada dona de casa e ele um ator em ascensão, recém-instalados num novo apartamento em Nova York. Apaixonada, Rosemary confia plenamente em seu marido. Colocar em xeque suas atitudes nunca lhe passou pela cabeça. Tudo que ele faz se baseia na intenção de vê-la feliz, inclusive dar abertura para que o casal de vizinhos idosos Roman (Sidney Blackmer) e Minnie (perfeitamente interpretada por Ruth Gordon) invada por completo sua vida. Essa simples mudança de rotina dá início aos desdobramentos assustadores que a trama passara a ter. Depois de um terrível pesadelo com uma criatura demoníaca, Rosemary descobre que está grávida. O que devia ser uma notícia alegre se torna a matriz do desespero no qual a protagonista se encontrará gradativamente. Primeiro porque os devaneios lhe trazem a ideia de que está grávida do filho do diabo. Segundo porque seu marido e vizinhos podem estar envolvidos nessa possível trama macabra.


Sem pressa, Polanski constrói uma narrativa extremamente bem elaborada e amarrada, na qual todos os personagens ganham aprofundamento – na medida do necessário, já que o suspense por trás da identidade de algumas personas é deveras necessário – e relevância, sem nunca fugir do foco central: a gestação de Rosemary e o impacto disso. A presença do casal vizinho fica mais frequente ao passo que o marido se distancia por ganhar espaço no cenário artístico de Nova York, e Rosemary, por sua vez, vai se perdendo dentro de indagações. Quem realmente são essas pessoas? O que aconteceu com o homem que ela amava? Por que o bebê se tornou alvo de quase um culto dos moradores do prédio? E, assim, ela vai entrando num estado paranóico que confunde inconscientemente o espectador. A narrativa, por um lado, sugere abertamente a origem do que está em seu ventre, mas por outro o comportamento e a interação dela com os demais suscitam a dúvida. E isso é um dos maiores trunfos de Polanski: a dúvida que permeia todo o filme. É ela que faz dessa produção um dos melhores exemplares do gênero.


Você não sabe o que esperar. A sensação que antecede o susto inicia em um determinado instante e simplesmente perdura. Em cada centímetro do edifício – onde a maior parte da história se desenvolve - a impressão é que você será surpreendido por algo, a qualquer momento. Só que isso não acontece. É um excelente paralelo com a gravidez da protagonista. O pânico de ser mãe se funde com o medo transmitido ao espectador. Enquanto a criança cresce em seu útero, o terror cresce no público. Quando ela já não aguenta mais as dores de um processo que não acaba nunca, quem assiste ao filme não aguenta mais a dolorosa tensão causada pelas incertezas constantes propostas por Polanski. Você quer saber com o que ela está lidando, mas o diretor lhe traz para dentro do apartamento e o faz passar pelo medo de Rosemary. Medo não de uma criatura, de um espirito ou de um assassino como o gênero entediante nos propõe a cada ano. Mas sim o temor de não saber o que lhe aguarda. Existe algo mais assustador do que as incertezas do futuro?


Polanski consegue se aprofundar ainda mais em temas intelectualmente relevantes, fazendo do filme uma obra artística completa. Ao retratar o feliz casal de protagonistas do começo do filme e enfraquecer seu relacionamento com as mentiras contadas e os abusos cometidos, há a clara intensão de desconstruir a ideia tão popular do “sonho americano”. A desmistificação desse padrão é aplicada muito bem através da inserção de elementos ocultistas, como bruxaria e satanismo, dentro do ambiente superficialmente pintado como belo da família estadunidense. Da mesma forma que, politicamente, o roteiro ainda encontra espaço para dialogar com um tema tão em alta na década de 1960: os direitos da mulher. Jogada de um lado para o outro, arrastada pelo marido e pela vizinha, Rosemary muitas vezes se vê refém da vontade alheia, além de ter seu propósito existencial reduzido a apenas um objetivo: a maternidade. Entretanto, há a superação dessa metafórica opressão na surpreendente conclusão da história.



Sem duvidar da capacidade intelectual do público, Polanski entrega um produto desafiador e aterrorizante como poucas vezes vimos antes ou depois. Provavelmente você não ficará com o receio de ir a algum lugar escuro depois de assistir ao filme, mas com certeza ficará em estado de tensão por conta da assustadora e claustrofóbica sensação de perigo constante e iminente que a trama desperta. O Bebê de Rosemary é um dos melhores exemplos de como um filme pode representar, transgredir e se sobressair a um gênero restrito. É uma obra de arte plena e impecável, que ainda conta com uma gama de circunstâncias periféricas curiosas (a esposa do diretor ser assassinada, grávida de oito meses, pelo líder de uma seita ocultista, por exemplo) que fortalecem sua mística aterradora. Com certeza é um dos marcos do cinema hollywoodiano.




CARTAZES DO FILME 





CURIOSIDADES
Foi durante as filmagens de O Bebê de Rosemary que a atriz Mia Farrow se divorciou de seu marido, o cantor Frank Sinatra.

Originalmente, Roman Polanski queria Tuesday Weld para interpretar Rosemary e Robert Redford para o papel de Guy Woodhouse (John Cassavetes). O ator estava ocupado filmando Os Amantes do Perigo e Robert Evans preferiu Mia Farrow para viver a protagonista.

O edifício Dakota Building, localizado no bairro Upper West Side, em Manhattan, foi rebatizado como The Bramford para aparecer em O Bebê de Rosemary.

Roman Polanski é o diretor de O Bebê de Rosemary, mas antes de ele ser contratado, os produtores ofereceram o filme a Alfred Hitchcock.

Existem rumores de que Anton LaVey, fundador da Igreja de Satã, serviu como consultor técnico da produção e interpretou Satanás na cena da gravidez. No entanto, isto é falso, pois LaVey jamais teve envolvimento com o filme.

Sharon Tate faz uma ponta na cena em que Rosemary dá uma festa para seus “jovens” amigos.

- A voz da canção de abertura é de Mia Farrow.

- Roman Polanski se manteve o mais fiel possível ao livro de Ira Levin. Diálogos, esquemas de cores e até mesmo o figurino foi adaptado literalmente do que é descrito pelo autor. O diretor chegou até mesmo a perguntar a Levin qual era o número da revista New Yorker em que Guy Woodhouse vê uma camisa que quer comprar. Levin confessou que inventou esse detalhe.

William Castle comprou os direitos de adaptação do livro e levou o projeto a Robert Evans, da Paramount Pictures. Evans concordou em aprovar o filme apenas se Castle não o dirigisse. Isto devido à fama de Castle como diretor de filmes de terror de baixo orçamento. Em troca, ele concordou em fazer uma ponta como um homem próximo à cabine telefônica.

Rosemary diz a Terry Ginoffrio em certo momento: “Eu pensei que você fosse Victoria Vetri, a atriz”. Ela responde: “Todo mundo diz isto, mas eu não vejo semelhança”. Victoria Vetri é o nome verdadeiro da atriz Angela Dorian, que interpreta Terry.

De acordo com Mia Farrow, as cenas em que Rosemary caminha em frente ao tráfego de carros foram espontâneas e genuínas. Roman Polanski lhe disse: “Ninguém vai atropelar uma mulher grávida”.

Junto com Repulsa ao Sexo (1965) e Le Locataire (1976), O Bebê de Rosemary forma uma trilogia incidental de Roman Polanski sobre os horrores de se morar em apartamentos ou na cidade.

O bebê de Rosemary nasce em junho de 1966. Ou seja, 6/66.

Este foi o primeiro filme americano de Roman Polanski. Antes, ele quase dirigiu Os Amantes do Perigo (1969), mas Robert Evans, da Paramount, decidiu que O Bebê de Rosemary seria mais apropriado para Polanski.

Mia Farrow teve que comer fígado cru para uma cena do filme.

O filme, por ter como tema principal a vinda do anti-Cristo, é considerado por muitos críticos a inspiração para filmes populares como “O Exorcista” e “A profecia”, na década de 70.



A REAL MALDIÇÃO
Após o lançamento do filme, um crítico teria escrito que os vizinhos de Rosemary, se parecem com "uma pequena e reclusa seita da Califórnia". 

Até aí nada de estranho, mas o produtor William Castle começa a receber ameaças de morte, por causa do tema "anticristo" do filme. A maldição tem início em abril de 1969, quando Castle é internado em caráter de emergência, com falência renal. Na sala de cirurgia do hospital, testemunhas afirmam tê-lo ouvido delirar dizendo: "Rosemary, pelo amor de Deus, solte esta faca!". No final do filme, após descobrir a verdade, que seu filho foi resultado do ato sexual com o demônio, fato que ela acreditava ter sido apenas um sonho, pois havia sido dopada pelos vizinhos em um jantar horas antes, Rosemary aparece próxima do berço do amaldiçoado filho, com uma faca, dando a entender que pretende matar a criança.

No mesmo dia, e no mesmo hospital, estava Krysztof Komeda, compositor da trilha sonora do filme e grande amigo do diretor do mesmo, Roman Polanski, e de sua esposa, Sharom Tate. Assim como Hutch, o amigo de Rosemary, Komeda também morre por causa de um coágulo no cérebro. 

A atriz Sharon Tate era esposa de Roman Polanski estava grávida em 1969, quando foi brutalmente assassinada cerca de um ano após o lançamento do filme, em 9 de agosto de 1969, quando a casa do diretor foi invadida por quatro integrantes da Família Manson (Charles “Tex” Watson, Susan Atkins, Linda Kasabian e Patricia Krenwinke), a mando do psicopata Charles Manson. Sharon, que estava grávida de oito meses do primeiro filho do casal, foi estuprada e esquartejada pelos integrantes da seita (E reza a lenda que seu filho foi arrancado de suas entranhas e devorado pelos malucos satanistas). Além de Tate, foram mortos também Steven Parent, Abigail Folger, Wojciech Frykowski e Jay Sebring.

Anos depois, John Lennon foi morar em um apartamento no mesmo prédio em que O Bebê de Rosemary foi filmado, o Dakota Building. Lennon foi morto em 1980, nas proximidades do edifício



O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby) - 1968

SINOPSE
Talvez o melhor filme de terror já realizado, esta brilhante adaptação do romance best-seller de Ira Levin conta a história de um adorável casal novaiorquino que espera seu primeiro filho. Como a maioria das mulheres que são mães pela primeira vez, Rosemary (Mia Farrow) está confusa e receosa. Seu marido (John Cassavetes), um ambicioso mas mal sucedido ator, faz um pacto com o demônio pela promessa de vencer na carreira. O diretor Romam Polanski consegue extraordinárias interpretações de todo o elenco de astros. Ruth Gordon ganhou um Oscar® por seu papel, como uma super-solícita vizinha, neste clássico do suspense.



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Mia Farrow, John Cassavetes, 
Ruth Gordon, Sidney Blackmer, Maurice Evans, 
Ralph Bellamy, Victoria Vetri, Patsy Kelly, 
Elisha Cook Jr., Emmaline Henry, 
Charles Grodin, Phil Leeds, Hope Summers
Título no BrasilO Bebê de Rosemary
Título Original: Rosemary's Baby
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski, baseado 
em livro de Ira Levin
Produção: William Castle
Fotografia: William Fraker
Música: Krysztof Komeda
Ano e País: 1968 -  EUA
Gênero: Suspense/Drama



PRÊMIOS E INDICAÇÕES

OSCAR 1969 (EUA)
- Venceu:  Atriz Coadjuvante (Ruth Gordon).
- Indicado: Roteiro Adaptado (Roman Polanski)

BAFTA 1970 (Reino Unido)
- Indicado: Melhor Atriz (Mia Farrow)

David di Donatello 1969 (Itália)
- Venceu: Melhor Atriz Estrangeira (Mia Farrow)
- Indicado: Diretor Estrangeiro (Roman Polanski)

Globo de Ouro 1969 (EUA)
- Venceu: Atriz Coadjuvante (Ruth Gordon)
- Indicado: Atriz - Drama (Mia Frrow)
 Trilha Sonora (Krzysztof Komeda) e Roteiro (Roman Polanski)