30 de novembro de 2014

Viver por Viver, (1967)

  




TRILHA ORIGINAL
Vivre Pour Vivre - Nicole Croisille (Francis Lai)

Certamente um ano depois do lançamento do filme na Europa e EUA, penso que ele foi lançado no Brasil. Com ele, sua trilha sonora, um excepcional trabalho de Francis Lai, com um tema básico lindo, desenvolvido em diversos andamentos, além de outras músicas, algumas cantadas, uma delas por Nicole Croisille.



Viver por viver (Vivre pour Vivre) - 1967

Viver por Viver, de Claude Lelouch, de 1967, Globo de Ouro, indicado ao Oscar. Com Yves Montand, Annie Girardot e Candice Bergen. Figurino de Yves Saint Laurent e música de Francis Lai, uma delas cantada por Nicole Croisille.

Annie Girardot

Aconteceu-me algo muito interessante, muito marcante de vida, que agora divido com os leitores deste blog. O filme francês "Vivre pour Vivre" foi lançado em 1967, dirigido por Claude Lelouch. Foi uma época especial, com desdobramentos sentidos até hoje. Guerra do Vietnã, rock, revolução de costumes, moda, sexo livre, hippies, flower power. Além da assinatura de Lelouch, o elenco tem o super galã Yves Montand, a belíssima Annie Girardot e a americana Candice Bergen, no auge da beleza e juventude que fez Tom Jobim compor "Bonita", somente por vê-la dentro de um avião, ela que acabou nos braços do jornalista Tarso de Castro. Mas é outra história.

Yves Montand, Annie Girardot, Claude Lelouch
e Candice Bergen no set de filmagem.

O autor dos figurinos é ninguém menos que Yves Saint Laurent. E a música, de Francis Lai. O filme é bem romântico, onde Yves faz um repórter especial de televisão que vive viajando e mantém várias namoradas apesar de ser casado com Annie. Surge Candice e é a nova namorada. No triângulo amoroso, a esposa sai perdendo, mas a garota americana, após algum tempo, manda o jornalista adiante e este, sozinho, tenta um retorno ao lar antigo. Há cenas lindas de Paris e Amsterdam mas o que penso é que o personagem de Yves gosta mesmo é de cigarro. Durante o filme deve fumar uns trinta a quarenta, quem sabe. Annie e Candice, lindas, falam, beijam, prometem, e Yves acende cigarros. Em nossa atualidade onde fumar virou algo condenável, Yves chega a chocar de tanta fumaça e em qualquer lugar. Mas não era disso que desejava falar. 

Yves Montand e Annie Girardot

Certamente um ano depois do lançamento do filme na Europa e EUA, penso que ele foi lançado no Brasil. Com ele, sua trilha sonora, um excepcional trabalho de Francis Lai, com um tema básico lindo, desenvolvido em diversos andamentos, além de outras músicas, algumas cantadas, uma delas por Nicole Croisille. O disco apareceu em casa. Meu pai, à época, escrevia sobre discos em algum jornal. A gravadora enviou. E logo estava em nossos "pratos". Amadureci, envelheci e continuei apaixonado pela trilha. 

Candice Bergen

Anos atrás, comprei uma versão em cd, com faixas remasterizadas. O mais incrível: nunca havia assistido "Viver por Viver". Não tinha a menor idéia do roteiro do filme. Nada. Foi amor apenas pela trilha, magnífica. Pois ontem, matei a curiosidade. Sim, hoje faria retoques no roteiro, mas é representativo de época, romantico, super romantico. Gosto disso. Annie e Candice, lindas. E a música, meu Deus, que coisa linda! Quarenta e tantos anos depois, assisti, finalmente, "Viver por Viver". E vocês? Que tal? 




OUTRA VERSÃO PARA A TRILHA ORIGINAL

Vivre pour vivre - Karrin Allyson (Francis Lai)




CARTAZES DO FILME 
























Viver por viver (Vivre pour Vivre) - 1967

SINOPSE
Yves Montand é Robert Colomb, um famoso âncora de tv casado com a bela e inteligente Catherine, mas um marido infiel desde o princípio. Em mais uma de suas aventuras e trocas de amantes, ele conhece e se encanta com a jovem Candice. Ele viaja com ela para um trabalho no Kenya, e depois passa a mantê-la em Amsterdam. Ele revela seu caso a Catherine, mas apenas se cala. Quando é convocado para lutar no Vietnã, Robert termina com Candice - que aceita as condições por estar cansada do relacionamento. Retornando da guerra, ele decide voltar para Catherine, mas não fazia ideia de que ela também já tinha decidido retomar sua vida por conta própria...



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Yves Montand, Candice Bergen
Annie Girardot, Irène Tunc
Anouk Ferjac, Uta Taeger  
Título Original: Vivre pour vivre
No Brasil: Viver Por Viver
Direção:  Claude Lelouch
 Roteiro:  Claude Lelouch
Produção:  Georges Dancigers, 
Alexandre Mnouchkine
Música Original:  Francis Lai
Fotografia:  Patrice Pouget
Edição:  Claude Lelouch, Claude Barrois
Figurino: Yves Saint-Laurent
Gênero:  Drama
Origem e Ano: França/Itália - 1967




PRÊMIOS 
Festival de Cinema de Mar del Plata, Argentina
Prêmio de Melhor Atriz (Annie Girardot)

Prêmios Globo de Ouro, EUA
Prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira


INDICAÇÕES

Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA
Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra
Prêmio Anthony Asquith de Melhor Música

Prêmios Globo de Ouro, EUA
Prêmio de Melhor Canção Original (Des ronds dans l'eau)
Prêmio de Melhor Trilha Sonora Original


25 de novembro de 2014

Crown, O Magnifico (1968)






TRILHA ORIGINAL (OSCAR) 
The windmills of your mind - Noel Harrison (Michel Legrand)




Crown, o Magnífico (The Thomas Crown Affair, 1968)

Esta versão original de “The Thomas Crown Affair” que em Portugal estreou com o título de “O Grande Mestre do Crime”, converteu-se, com o tempo, em objeto de culto. Para isso contribuíram diversos fatores. Em primeiro lugar os brilhantes diálogos de um argumento bem urdido, da autoria de Alan Trustman, que sustentavam uma história de um assalto cujo móbil principal não era o dinheiro mas sim o puro prazer pessoal de quem o concebera: «it’s about me, me and the systhem», confessa o grande mestre do crime, um Steve McQueen metido na personagem inesperada de um galã romântico, mas sem nunca perder o lado cool que o tinha imortalizado nos filmes precedentes. 

Steve McQueen e Faye Dunaway

Faye Dunaway, outra das grandes atrações do filme, desempenha o papel de Vicki Anderson, uma investigadora independente, determinada a recuperar o dinheiro roubado para a seguradora, e que para tal inicia um jogo do gato e do rato com a sua presa. Eva Marie Saint foi a atriz inicialmente escolhida mas Dunaway estava no topo da fama por causa do seu recente e lendário desempenho em “Bonnie And Clyde” e não teve qualquer problema em se apropriar do papel.

Depois há a banda sonora, celeberrima. Parece que o compositor, Michel Legrand, depois de ver a versão original do filme (que durava qualquer coisa como cinco horas), tirou seis semanas de férias, durante as quais escreveu 90 minutos de música. Posteriormente a montagem final do filme foi feita com base nessa hora e meia de fundo musical, um processo inverso ao que habitualmente acontece em cinema. A canção-tema, “The Windmills of Your Mind”, viria a ganhar o Oscar e o Globo de Ouro, mas, mais importante do que isso, teria ao longo dos anos muitas dezenas de versões em todo o mundo que a tornariam imortal.

Steve McQueen

Os carros usados no filme também contribuíram para o seu sucesso. Quer o Ferrari 275 GTS Spyder Nart, conduzido por Dunaway , modelo que McQueen viria a adquirir para a sua coleção privada, quer sobretudo o beach-buggie usado nas cenas rodadas na praia e que na altura despoletou uma autêntica moda. Mas “The Thomas Crown Affair” ficaria sobretudo celebrizado como o filme do jogo de xadrez – uma sequência sem qualquer diálogo mas repleta de explícitas conotações eróticas, que provocou frissons na espinha dos espectadores e que por certo contribuiu na altura para um aumento significativo da popularidade do jogo, até então considerado essencialmente cerebral,

Para além da evidente química ente McQueen e Dunaway, o filme soma pontos também na estilizada cinematografia de Haskell Wexler, que lhe confere uma certa elegância e bom gosto, e na direção segura de Norman Jewison, que não hesita em socorrer-se da técnica do “écran repartido” (uma moda naquele final dos anos sessenta) para ilustrar algumas das sequências, nomeadamente o assalto ao banco, logo na abertura do filme.

Faye Dunaway

“The Thomas Crown Affair”, para além de ser um thriller conotado com o sub-género de “assaltos a bancos”, deve muito da popularidade ao seu lado romântico. Filmes como “How To Steal a Million”, de William Wyler (com Peter O’Toole e Audrey Hepburn) ou “Gambit”, de Ronald Neame (com Michael Caine e Shirley MacLaine), ambos realizados dois anos antes, tinham descoberto o filão. “The Thomas Crown Affair” retoma a receita mas vai um pouco mais longe ao fazer do seu herói uma espécie de ícone para os estudantes liberais das universidades daquela época: um self-made man que, mau grado pertencer também ao mundo capitalista dos negócios, se entretém a desafiar os todos poderosos senhores da banca apenas para dar algum colorido ao fastio dos seus dias.

Steve McQueen e Faye Dunaway  

Trinta anos depois, o realizador de “Die Hard”, John McTiernan, faria uma nova versão de “The Thomas Crown Affair”, com Pierce Brosnan e Rene Russo nos principais protagonistas. Curiosamente os dois filmes têm bastantes pontos em comum. O assalto ao banco é substituído pelo roubo de um valioso quadro de Monet do Metropolitan Museum e o jogo de xadrez por uma dança de conotações rituais e também adornada de uma carga libidinosa forte (sem ter contudo a original e deliciosa sensualidade da outra), mas o espírito do primeiro filme mantém-se em certa medida. Faye Dunaway tem direito a uma pequena homenagem ao desempenhar o papel de uma psiquiatra e até “The Windmills of Your Mind” se faz de novo ouvir no meio da banda sonora assinada por Bill Conti. Colocando mais ênfase na faceta romântica (por vezes exagerada através de alguma histeria de Russo em certas cenas a roçar o soft-porno) e também na insegurança psicológica do herói (algo que dificilmente colaria à figura máscula de McQueen no primeiro filme), esta nova versão fica contudo bastante aquém deste original, mesmo continuando a constituir um razoável entretenimento.
CRÉDITO DO TEXTO: ORatoCinefilo




CARTAZES DO FILME
CRÉDITOS




Crown, o Magnífico (The Thomas Crown Affair, 1968)

SINOPSE
Todo crime tem uma personalidade, algo da mente que o planejou, afimra Vicky Anderson, uma elegante investigadora de seguros disposta a solucionar um roubo a banco que surpreendeu até as mais aguçadas mentes de Boston. Brilhantemente criado pelo diretor indicado ao Oscar por Feitiço da Lua, estrelado por Steve McQueen e por Faye Dunaway, este suspense bem elaborado e realizado com profissionalismo possui a personalidade fascinante do intrigante crime que retrata. O ricaço Thomas Crown é um lobo solitário vestido com roupas finas; um homem que elabora um ousado golpe a um banco só pela emoção da empreita. Mas ele encontra alguém à sua altura quando Vicky Anderson assume o caso. Jogando um perigoso jogo de sedução, ela tenta agarrar seu homen provocando-o com a única coisa que ele não pode possuir: ela!




ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Steve McQueen, Faye Dunaway, 
Jack Weston, Yaphet Kotto, Paul Burke
Gênero: Crime, Romance
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Alan Trustman
Produção: Norman Jewison
Fotografia: Haskell Wexler
Trilha Sonora: Michel Legrand
Origem e Ano: EUA - 1968


PRÊMIOS
 Oscar: Canção original (“The Windmills of Your Mind”).
Indicação ao Oscar: Trilha sonora.
Globo de Ouro: Canção original (“The Windmills of Your Mind”).
 Indicação ao Globo de Ouro: Trilha Sonora.



CURIOSIDADES
O uso de telas divididas para mostrar ações simultâneas foi inspirado no filme avanço no Labirinto .

O filme também apresenta o famosa cena do jogo de xadrez. O diretor Norman Jewison brinda os amantes do cinema com cenas sensuais e até fortes, como a insinuação sexual enquanto Vickie e Crow jogam xadrez.

A fotografia é incomum para um filme de Hollywood main-stream, usando um modo de tela dividida de uma forma muito elegante. 

McQueen faz o seu próprio dublê (joga polo) e dirige um buggy em alta velocidade no litoral de Massachusetts. Isto é semelhante ao seu papel de protagonista no filme Bullitt , lançado alguns meses depois, em que ele dirige um Mustang em San Francisco a mais de 100 mph.

Sean Connery foi a escolha original para o papel título, mas recusou-a decisão que mais tarde se arrependeu.


- “The Windmills of Your Mind” é interpretada por Noel Harrison, filho do actor britânico Rex Harrison

- Steve McQueen considerava a personagem Thomas Crown o seu melhor desempenho no cinema

- A cena do beijo, que dura um longo minuto, levou oito horas a ser filmada, repartida por vários dias

- Em Outubro de 2010 a marca italiana Persol re-lançou o modelo de óculos escuros (“714”) usado por McQueen neste filme como parte da Steve McQueen Collection.



24 de novembro de 2014

Ennio Morricone Compõe a Mais Sublime Canção de Um Faroeste





TRILHA ORIGINAL
  Once Upon a Time in the West - Edda Dell'Orso (Ennio Morricone) 
(Claudia Cardinale na Sequência do filme)



ENNIO MORRICONE COMPÕE A MAIS SUBLIME CANÇÃO DE UM FAROESTE
Era Uma Vez no Oeste (Once Upon a Time in the West) - 1968

“Era Uma Vez no Oeste” (Once Upon a Time in the West / C’Era Uma Volta Il West) é um majestoso faroeste dirigido por Sergio Leone. Muito da beleza visual desse filme deve-se ao maestro e compositor Ennio Morricone pois como é sabido, Leone pediu a Morricone que compusesse os temas musicais do filme, o que o compositor fez a partir da leitura do roteiro e de suas conversas com o diretor. Para as sequências e personagens principais, Morricone criou composições específicas e Leone executava essas peças durante as filmagens. Isso não só ajudou os atores, mas despertou nele, diretor, uma transcendente inspiração.


Charles Bronson
Em 1968 Ennio Morricone já havia criado admiráveis e inovadoras trilhas sonoras para westerns spaghettis. Nenhuma delas, porém, atingiu a perfeição das peças musicais composta para “Era Uma Vez no Oeste”, especialmente o tema principal que tem o mesmo título do filme. Outros temas de “Era Uma Vez no Oeste” tornaram-se clássicos como “Man With Harmonica”, “Farewell to Cheyenne” e “As a Judgement”, respectivamente compostos para os personagens Harmonica, Cheyenne e Frank. A alegre canção “Bad Orchestra” mostra uma indisfarçada influência de Henry Mancini, outro grande maestro compositor que fez trilhas imortais para o cinema. “Death Rattle” é o próprio macabro caminho sonoro trilhado pela Morte. E há ainda “The Transgression”, “The First Tavern” e “The Man”, completando os momentos escolhidos para compor o extraordinário álbum de “Era Uma Vez no Oeste”. Ouve-se durante a sequência no rancho dos McBain a canção irlandesa “Danny Boy” interpretada por Simonetta Santaniello (Maureen no filme) que não faz parte do álbum.


Claudia Cardinale

As peças musicais “A Dimly Lit Room” e “Jill’s America” reutilizam o tema principal criando atmosferas igualmente dramáticas. O tema principal de “Era Uma Vez no Oeste” tem duas versões. A primeira delas quando Jill (Claudia Cardinalle) chega à estação de Flagstone, executada pela orquestra regida por Morricone e contando com as vozes do Coral Alessandroni. A segunda versão é ouvida no Finale, com destaque para a voz da soprano Edda Dell’Orso. Ambas as versões são exuberantes, mas a voz de Edda Dell’Orso torna a canção ainda mais assombrosa e ao mesmo tempo lânguida e enternecedora. Edda Dell’Orso fazia parte do grupo I Cantori Moderni, criado por Alessandro Alessandroni e participou de muitos trabalhos de Ennio Morricone para o cinema, entre eles o filme “Três Homens em Conflito”. Nesse clássico western spaghetti de 1966 a voz de Edda é ouvida na sequência em que Tuco (Eli Wallach) procura desesperadamente pelo ouro enterrado num dos túmulos.


Henry Fonda

Uma das mais belas páginas musicais do cinema, “Era Uma Vez no Oeste” foi ignorada pelo Oscar, em 1969, seja como trilha sonora musical ou como canção. Sobrevive, no entanto, esse trabalho do grande compositor Ennio Morricone aos tempos e mesmo ao gênero western, ao qual extrapola, convertendo-se num dos mais ricos momentos musicais criados para um filme.
CRÉDITO DO TEXTO: darci.fonseca/westerncinemania.blogspot



OUTRA VERSÃO PARA A TRILHA SONORA
Susanna Rigacci com Ennio Morricone e Orquestra
"Once Upon a Time in the West"




CARTAZES DO FILME






Era Uma Vez no Oeste (Once Upon a Time in the West) - 1968


SINOPSE
Jill (Claudia Cardinale) é uma ex-prostituta de New Orleans que largou a vida na cidade grande para casar com Brent McBain (Frank Wolff), um sonhador dono de uma propriedade no meio do nada, viúvo e pai de três lindas crianças. Quando Jill chega à fazenda “Água Doce”, encontra uma chacina realizada na sua nova família pela posse das terras da família, que em breve será caminho de uma importante ferrovia. Em seu caminho surge o mocinho "O Gaita" (Charles Bronson), exímio pistoleiro que tem contas a acertar com Frank (Henry Fonda). Há ainda o vilão com pinta de herói Cheyenne (Jason Robards), que apesar de assassino, age com os mocinhos para provar sua inocência no caso.


ELENCO E FICHA TÉCNICA
Elenco: Henry Fonda, Claudia Cardinale,  
Jason Robards, Charles Bronson,  
Gabriele Ferzetti, Paolo Stoppa,  Frank Wolff  
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Dario Argento,
Bernardo Bertolucci, Sergio Leone 
Gênero: Faroeste/Drama
Origem: Estados Unidos/Itália
Música: Ennio Morricone



21 de novembro de 2014

Audrey Hepburn: Tributo a uma Deusa





TRILHA ORIGINAL
Moon River - Audrey Hepburn (Henry Mancini)
Breakfast at Tiffany's (1961)



AUDREY HEPBURN: TRIBUTO A UMA DEUSA
(Texto baseado em "Bonequinha de Luxo" (Breakfast at Tiffany's)  1961)

Todos anseiam em ficar ou manterem-se ricos. É um desejo justo, e caso os meios utilizados estejam dentro de parâmetros socialmente aceitos e legais, tanto melhor.

Com Holly não era diferente. Sonhava com uma vida confortável: peles, jóias... Iguais as que não cansava de namorar na vitrine da Tiffany’s. Mas Holly não olhava somente a vitrine. Reparava atentamente em quem entrava e saia, principalmente homens, afinal, era a matéria bruta em que utilizava suas ferramentas e lapidava o status que buscava.


Audrey Hepburn (Breakfast at Tiffany's, 1961)

Na falta de outras valências competitivas para o mercado, Holly resolveu usar o que Deus lhe dera em abundância: a beleza, e assim se foi à luta catando novos horizontes, operando a profissão feminina mais antiga do mundo: a difícil vida fácil de ganhar a vida deitada.

Holly era uma prostituta, mas se no seu lugar estivesse uma Eckberg, Brigitte ou Marilyn seria moleza. Haveria de ser “tiro dado e o bugio deitado” ou “a cada enxadada uma minhoca”, por ser mais pertinente.  Mas Holly era uma Audrey; um delicadíssimo biscuit, quando muito parecia ser uma graciosa gueixa cosmopolita, com jeitinho de aluna interna do colégio das Irmãs, recém chegada do Plano Alto.

No filme Breakfast at Tiffany (o título, muito mais adequado, chegou até nós como Bonequinha de Luxo), Audrey Hepburn adota uma visão celestial, sublimada pelos Givenchy feitos com exclusividade para ela. A trilha “Moon River”, composta por Henry Mancini e rabiscos de Johnny Mercer, que leva o Oscar de melhor canção original, também foi feita especialmente para Audrey, que numa cena antológica do filme, ela que não cantava nada, canta para a posteridade sentada na janela, arranhando um violão. É um momento épico, que me ocupava as tardes e me tirava noites de sono. (“Aquilo” era namorada para casar e não ter filhos para não ter jamais de dividi-la).

No filme "Sabrina", (1954)
Audrey era uma atriz apaixonante, e em Bonequinha de luxo potencializou-se de luz pela maternidade recente. Havia se tornado mãe três meses antes do início das filmagens. Fez par com  George Peppard, na trama, ocupando o papel do frustrado escritor e bem sucedido gigolô Paul Varjak. Aliás, este rapaz entra na história apenas para embatucar os sonhos de Holly, cujos objetivos eram: fisgar um homem rico e depois tornar-se atriz.  Mas enfim, a mocinha (ou seria bandida?) acabou descobrindo que “dentro de si também morava um coração”.

Antes de Audrey, a atriz desejada para o papel foi Marilyn Monroe, que recusou porque a personagem era uma prostituta, imaginem. Depois convidaram a outra platinada e linda Kim Novak, que pelas mesmas razões da Marilyn também recusou o papel. Por fim, Audrey, que não tinha culpa no cartório aceitou, imortalizando a personagem. 

Audrey Hepburn

No início de uma época de grandes transformações nos costumes (1961, ano do lançamento do filme), a Holly, da Audrey, estabeleceu um marco de estilo, charme e elegância, virtudes válidas em qualquer situação. Como a de sua fala na cena final, ao ler o bilhete em que leva um “pé” do noivo, que desmarca o casamento: "Uma moça não pode ler esse tipo de coisa sem seu batom”.  Dizem que o tal noivo seria brasileiro, mas eu não me lembro deste fato, portanto não fui eu.

Acho que vi Bonequinha de luxo pela primeira vez quando tinha treze anos, mais espinhas na cara do que vergonha e pilhas de sonhos inviáveis na cabeça. Tenho costume de rever clássicos, mas este há muito não revejo, porque no momento ando perdendo o sono com a senhorita Maria Violante Placido. (Ah, também não sabe quem é? Melhor).

Pensei na Audrey porque dia desses um dos seus vestidinhos Givenchy foi arrematado pela bagatela de U$1,7 milhão! E por que quero apostar o meu sonho mais caro como o lance vencedor não foi oferecido por alguém do sexo feminino.  Por certo alguém mais viúvo do que eu, e digamos que com uma renda a prova de absurdos.

Que lhe dê como mortalha uma pinacoteca à altura do seu luxo, e que não lhe ocorra jamais cair em tentação de profanar um dos templos do charme da época de ouro do cinema, vestindo-o em desfile particular para algum “bofe”.

Muito mais do que uma bonequinha: Pura Classe 
e Elegância, o estilo  Audrey Hepburn.

Audrey Kathleen Ruston não foi somente o rosto incrível das telas, muito menos a bonequinha frágil que às vezes parecia ser. Foi uma grande mulher. Quando menina, estudava balé na Inglaterra até iniciar a Segunda Guerra. Com medo dos bombardeios, a família mudou-se para a Holanda, que era neutra, mas o velho Adolf não deixaria por menos e invadiu também aquele país, levando os horrores e as privações temidas.   Mais tarde, Audrey, que chegou a alimentar-se de folhas de tulipa para sobreviver, envolveu-se com a Resistência. Participava de espetáculos clandestinos de balé para arrecadar fundos e levar mensagens secretas em suas sapatilhas. Em função dos traumas, anos depois, recusaria o papel de protagonista no filme sobre AnneFrank.

Poliglota (falava fluentemente francês, italiano, inglês, neerlandês e espanhol) a partir de 1987 foi ser Embaixatriz da UNICEF em gratidão pelo auxilio que recebeu nos tempos da guerra.

 Minha querida, delicada, inesquecível e singular estrela mudou de constelação em 20 de janeiro de 93, com apenas 64 anos, deixando um vácuo chamado Singularidade, como ensina a Física, que é o coração do buraco negro.  Lá onde o tempo para e o espaço deixa de existir. Entrou em colapso gravitacional, deformando o espaço-tempo hollywoodiano, partindo cedo demais para o lugar conhecido como ponto de não-retorno.

  “Para ter lábios atraentes, diga palavras doces; para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas; para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos; para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo menos uma vez por dia; para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinho. Pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas. Lembre-se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará no final do seu braço. Ao ficarmos mais velhos, descobrimos porque temos duas mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar o próximo. A beleza de uma mulher não."





CARTAZES DO FILME 




AUDREY HEPBURN - FILMOGRAFIA
1948 - Dutch in Seven Lessons (documentário) 
1951 - Nous Irons à Monte Carlo 
1951 - Laughter in Paradise 
1951 - One Wild Oat 
1951 - O Mistério da Torre
1951 - Young Wives' Tale 
1952 - The Secret People 
1952 - Monte Carlo Baby 
1953 - A Princesa e o Plebeu 
1954 - Sabrina 
1956 - Guerra e Paz 
1957 - Cinderela em Paris 
1957 - Amor na Tarde 
1959 - A Flor Que Não Morreu 
1959 - Uma Cruz À Beira do Abismo 
1960 - O Passado Não Perdoa 
1961 - Bonequinha de Luxo 
1961 - Infâmia 
1963 - Charada 
1964 - Quando Paris Alucina 
1964 - Minha Bela Dama 
1966 - Como Roubar Um Milhão de Dólares 
1967 - Um Caminho Para Dois 
1967 - Um Clarão Nas Trevas no Brasil 
1976 - Robin e Marian 
1979 - A Herdeira 
1981 - Muito Riso e Muita Alegria 
1987 - Amor entre Ladrões 
1989 - Além da Eternidade


PRÊMIOS
Oscar
1993 - Prêmio Humanitário Jean Hersholt (homenagem póstuma)
1954 - Melhor Atriz (principal) por A princesa e o plebeu

Tony
1954 - Melhor Atriz por Ondine
1968 - Prêmio especial por sua carreira

BAFTA
1965 - Melhor Atriz por Charada
1960 - Melhor Atriz por Uma cruz à beira do abismo
1954 - Melhor Atriz por A princesa e o plebeu

Globo de Ouro
1990 - Prêmio Cecil B. DeMille pelo conjunto de sua obra
1955 - Atriz favorita do mundo
1954 - Melhor Atriz (filme dramático) por A princesa e o plebeu


Mas a atriz não inspira apenas por sua elegância e beleza exterior: “Todos sabíamos que Audrey Hepburn era um mito. Mas ela era muito mais do que isso, era um grande ser humano. Quando você estava com ela, se sentia mais bonito, melhor consigo mesmo e com suas próprias possibilidades”, afirmou o produtor Janis Blackshleger.




Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's) - 1961
SINOPSE
Holly Golightly (Audrey Hepburn) é uma garota de programa nova-iorquina que está decidida a casar-se com um milionário. Perdida entre a inocência, ambição e futilidade, ela toma seus cafés da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany`s, na intenção de fugir dos problemas. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), um jovem escritor bancado pela amante que se torna seu vizinho, com quem se envolve. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que contraria seus objetivos de tornar-se rica.


ELENCO E FICHA TÉCNICA
Elenco: Audrey Hepburn, George Peppard, 
Alan Reed, Beverly Powers, Buddy Ebsen, 
Dorothy Whitney, Martin Balsam, 
Mickey Rooney, Patricia Neal
Gênero: Comédia, Romance
Direção: Blake Edwards
Roteiro: George Axelrod
Produção: Martin Jurow, Richard Shepherd
Fotografia: Franz Planer
Música: Henry Mancini
País e Ano: USA - 1961

19 de novembro de 2014

A Primeira Noite de Um Homem, (1967)


Triste coincidência, hoje, após publicar o tópico deste post, soube  do falecimento desse grande diretor Mike Nichols, aos 83 anos, fica aqui a singela homenagem ao grande mestre - 06/11/1931 - 20/11/2014





TRILHA ORIGINAL 

The Sound of Silence - (Simon & Garfunkel)
A trilha sonora é de Simon&Garfunkel. Suas músicas pontuam e definem todos os momentos do filme. A primeira música a ser tocada é The Sound of Silence. Outra que fez muito sucesso foi Mrs. Robinson, que se encontra na 6ª posição entre as 100 melhores músicas do cinema.


A Primeira Noite de um Homem (The Graduate, 1967)

Há muito que eu queria assistir ao filme A Primeira Noite de um Homem. Sempre lia comentários acerca das interpretações dos atores, da trilha sonora, da direção eficiente de Nichols – diretor que trouxe às telas um dos filmes mais devastadores que eu conheço: Quem Tem Medo de Virginia Woolf? (1966) –, além das sempre comentadas cenas antológicas, principalmente aquele momento no começo, quando o protagonista pergunta a uma mulher mais velha – Mrs. Robinson, a que irá iniciá-lo – se ela está, afinal, tentando seduzi-lo. Se o filme fala sobre uma iniciação, não me furto a brincadeira: é também uma iniciação para o espectador que, como eu, conhecia pouco sobre o universo cômico-romântico já ofertado por esse diretor.

Katharine Ross e Dustin Hoffman

Conhecer os títulos mais dramáticos de Mike Nichols – além da obra já citada de 1966, também Silkwood – Retrato de uma Coragem (1983) e Closer – Perto Demais (2005) – e gostar deles fez com que eu o admirasse ainda mais, sobretudo por compreender a sua eficácia em dominar também o humor elogiável e o romance adequado que são misturados com equilíbrio em sua narrativa aqui. A história de Ben Braddock, rapaz recém-formado da faculdade, registra algum drama, mas é, sobretudo, na dissolução desse drama que o enredo se apresenta – o rapaz mal chega em casa e já é recepcionado por inúmeros parentes e amigos dos seus pais que há muito ele não vê e de quem pouco se lembra, todos festejando algo que ele próprio parece não entender muito bem – ele, afinal, apenas se graduou e rever tantos rostos semi-conhecidos não é de fato algo que lhe interessa agora. Uma mulher, no entanto, lhe desperta a atenção, porém não sem pouco esforço por parte dela: ela começa a seduzi-lo, a inseri-lo num mundo que até então lhe era bastante desconhecido – o do desejo e da sexualidade.

Anne Bancroft

O título que o filme recebeu no Brasil é bastante impreciso e, mais do que isso, extremamente equivocado. A vida de Ben Braddock não nos é narrada com enfoque na sua primeira vez – o que encerraria o enredo num momento bastante específico de sua jornada. O foco do filme está justamente no seu aprendizado, no modo como o jovem se transforma de rapaz ingênuo em obstinado, naquilo que ele aprende ao longo da tutoria de Mrs. Robinson, mulher que fará de sua vida um prazer e um inferno, ao mesmo tempo. A dualidade dela é bastante visível, exercendo nele um poder bastante ferrenho, criando nele uma série de dúvidas em relação à figura da mulher cuja idade se equipara à de sua mãe. Se, logo no começo, ela se despe com intensidade – seja literalmente, seja nas conversas (ela inclusive lhe conta que era alcoólatra) –, mais tarde ela se afasta dele, mantendo-se despida fisicamente, mas impedindo que seus diálogos tanjam uma intimidade mais profunda que aquilo que o sexo permite. Uma grande amostra do processo de amadurecimento do rapaz: ela o ensina a sorver o sexo sem a insegurança e o afobamento de adolescente, mas, em contrapartida, ensina-o a frieza do sexo descompromissado. Ela é, afinal, a graduação a que o título original se refere; ela é a escola da vida pela qual Ben precisava passar antes de verdadeiramente graduar-se.

Provavelmente – além da fantástica trilha sonora, a qual retomarei em breve – o que mais gosto nesse filme é da edição rápida e da câmera adotada por Nichols que sempre insere o espectador na visão do personagem. Dois momentos são fundamentais para a compreensão dos elementos que citei: primeiro quando Ben vê Mrs. Robinson nua pela primeira vez e depois quando os seus pais o obrigam a entrar na piscina vestindo traje de mergulho a fim de exibi-los – o filho e as suas habilidades – aos amigos. A primeira cena nos apresenta a perturbação de Ben ante a visão daquela nudez, tão assustadora quanto voluptuosa: não à toa, ele observa todo o corpo, a edição nos ajudando a acompanhar o furor, o desajeitamento e velocidade com a qual o rapaz lança olhadelas para Mrs. Robinson, que não hesita em perturbá-lo cada vez mais. Não fosse aquela edição fantástica, que nos permite ver exatamente o que o personagem vê – isto é, sentir o que ele sente também, compactuar com seu conflito –, decerto todo o efeito desejado se perderia. E digo o mesmo acerca das escolhas de Nichols, como no caso da segunda cena que citei: o rapaz se vê tão aprisionado naquela bobagem a que os pais o submetem que sua visão periférica se vê totalmente retalhada, restando-o apenas olhar pra frente (provavelmente devido à vergonha que sente por estar ali) e enxerga apenas através de um pequeno círculo, o que intensifica a nossa sensação de agonia e, mais uma vez, faz com que saibamos efetivamente o que o rapaz sente naquela situação.

Dustin Hoffman e Anne Bancroft

O filme potencialmente perderia seu grande charme se não fosse essa magnífica trilha sonora, que acompanha a trajetória da trama do começo ao fim, sempre apresentando canções que parecem combinar perfeitamente com aquilo que é mostrado. Sem falar, é claro, numa música especial – especialíssima –, chamada “Mrs. Robinson”, escrita por Paul Simon e exaltando todas as características que orbitam o universo próprio que Mrs. Robinson é – when you’ve got to choose, every way you look at it, you lose. E penso que nenhuma personagem da trama poderia fazer mais jus a uma música em homenagem a si do que Mrs. Robinson e isso acontece justamente porque Anne Bancroft tem uma interpretação tão magistral que ela faz com que sua personagem coadjuvante se torne protagonista da trama – seus olhares, sua postura desafiadora e inabalável, seu tom de voz sedutor, seu humor aristocrático, sua beleza que, fugindo do fulgor da juventude, parece se reafirmar ainda mais na segurança da meia-idade. Linda, inesquecível! Tão potente é a interpretação de Bancroft que nem mesmo reparamos em Dustin Hoffman, o verdadeiro protagonista do longa-metragem, quando ele e ela dividem cenas. Um dos melhores momentos da trama, a meu ver, no que concerne à realização de Nichols, acontece na primeira noite de Ben. O embate entre os personagens é maravilhoso, mostrando a dicotomia das experiências de mundo dos dois: ele, ingênuo, afoito, agarra-lhe o seio enquanto ela se despe tranquilamente; depois, na crise de consciência que ele tem, advinda também por causa de sua insegurança – embora ele não revele a ela, aquela é, afinal, sua primeira vez –, os dois dialogam rapidamente antes de, por fim, transarem. Não vemos a cena, mas tudo o que a antecede é justamente um delicioso prólogo de extremo bom gosto estético para aquilo que nossa mente irá criar logo em seguida.

Katharine Ross

É evidente que a direção de Mike Nichols não se sustenta por si só, nem é a trilha sonora apenas que garante a total atenção do espectador. Anne Bancroft, a alma do filme, decerto seria diminuída não fosse o roteiro que lhe favorece, bem como favorece a Hoffman e a Katharine Ross – linda! –, que interpreta a filha de Mrs. Robinson, com quem Ben Braddock evidentemente acabará envolvido, o que acrescenta tom dramático à fita. O filme funciona como um todo, uma série de elementos muito bem posicionados e usados em prol do resultado final, que se mostra extremamente valoroso. Não se trata de uma obra vazia que discute as relações sexuais de um jovem, mas uma produção que, nas suas proporções, apresenta propostas ontológicas, percorrendo o reconhecimento de um rapaz que primeiro se vê sem propósito para, gradualmente – the graduate – compreender aquilo de que verdadeiramente gosta e pelo que vale lutar. E não vejo como o filme possa abster-se de uma abordagem sociológica: para mim, ele parece percorrer bastante as metáforas que se fazem úteis ao longo de toda a trama, num roteiro que claramente apresenta a juventude em oposição àquilo que os mais velhos apregoam, e não é apenas o final do filme que mostra isso com clareza – ao longo de toda a obra podemos ver a distinção entre os jovens – Ben Braddock, Elaine Robinson, Carl Smith – e seus pais, sempre indicados pela omissão do primeiro nome, dando-lhes um caráter mais formal – Mr. e Mrs. Braddock, Mr. e Mrs. Robinson e Mr. e Mrs. Smith. O filme se registra como uma excelente obra, havendo nela relevância cinematográfica para que perdure por muitos anos como um título inesquecível, tanto pelo seu conteúdo em si quanto pelo modo como ele foi concebido – The Graduate, afinal, é um dos precursores do movimento artístico que se denominaria New Hollywood e que consagraria grandes outros títulos, como Sem Destino (1969), Cada um Vive como Quer (1970), O Exorcista (1973) e Taxi Driver (1976), só para citar alguns.



TRILHA ORIGINAL 2
Mrs. Robinson - (Simon & Garfunkel)
Mrs. Robinson, a canção de Simon & Garfunkel se tornou uma referência quando o assunto são trilhas de destaque. Quando foi lançada como single em 1968, chegou ao primeiro lugar da parada Billboard Hot 100, nos Estados Unidos, e ainda ajudou a dupla a ganhar o Grammy de Melhor Disco do Ano, em 1969. A faixa estava sendo composta por Simon para contar a história de Mrs. Roosevelt e a princípio não tinha nada a ver com a produção. Mas acabou se adaptando para se tornar o hino da Mrs. Robinson de Bancroft.

CARTAZES DO FILME 
CRÉDITO


















CURIOSIDADES
• Hoffman foi datilógrafo, zelador, garçom e vendedor de brinquedos. Alega que viveu abaixo da linha oficial da pobreza até os 31 anos. O sucesso de A Primeira Noite de Um Homem transformou sua carreira. Recebeu, inclusive, uma indicação ao Oscar. Anos depois ganhou o Oscar por sua participação em Kramer versus Kramer e Rain Man.

• Anne Bancroft recebeu a terceira indicação ao Oscar por sua atuação em A Primeira Noite de Um Homem. Ela quase recusou o papel, pois alguns amigos tentaram convencê-la de que a personagem era perigosa. Ela acabou imortalizada como Mrs. Robinson. Sua personagem foi o ponto alto do filme.

• Katharine Ross (Elaine) foi a professora de Butch Cassidy. Ela é hoje escritora de livros infantis.

• A trilha sonora é de Simon&Garfunkel. Suas músicas pontuam e definem todos os momentos do filme. A primeira música a ser tocada é The Sound of Silence. Outra que fez muito sucesso foi Mrs. Robinson, que se encontra na 6ª posição entre as 100 melhores músicas do cinema.

• Dizem que Doris Day rejeitou o papel de Mrs. Robinson alegando: – Isso ofende os meus valores morais.

• Robert Redford não foi escolhido porque não passava a imagem de um bobinho que nunca houvesse dado bem com uma garota.

• A perna que aparece nos cartazes promocionais do filme não pertence a Anne Bancroft, e sim a uma então desconhecida modelo, Linda Gray.

• Apesar de no filme parecer bem mais velha, na época das filmagens a atriz Anne Bancroft tinha 37 anos, apenas seis a mais que Dustin Hoffman.

• O carro utilizado por Dustin Hoffman, um Alfa Romeo Spider, teve com o sucesso do filme uma série especial nos Estados Unidos chamado de The Graduate (nome do filme em inglês).

• O sucesso do filme transformou a carreira de Dustin Hoffman e abriu as portas para todos os atores étnicos de Nova Iorque.

• Na época em que o filme concorreu ao Oscar, a competição configurava-se como: A Nova Hollywood com Bonnie e Clyde e A Primeira Noite de um Homem contra a Velha Hollywood com No Calor da Noite e Advinhe Quem Vem para Jantar.

• Em 2005, a Warner Bros. Pictures lançou o filme Dizem por aí…, que conta a história de A Primeira Noite de um Homem como se fosse verdadeira, através da personagem Sarah Huttinger (Jennifer Aniston) que acredita que sua família seja os Robinson de Pasadena descritos no livro de Charles Webb e no filme de Mike Nichols.



A Primeira Noite de um Homem (The Graduate) - 1967

SINOPSE
Benjamin Braddock acaba de retornar formado da faculdade. Meio perdido na vida, é seduzido pela mulher do melhor amigo de seu pai, bem mais velha. Não resistindo à tentação, Benjamin começa a viver a vida de uma maneira diferente do que seus pais desejavam, mas é a filha de Mrs. Robinson quem rouba o coração do rapaz. O filme prima pela sua trilha sonora e lança um certo Dustin Hoffman para o mundo. Oscar de Melhor Direção.



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Título Original: The Graduate
Elenco: Dustin Hoffman, Anne Bancroft, 
Katharine Ross, William Daniels, 
Murray Hamilton, Elizabeth Wilson, Brian Avery.
Diretor: Mike Nichols.
Produção: Mike Nichols e Lawrence Turman
Fotografia: Robert Surtees
Música: Dave Grusin e Paul Simon
Roteiro: Calder Willingham, Buck Henry.
Origem e Ano: EUA - 1967



PRÊMIOS
Oscar 1968 (EUA)
    Vencedor na categoria de melhor direção (Mike Nichols)
    Indicado nas categorias de melhor ator (Dustin Hoffman), melhor atriz (Anne Bancroft), melhor atriz coadjuvante (Katharine Ross), melhor filme, melhor fotografia e melhor roteiro adaptado.


Globo de Ouro 1968 (EUA)
    Vencedor nas categorias de melhor filme para cinema - comédia/musical, melhor atriz de cinema - comédia/musical (Anne Bancroft), melhor diretor de cinema - comédia/musical (Mike Nichols), melhor atriz estreante (Katharine Ross) e melhor ator estreante (Dustin Hoffman).

Grammy 1968 (EUA)
    Vencedores: Dave Grusin e Paul Simon na categoria de melhor trilha sonora original escrita para cinema/TV/mídia. Título: The Graduate. Artistas: Simon and Garfunkel.

BAFTA 1969 (Reino Unido)
    Vencedor na categoria de melhor direção, melhor filme, melhor edição, melhor ator estreante (Dustin Hoffman), melhor roteiro.
    Indicado nas categorias de melhor atriz (Anne Bancroft) e melhor atriz estreante (Katharine Ross).