23 de dezembro de 2014

Blade Runner - O Caçador de Andróides, (1982)





TRILHA ORIGINAL
Love Theme (Vangelis)

O tema composto para o casal é uma das mais lindas e inebriantes músicas de amor compostas para cinema, com uma delicada melodia feita no saxofone – O sax da canção faz um bom contraponto com o resto de toda a trilha do filme, que tem bases predominantemente eletrônicas.




Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner), 1982  

A pós-modernidade chega às telas
Em 1982, ano em que Blade Runner foi lançado em nossos cinemas, eu estava tão envolvido com o estudo do sexo oposto que nem tomei conhecimento do filme. Com 12 anos de idade, Sessão da Tarde, filmes de terror e revistas de sacanagem me interessavam muito mais que qualquer estética cinematográfica revolucionária. Então, só muitos anos depois, numa reapresentação, é que fui, já na condição de cinéfilo, assistir a Caçador de Andróides na telona. E o que senti naquela poltrona do velho cinema é indescritível.


Daryl Hannah

A primeira cena do filme já é acachapante: uma torre cuspindo fogo no céu escuro de uma cidade fria, caótica e futurista, com a bela, forte e perturbadora música de Vangelis ao fundo. Ao fundo nada: a música do grego Vangelis, que está em todo o filme, aparece muitas vezes em “primeiro plano”, transcendendo à cena em si. A cidade de Los Angeles do futuro, com seus prédios piramidais, seus veículos voadores, feita em maquetes, soa mais real que estas animações feitas com uso de computação gráfica de hoje em dia – uma maquete é tridimensional naturalmente e sua presença física é um fato, diferentemente de alguns efeitos cansativos de computador, que quase nunca conseguem um realismo convincente.




Falar da estética de Blade Runner – Caçador de Andróides é pôr lenha em um tema que serve a várias teses, dado o tamanho da riqueza visual e sonora exposta naquele trabalho. Contudo, som e imagem é pouco. Tudo em Blade Runner serve como material de estudo. O filme propõe um estudo sobre a contraluz na fotografia de cinema. Se quisermos uma síntese do cinema noir, ali está. Se quisermos um estudo sobre a presença do anti-herói no cinema; se o caso for estudar a possibilidade do estabelecimento do caos nas sociedades do futuro; ou a revolução das máquinas – como só no primeiro Matrix se fez algo de bom nível – ; se o assunto for a própria pós-modernidade; se pretende-se fazer um estudo sobre a morte e a imortalidade, o que, pra mim, são os temas centrais do filme...   Enfim, Blade Runner é um “filme-estudo”.


Rutger Hauer

O autor da estória de Caçador de Andróides é o falecido escritor Phillip K. Dick, criador também das narrativas filmadas em Total Recall, de Paul Verhoeven, e em Minority Report, de Steven Spielberg. Mas o pioneiro em filmar Phillip Dick foi mesmo o irregular cineasta Ridley Scott, que tem em seu currículo um outro marco da ficção-científica, que é Alien, o Oitavo Passageiro, além do mega-sucesso Gladiador. Contudo, é indiscutível que o ponto alto de Ridley Scott foi mesmo Blade Runner. Foi naquele momento que o criativo, produtivo e injustiçado autor de ficção-científica, Dick, foi revelado ao mundo em sua primeira e mais contundente adaptação para o cinema, através da lente caótica de Scott.




A trama de Blade Runner não é complexa, ao contrário do que alguns pensaram. Um “caçador de andróides” é contratado para encontrar e exterminar um grupo de replicantes (como são chamados os andróides do filme) que fugiram de uma colônia, numa rebelião. Em sua caçada, ele, o detetive Deckard – vivido por Harison Ford –, faz uma imersão na L.A. abandonada, úmida e marginal do futuro. Num futuro em que só as classes menos favorecidas habitam a Terra. As pessoas com poder aquisitivo iriam morar em marte. No percurso, apaixona-se pela replicante Rachel (Sean Young). O tema composto para o casal é uma das mais lindas e inebriantes músicas de amor compostas para cinema, com uma delicada melodia feita no saxofon. O sax da canção faz um bom contraponto com o resto de toda a trilha do filme, que tem bases predominantemente eletrônicas. Aliás, o contraste é a tônica de toda a obra. O contraste relativizando bem e mal é um exemplo disso: os vilões do filme – no caso os andróides – parecem mais humanos que as pessoas de verdade.


Harrison Ford

Estava em Blade Runner a materialização da chegada da pós-modernidade ao cinema americano, onde – ao contrário do que se propunha com aquela “Era Reagan”, com os seus “Rambos” – o maniqueísmo foi descartado sem receios, primando-se o questionamento.



CARTAZES DO FILME 
CRÉDITO


CURIOSIDADES

Sendo inicialmente mal recebido nas salas de cinema, cedo se tornou claro que a partir do filme é possível obter múltiplas leituras filosóficas ou religiosas sobre temas recorrentes: quem somos? de onde viemos? para onde vamos? o que nos torna humanos? Esta atração, bem como o impacto visual de uma atmosfera cyberpunk tipo filme noir, associada à música de Vangelis, cedo fizeram de Blade Runner um filme cult, tendo sido um dos primeiros a serem editados em DVD.

Em julho de 2000, Ridley Scott declarou, em entrevista à televisão britânica, que o personagem Deckard também era um replicante.

O filme teve problemas com os produtores, que teriam alterado a edição final e obrigado Harrison Ford a fazer uma narração de última hora para melhor explicar o enredo, considerado muito complicado para o público.

Anos depois, o diretor Scott relançaria o filme com a sua versão, a chamada "versão do diretor", esta versão tem novas cenas, que foram cortadas, e retira a narração incluída na primeira versão.

O cenário do Hades que abre o filme foi filmado utilizando a técnica de perspectiva forçada. A maquete que reproduzia o Hades tinha menos de 10m de profundidade por 15m de largura. Cerca de 10km de fibra óptica e mais de 2000 microlâmpadas foram utilizadas para iluminá-lo para as cenas aéreas.

Toda uma metrópole miniaturizada, criada em perspectiva - A perspectiva da cidade, que aparece logo de início, foi filmada utilizando a mesma técnica que a ILM de George Lucas usou para filmar as sequências na superfície da Estrela da Morte em Star Wars. Pura magia!; 

O diretor de fotografia Jordan Cronenweth trabalhou durante toda a filmagem já sofrendo de um estado avançado de Parkinson. Os atrasos e atritos durante a produção foram tão desgastantes que ele terminou as filmagens em uma cadeira de rodas.

Harrison Ford e Sean Young, um amor improvável - Na cena em que Rachel é empurrada por Deckard, a cara que ela fez de dor, é real. Sean Young disse que Harrison Ford a empurrou forte demais e ficou na bronca com ele. O set de filmagem de Blade Runner não foi um dos mais amigáveis; 

Blade Runner concorreu a dois Oscar, os quais foram perdidos para "Gandhi " (o de direção de arte) e " ET - O Extraterrestre" (o de efeitos visuais).

A replicante Zhora, que é interpretada pela atriz Joanna Cassidy, estava bem a vontade com a cobra, pois esta era sua própria cobra de estimação, uma piton chamada de Darling. 



Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner), 1982 
SINOPSE
No início do século XXI, uma grande corporação desenvolve um robô que é mais forte e ágil que o ser humano e se equiparando em inteligência. São conhecidos como replicantes e utilizados como escravos na colonização e exploração de outros planetas. Mas, quando um grupo dos robôs mais evoluídos provoca um motim, em uma colônia fora da Terra, este incidente faz os replicantes serem considerados ilegais na Terra, sob pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite, conhecidos como Blade Runner, têm ordem de atirar para matar em replicantes encontrados na Terra, mas tal ato não é chamado de execução e sim de remoção. Até que, em novembro de 2019, em Los Angeles, quando cinco replicantes chegam à Terra, um ex-Blade Runner (Harrison Ford) é encarregado de caçá-los. 

ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, 
Sean Young, Daryl Hannah, 
M. Emmet Walsh, William Sanderson, 
Brion James, Edward James Olmos, 
Joanna Cassidy, James Hong. 
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Hampton Francher e David Webb Peoples
Gênero: Ficção/Fantasia/Suspense 
Fotografia: Jordan Cronenweth 
Direção de Arte: David L. Snyder
Música: Vangelis
País de Origem e Ano: EUA - 1982





15 de dezembro de 2014

Os Pássaros, (1963)





OS PÁSSAROS (THE BIRDS) -1963

Há muitas obras de Alfred Hitchcock que comprovam o talento inegável do cineasta inglês, mas Os Pássaros (1963) é a que, provavelmente, mais ateste sua alcunha de “mestre do suspense”. Lançado três anos após o unânime sucesso Psicose (considerado por muitos a sua obra-prima), Os Pássaros é uma espécie de cartão de visita para os que querem conhecer o trabalho do diretor, se revelando um filme que vai muito alem do tradicional suspense.


Estrelada por Tippi Hedren e Rod Taylor, a trama de Os Pássaros é, relativamente, simples. Uma jovem rica vai até a pequena e isolada cidade de Bodega Bay, na Califórnia, a procura de um rapaz por quem se interessara em São Francisco. Ao chegar à pacata região, ela não apenas se aproxima do homem e sua família, mas presencia também um fato bastante incomum: pássaros das mais variadas espécies começam a atacar a população, causando pânico nos moradores locais.


Para o espectador que lê uma sinopse superficial como esta, é possível que Os Pássaros se aproxime muito mais de um “terror” do que necessariamente um “suspense”. Obviamente, esses dois gêneros são bastante próximos, mas não são iguais. Definitivamente, Os Pássarosé um filme que não “assusta”, no sentido próprio da palavra – mas incomoda, causa desconforto, agonia e faz com que o público se contorça na cadeira com suas sequências aterrorizantes de perseguição e ataque. Isso só é possível por conta do ótimo roteiro de Daphne Du Maurier e Evan Hunter, que mantém um equilíbrio ao oscilar cenas de ação com períodos mais calmos (mas não menos estimulantes, como os diálogos que ajudam a construir a história e estender o pânico causado nas sequências de histeria).


Do ponto de vista técnico, Os Pássaros é ainda mais surpreendente – afinal, como levar às telas de cinema, no início da década de 60, a história de uma cidade atacada por pássaros ferozes? Há inúmeros boatos que envolvem esta produção – mas sabe-se que Hitchcock teria contratado uma equipe especial para treinar as aves para o ataque (inclusive, Hitchcock, devido a problemas com a protagonista, não teria dito o tradicional “Corta!” durante a gravação de uma cena em que a personagem de Tippi é atacada pelos animais – o que teria custado à moça alguns dias no hospital). Em muitos momentos, as aves eram filmadas (em alguns deles, réplicas foram utilizadas, inevitavelmente) e as imagens eram sobrepostas a outras películas, criando três camadas na tela. Em uma cena, por exemplo, Tippi está dentro de uma cabine telefônica (1ª camada), enquanto pássaros sobrevoam o local (2ª camada) em plena luz do dia (3ª camada) – na verdade, foi usada uma pintura a óleo para tal paisagem. Essas três camadas sobrepostas, em tela, ficam tão bem sincronizadas que o espectador quase chega a acreditar que o cenário é totalmente real. Mais um ótimo aspecto técnico a ser mencionado é a maquiagem utilizada, que para a época era de uma realidade fora do comum. Conta-se que Tippi até mesmo teria vomitado ao se olhar no espelho quando maquiada para uma cena em que era atacada tamanha a qualidade da técnica (nem mencionei o homem que é morto pelas criaturas ferozes e tem os olhos arrancados da cabeça – algo que impressiona em um filme da década de 60).


Outro ponto que merece um destaque especial é a total ausência de trilha sonora. Se emPsicose a música de Bernard Hermann é essencial para criar todo o clima de terror da trama, em Os Pássaros o silêncio musical predomina. Ou melhor, ele é crucial para as sequências de ataque. A edição e mixagem de som é uma das mais primorosas experiências já vista no cinema, transmitindo toda a tensão indispensável à história. Os gorjeios dos animais e seus bicos em contato com a madeira causam uma aflição pungente em quem assiste. Não há músicas nos créditos iniciais ou finais, somente ruídos dos pássaros enquanto a narrativa se desenrola. Em compensação, o suspense não diminui: cada cena, por si, é importante para o bom desenvolvimento da história e seus personagens – interpretados de forma competente por um elenco sem grandes notoriedades. Os Pássaros também foi um dos primeiros filmes a abandonar o clássico “the end” ao final de sua exibição: aqui, a imagem simplesmente esmaece enquanto nossos personagens saem da cidade (o que deixa uma sensação de “o que virá depois?” que nunca vem e faz com que o suspense aumente).


Mas se engana quem assiste a este clássico apenas como um suspense comum. Ao longo de suas duas horas, Os Pássaros é um filme com certo teor “apocalíptico”, que concentra seu foco não em explicar a origem dos eventos, mas simplesmente no caos. Sim, Os Pássaros é caos puro – e este estado é imprescindível para que Hitchcock possa alcançar o que tanto deseja: criticar o homem e seu convívio com as demais espécies. As aves aparentemente não tem nenhum motivo para atacar quem quer que seja, assim como os homens – mas elas o fazem. Alguns personagens, em certo momento, acreditam que seja algum tipo de “vingança”, mas Hitchcock não perde seu tempo levantando teorias a respeito. Com uma técnica impressionante para o ano em que foi lançado, Os Pássaros talvez hoje possa não causar um impacto tão forte como na época. Em uma Hollywood que aposta cada vez mais alto em efeitos especiais mirabolantes, talvez tampouco seria tão assustador se refilmado com uma tecnologia mais atual. O brilhantismo desta obra está em sua simplicidade, criatividade e, principalmente, na forma genial como Hitchcock consegue contar sua história explorando o medo humano e sua fragilidade diante do caos.








CURIOSIDADES

- Hitchcock viu pela primeira vez Tippi Hedren num filme publicitário sobre uma bebida dietética. Nesse filme Tippi volta-se sedutoramente ao ouvir um assobio, situação recriada por Hitch (como uma private joke) logo no início do filme, imediatamente antes da sua clássica aparição, ao sair da loja de pássaros com dois cães terriers – companheiros inseparáveis do realizador duranta a rodagem do filme. 

- O carro que Tippi Hedren conduz é um Aston Martin DB2/4 Coupé. 

- A sequência do ataque dos pássaros no sótão da casa levou uma semana a ser rodada e originou o internamente de Tippi Hedren numa unidade hospitalar devido a um esgotamento da actriz. 

- “The Birds” não acaba com o então habitual “The End” porque Hitchcock queria deixar no ar a ideia de que a ameaça dos pássaros não acabava com o final do filme. 

- Melanie Griffith, filha de Tippi Hedren, encontrava-se quase sempre presente durante a rodagem do filme. Um dia Hitchcock ofereceu-lhe uma boneca que era uma réplica perfeita da mãe, dentro de uma caixa de madeira, que a garota julgou tratar-se de um pequeno caixão. 

- Segundo Hitchcock o filme contém 371 efeitos especiais, 32 dos quais foram usados na sequência final. 

- A escola usada no filme é a Potter Schoolhouse, que esteve activa entre 1873 e 1961, ou seja, já se encontrava encerrada quando o filme foi rodado. Hoje o edifício é uma residência privada. 

- Em todos os planos onde se vêm aglomerações de pássaros, grande parte deles não são verdadeiros. Veronica Cartwright lembra-se de ter questionado Hitchcock na altura se os espectadores não iriam notar a imobilidade desses bonecos. O velho mestre respondeu-lhe lapidarmente: «o Cinema é ilusão, minha querida. Basta verem alguns deles mexerem-se para acreditarem que todos os outros estão vivos também». 

- Quando o filme foi rodado, a estação de serviço frente ao restaurante Tides não existia, pelo que teve de ser implantada para se filmar a sequência do incêndio. Mais tarde, e dado o grande sucesso do filme, uma nova estação de serviço foi construída no local, a qual se mantém até aos dias de hoje.



OS PÁSSAROS (THE BIRDS) -1963
SINOPSE

Melanie Daniels (Tippi Hedren) é uma bela e rica socialite que sempre vai atrás do que quer. Um dia ela conhece o advogado Mitch Brenner (Rod Taylor) em um pet shop e fica interessada nele. Após o encontro ela decide procurá-lo em sua cidade. Ela dirige por uma hora até a pacata cidade de Bodega Bay, na Califórnia, onde Mitch costuma passar os finais de semana. Entretanto, Melaine só não sabia que iria vivenciar algo assustador: milhares de pássaros se instalaram na localidade e começam a atacar as pessoas. 




CENA DO FILME 
(Ataque na cabine telefônica)




ELENCO E FICHA TÉCNICA 

Elenco: Rod Taylor, Tippi Hedren,
Suzanne Pleshette, Jessica Tandy,
Veronica Cartwright
Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Evan Hunter, Daphne Du Maurier (história)
Produção: Alfred Hitchcock (não creditado)
Nacionalidade e Ano: EUA - 1963 
Gênero: Suspense, Terror
Fotografia: Robert Burks

13 de dezembro de 2014

Três Homens em Conflito / O Bom, O Mau e O Feio, (1966)





TRILHA ORIGINAL
The Good, the Bad and the Ugly (Ennio Morricone)
Ouçamos ainda Leone sobre a utilização da música de Morricone: "Também desejava que a música raiasse o barroco, que não se limitasse à repetição entrecruzada do tema de cada personagem. Por vezes fazia tocar a música no local das filmagens. Isso criava a atmosfera da cena, influenciando a representação dos actores. Clint Eastwood gostava muito deste método."



Três Homens em Conflito (The Good, the Bad and the Ugly) 1966

Na arena implantada no centro de um cemitério, Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach afastam-se lentamente para a periferia do círculo. É o início do trielo final de “Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo”, o momento crucial das grandes decisões, o apogeu do estilo de Leone. Progressivamente a câmara vai-nos dando planos dos três homens enquanto a música de Morricone confere às imagens um sentido coreográfico. Os sucessivos close-ups vão perscrutando tudo, até aos mais ínfimos pormenores: o levantar de uma sobrancelha, o piscar de um olho, o retrair de um dedo, a passagem de uma língua por uns lábios secos. A teatralização da realização passa por uma descrição fetichista das posturas e um alongamento temporal da situação até ao seu rápido desenlace. 

Clint Eastwood
Sergio Leone, para infelicidade de todos os seus fans, apenas assinou a realização de 7 filmes na sua meteórica carreira. Mas esses sete magníficos ficarão para sempre com um lugar cativo na história do Cinema. Este “Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo” é o quarto, o do meio da balança, e o capítulo final daquela que ficou conhecida como a trilogia dos dólares (“Per Un Pugno Di Dollari / Por Um Punhado de Dólares” em 1964 e “Per Qualche Dollari in Più / Por Mais Alguns Dólares” em 1965, foram os dois primeiros). O êxito europeu desses primeiros filmes desperta o interesse de Hollywood e a United Artists resolve financiar Leone com um orçamento de mais de um milhão de dólares, antecipando já a estreia conjunta dos três filmes nos Estados Unidos (o que viria a acontecer entre Fevereiro de 67 e Janeiro de 68). Muito ao estilo americano o herói dos três filmes é batizado de “The Man With No Name” (certamente por causa da campa sem nome no final do último filme), mas sobretudo é o nome de Clint Eastwood que é projetado para o estrelato. Foi o primeiro personagem que no imaginário coletivo se tornou sinonimo do ator norte-americano. O segundo viria alguns anos depois, em 1971, quando Don Siegel deu vida pela primeira vez ao inspector Harry Callahan.

Lee Van Cleef 

Muito provavelmente pelo desafogo econômico que Hollywood lhe concedeu Leone, para além de se preocupar em manter a continuidade do estilo patenteado nos dois filmes anteriores, tenta inovar e aperfeiçoar esse mesmo estilo. A ambição é agora muito maior e ganha forma no cruzamento entre duas histórias (a dos três protagonistas e a da Guerra da Secessão) que, aos poucos, se irão unir, antes de se fundirem na sequência final do cemitério. Ao fim e ao cabo é a própria Guerra da Secessão que Leone utiliza para aprimorar as suas personagens, ao mesmo tempo que denuncia o cinismo absurdo dos senhores da guerra que, de olhos cravados em cartas militares, enviam milhares de homens para a frente de batalha.

Leone mantém com a guerra uma relação contrária à que tem com o western. Glorifica os personagens deste seu gênero predileto mas desmistifica o heroísmo guerreiro. O capitão nortista (Aldo Giuffrè), responsável por manter uma posição inútil explica a Tuco e a Blondie o que deve fazer um bom estratega, mostrando por que motivo a garrafa de whisky é a melhor arma do soldado.

Eli Wallach

Desde muito cedo que o cemitério de Sad Hill se equaciona como o final da jornada para os três homens. Mas entre o momento em que descobrimos que o espólio está lá enterrado e o momento em que, finalmente, lá chegamos, o significado do cemitério foi alterado no nosso pensamento. O filme encarregou-se de nos lembrar que, num cemitério, há mais cadáveres de soldados mortos do que tesouros enterrados. «A ideia de arena era central», explica Leone: «uma ideia mórbida já que eram os mortos que viam o espetáculo. Fiz mesmo questão de que a música fizesse lembrar o riso dos cadáveres, no interior dos túmulos»

E Leone conclui: «Mesmo antes da sequência da arena imaginei a cena onde Clint encontra o poncho perto do jovem sulista em agonia. E fiz com que o vestisse. É o mesmo poncho que traz nos dois primeiros filmes. Posteriormente, quando liberta Tuco, afasta-se com este poncho. Vai ao encontro das aventuras anteriores. Vai para o Sul, para viver as histórias dos outros filmes. E o círculo fecha-se. A trilogia funciona num círculo fechado»


Ouçamos ainda Leone sobre a utilização da música de Morricone em “Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo”: «A música tinha uma importância permanente nesse filme. Podia ser o próprio elemento de uma ação. É o caso da sequência do campo de concentração. Uma orquestra de prisioneiros que tem de tocar para abafar os gritos dos torturados. Por vezes tinha de acompanhar as quebras de ritmo, como a chegada da carroça-fantasma, no deserto. Também desejava que a música raiasse o barroco, que não se limitasse à repetição entrecruzada do tema de cada personagem. Por vezes fazia tocar a música no local das filmagens. Isso criava a atmosfera da cena, influenciando a representação dos actores. Clint Eastwood gostava muito deste método.» Uma vez mais os gênios de Leone e Morricone se misturaram, ao ponto de não conseguirmos dizer onde acaba a música e começa o filme e vice-versa. O tema principal evoca de imediato o nome do filme, mesmo a quem nunca o tenha visto. A cena em que Tuco corre à volta do cemitério ao som de “Ecstacy of Gold” é pura poesia. E o duelo final, a seis mãos, é orquestrado de modo sublime.


É com “Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo” e “C’era Una Volta Il West”, realizado dois anos depois, que a reputação de Leone atravessa todas as fronteiras, afirmando-o como uma lenda cinematográfica. Nestas duas obras reescrevem-se as regras do western, a sua mitologia e todos os seus códigos são reavaliados. E ao mesmo tempo reconciliam o grande público com o cinema de autor. Lembre-se a propósito o que escreveu o jornalista Baptista-Bastos: «A grande aventura cultural de Sergio Leone não surge, isoladamente, da perspectiva histórica: nela se insere e fortalece. Não há “cinema-Spaghetti”, como não há “cinema-sardinha assada”. Há expressões culturais que se definem pela sua grandeza, pela sua audácia e pelo impulso que dão a outras relações humanas, portanto política, portanto sociais. Leone pertence a essa história. À nossa história»



TRILHA ORIGINAL2
The Ecstasy Of Gold (Ennio Morricone)
Uma vez mais os gênios de Leone e Morricone se misturaram, ao ponto de não conseguirmos dizer onde acaba a música e começa o filme e vice-versa. O tema principal evoca de imediato o nome do filme, mesmo a quem nunca o tenha visto. A cena em que Tuco corre à volta do cemitério ao som de “Ecstacy of Gold” é pura poesia. E o duelo final, a seis mãos, é orquestrado de modo sublime.

The Ecstasy Of Gold 
Susanna Rigacci com Ennio Morricone e Orquestra




CURIOSIDADES

- O filme foi rodado na Itália e Espanha e tirando os atores principais ninguém mais falava inglês, os restantes intervenientes expremiam-se nas línguas de origem (italiano ou espanhol), tendo por isso mesmo sido todos dobrados para a versão inglesa.

- O poncho que Clint Eastwood usa nos três filmes é o mesmo, nunca tendo sido limpo

- Toda a sequência da escolha da arma por Tuco é completamente improvisada. Por não perceber nada de armas Eli Wallach foi autorizado a fazer o que muito bem entendesse.

- É considerado pela crítica e pelos fãs como um dos melhores westerns de toda a história do cinema.


- No filme Eastwood também contou com a sorte. Em seguida à explosão da ponte, quando os atores estavam abarricados, uma rocha chocou-se com violência contra um saco de areia muito próximo de Eastwood. Talvez daí Werner Herzog tirou a ideia de que para um filme ser bom alguém tem que quase morrer.

- Três Homens em Conflito é o último filme da trilogia que Clint Eastwood fez com o diretor Sergio Leone. Os demais filmes foram Por um Punhado de Dólares (1964) e Por uns Dólares a Mais (1965).


CARTAZES DO FILME 







Três Homens em Conflito (The Good, the Bad and the Ugly) 1966

SINOPSE
O lendário astro Clint Eastwood o Homem Sem Nome nesta aventura do faroeste que possui intensa ação e interpretações de primeira. Durante o auge da Guerra Civil, um misterioso pistoleiro (Eastwood) vaga pela fronteira do oeste. Ele não possui um lar, lealdade ou companhia... Até que encontra dois estrangeiros (Eli Wallach e Lee Van Cleef), que são tão brutos e desapegados quanto ele. Unidos pelo destino, os três homens juntam suas forças para tentar encontrar uma fortuna em ouro roubado. Mas trabalho em equipe não é uma coisa natural para voluntariosos pistoleiros, e eles logo descobrem que seu maior desafio é concentrar-se em sua perigosa missão - e em manterem-se vivos - atravessando um país arrasado pela guerra. Sem sombra de dúvida, o western mais ambicioso e influente já produzido, Três Homens Em Conflito é uma aventura audaciosa que mudou para sempre o futuro do gênero.





TRAILER



ELENCO E FICHA TÉCNICA
Elenco: Clint Eastwood,  Lee Van Cleef 
 Eli Wallach,  Luigi Pistilli
 Rada Rassimov,  Enzo Petito 
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Luciano Vincenzoni (história e roteiro), 
Sergio Leone (história e roteiro), Agenore Incrocci (roteiro), Furio Scarpelli (roteiro)
Música: Ennio Morricone
Direção de fotografia: Tonino Delli Colli
Figurino: Carlo Simi
Edição: Eugenio Alabiso/Nino Baragli
Produção: Alberto Grimaldi
Gênero: Faroeste
Origem e Ano: Espanha/Itália - 1966

11 de dezembro de 2014

O Iluminado, (1980)






Midnight, The Stars And You 
Al Bowlly (Vocal ) e Ray Noble and His Orchestra 
Claro que foi uma licença artistica usar "Midnight, The Stars And You" de Al Bowlly & Ray Noble Orchestra cantando em um ballroom na swinging London, e quando termina o filme mostrando a  foto no hotel datada de 1921, mas a música originalmente tem como data de sua gravação o ano de 1932. Bowlly só chegou a Londres em 1928, era moçambicano, nasceu em Lourenço Marques, então colonia portuguesa. Mas a maioria das musicas foram feitas por Krzysztof Penderecki, na época foi considerada a trilha sonora mais assustadora de filme de terror, dando uma sensação de ação e terror nos gestos dos atores e nos sons. Assim aumentando mais o terror psicológico do filme. As Musicas  Utrenja - Ewangelia e Utrenja - Kanon Paschy (sabe aquelas do final onde Wendy se encontra com o cara e o urso no quarto...) na verdade eles cantam sobre a procissão de Cristo em holandês, de uma forma bem  sinistra...


O Iluminado (The Shining) - 1980


Stanley Kubrick, figura rara dentro da história do cinema, teve a carreira marcada pela sua postura cética a respeito do ser humano, e por ser dono de uma estilística incomparável, que sempre buscava a perfeição em cada take. Visto pela crítica como um diretor extremamente intelectual, Kubrick tinha um tema recorrente em suas produções: a guerra. Com o passar dos anos, a fórmula pesada que o diretor utilizava, começou a criar um certo desgosto por parte do público, fazendo com que o diretor deixasse os EUA, e caminhasse para a Inglaterra, onde trabalhou até seus últimos anos de vida.


Depois de realizar alguns trabalhos na fase britânica, dentre eles: "2001 - Uma Odisseia no Espaço" e "Laranja Mecânica", obras que consagraram a filmografia do diretor, Kubrick parte para uma temática que, até então, era incompatível com o seu perfil intelectual. Como já era de se esperar, a crítica apedrejou "O Iluminado". O diretor chegou a ser criticado pelo próprio Stephen King, autor do livro no qual o filme foi baseado, que considerava Kubrick como um homem muito frio, incapaz de trazer uma abordagem agradável, para um tema tão impactante. Anos depois, após toda essa resistência, "O Iluminado" começava a ganhar seu verdadeiro reconhecimento, provando que Kubrick era dono de uma versatilidade invejável, e que estava pronto para deixar o espectador boquiaberto, a cada filme que fosse produzido.



Início do rigoroso inverno americano. Jack Torrance (Jack Nicholson) é contratado para passar alguns meses, dentro de um hotel, juntamente com a sua esposa (Shelley Duvall) e seu filho (Danny Lloyd), para cuidar das dependências do local, durante essa estação do ano. O que parecia ser uma boa experiência para o pai de família, que buscava mais tranquilidade para escrever o seu livro, acaba virando um pesadelo terrível, quando a solidão acaba afetando o convívio dos três. Cercados de neve por todos os cantos, o hotel vira palco de acontecimentos inexplicáveis, onde a loucura perambula pelos longos corredores. Deslumbrante em cada take. Uma atmosfera tão pesada, que o espectador fica tenso, vendo apenas uma tela preta, com as seguintes palavras: Terça-Feira. Belíssima observação de Janet Maslin, crítica do New York Times, que defendia o trabalho do diretor americano, e, principalmente, sua mudança de estilo.



Com um roteiro sólido, e com certas modificações, em relação ao material que deu origem ao filme, Kubrick consegue conduzir o filme da maneira mais correta possível, acertando em cheio, ao utilizar certa ambiguidade no desenvolvimento da estória. Até um determinado ponto crucial do filme, o espectador não consegue saber se tudo aquilo que acontece pode ser justificado pela insanidade do personagem de Jack Nicholson, ou se o hotel é palco de atividades sobrenaturais. Essa dúvida é solucionada, entretanto, no belo desfecho, o diretor dá espaço para outras abordagens possíveis. Kubrick termina o seu filme, mas deixa o espectador pensando por horas. Para uma pessoa tão fria, como Stephen King comentou, o americano conseguiu criar um universo de proporções indescritíveis.



O trabalho de câmera é fundamental para aprimorar a atmosfera soturna. Com o uso predominante da steadicam, que proporciona uma filmagem sem os trancos gerados pelos movimentos do corpo, além de facilitar o movimento entre os cenários, sem a utilização de cortes, o diretor opta por uma filmagem com planos abertos, para aumentar o sentimento de solidão, dentro de cada cena. As proporções dos cenários e dos personagens, colaboram para esse vazio aterrorizante. Outra técnica utilizada, é a de filmar os personagens de costas, como se os mesmos estivessem sendo perseguidos. O espectador, devido ao clima criado, encara a filmagem de forma subjetiva, sempre esperando alguém aparecer, mas não, Kubrick apenas vai preparando o espectador para os próximos minutos.



Costumam dizer que o papel de Jack Nicholson, em "O Iluminado", marcou a sua carreira. Quem diz isso, está coberto de razão. Kubrick se preocupava muito com os atores que escalava para os seus filmes, e quando escolheu Jack Nicholson para viver o personagem Jack Torrance, o diretor disse que encontrou a pessoa mais apropriada, afinal de contas, sua aparência já trazia um diferencial assustador. Por mais que um ator tente trabalhar suas feições, jamais vai superar algo que é natural. O profissionalismo do ator acabou encantando o diretor, durante o período das gravações. Nicholson foi além do que o roteiro dizia, improvisando em certos takes, e trazendo um charme a mais, para a produção.


Na antológica cena em que o seu personagem quebra a porta com um machado, e Jack aproxima o rosto do vão, dizendo: "Here's Johnny!", notamos uma ligação com a abertura do programa de Johnny Carson, que era bem famoso, na TV americana. Em outro momento que Jack extravasa os limites do roteiro, é a cena em que ele joga a bola de tênis contra as paredes do saguão. Neste caso, o roteiro apenas anunciava: Jack não está trabalhando. Uma atuação brilhante. É impossível imaginar outro profissional na pele de Jack Torrance.



A escolha de Shelley Duvall também seguiu o padrão supracitado. O diretor dizia que sua aparência era a mais pura representação da impotência, e ele precisava de uma atriz que demonstrasse uma degradação psicológica extremamente verossímil. Por causa do seu perfeccionismo, e da sua intenção de buscar a espontaneidade do seu elenco, Kubrick fazia questão de gravar os mesmo takes, por mais de 30 vezes. Essa atitude do diretor, acabava frustrando os atores. Em certa cena em que Scatman Crothers - interpretando o personagem Dick Hallorann - participa, o americano fez com que ela fosse rodada mais de 40 vezes, fazendo com que o ator veterano começasse a chorar, devido ao imenso desgaste. Outro grande atrativo do elenco era o jovem Danny Lloyd. Como a estória de "O Iluminado" tinha um forte tom macabro, o diretor organizou as cenas em que ele aparecia, para serem gravadas de forma rápida, e sempre com a presença dos pais. Como o garoto tinha apenas 7 anos, Kubrick fazia questão de protegê-lo contra qualquer choque que ele pudesse ter, por perceber a verdadeira temática de sua produção. Essa ligação dos dois, acabou gerando um grande companheirismo entre eles.



A cenografia de "O Iluminado" é mais um dos grandes atrativos da obra. Para decidir os melhores ambientes possíveis, o desenhista de produção, Roy Walker, entrou em cena, pedindo para que diversos fotógrafos tirassem fotos dos mais diversos hotéis que conheciam. Com base nessas fotos, começaram a montar os cenários do filme. Elogiar esse quesito, é fundamental. O clima não seria o mesmo, sem a combinação da direção de arte, com a fotografia. A caracterização de cada ambiente é minuciosa, e conquista o público pelo trabalho apurado. Da cena do luxuoso baile, às tomadas exteriores. O perfeccionismo de Kubrick é uma grande qualidade, sem dúvida alguma. Sobre a fotografia, ressalto o incrível jogo de luzes. Adotam uma tonalidade que remete ao fantasmagórico, dando destaque para as cenas do labirinto. Tudo é friamente calculado para causar um verdadeiro efeito pertubador, no espectador. Por mais que os ambientes sejam espaçosos, acabamos presenciando algo de caráter claustrofóbico, mediante ao produto de imagem e som, trabalhando juntos. Formada por composições de vários músicos, como por exemplo: Krzysztof Penderecki, que também contribuiu para "O Exorcista", de William Friedkin, a trilha sonora acompanha o ritmo do filme, com suas notas que alternam entre o depressivo e o lúgubre.



Uma experiência cinematográfica divina. Um passeio marcante entre a insanidade e o sobrenatural, protagonizado por personagens que beiram a loucura, amedrontando e fascinando o espectador, ao mesmo tempo. A resistência da crítica não passava de um mero protesto contra a mudança repentina do diretor, entretanto, quando estamos falando de uma obra-prima, nada consegue ofuscar os seus lampejos. O americano, começando pelos quesitos básicos, consegue levantar mais uma das produções que marcaram sua carreira. Por mais que o seu perfeccionismo, por vezes, fosse encarado de forma negativa, não dá pra negar que outro diretor dificilmente teria o mesmo apreço, seja com a filmagem, com a estética, ou até mesmo, com a escolha a dedo, do seu elenco. Pela frente das câmeras, brilhou Jack Nicholson, por trás das câmeras, brilhou um gênio, chamado: Stanley Kubrick. 






CARTAZES DO FILME






CURIOSIDADES
Quando ainda estava em busca de um novo projeto para o cinema, Stanley Kubrick pesquisou vários livros até achar um que o interessasse. Foi quando, ao pesquisar nos livros que estavam em seu próprio escritório, ele encontrou "The Shining", de Stephen King, resolveu lê-lo e, posteriormente, transformá-lo em filme.

No livro "The Shining" o apartamento onde o filme se desenrolava era o de número 217. Atendendo a um pedido do dono do hotel onde O Iluminado foi filmado, que temia que as pessoas não alugassem o quarto 217 por causa do filme, o número do apartamento foi alterado para 237, inexistente no hotel em que o filme fora rodado. 

 Stanley Kubrick rodou nada mais nada menos do que 127 vezes uma cena com a atriz Shelley Duvall, até que ela ficasse do jeito como o diretor queria.

Durante o making of de O Iluminado era comum o diretor ligar de madrugada para o escritor Stephen King e fazer-lhe perguntas tipo se ele acreditava em Deus.

Sempre que o personagem Jack Torrance falava com um "fantasma" no filme havia um espelho em cena.



O fato quase não é mencionado no filme, mas o hotel Overlook havia sido construído em cima de um cemitério indígena. Na época das obras, muitos índios foram mortos. Há quem interprete o filme como a história da extermínio dos índios americanos .

O diretor, famoso por sua compulsividade e perfecionismo, conseguiu filmar a cena do sangue no elevador em apenas três tomadas. Fácil? Que nada! Foram nove dias só para preparar a cena. Ele teria dito várias vezes: “não parece sangue”. Segundo o livro dos recordes, “O Iluminado” é imbatível no quesito número de tomadas por uma cena. Na cena em que Wendy foge de Jack pela escada, foram 125 tomadas.

As cenas de Danny andando de velocípede foram feitas com steadicam (um aparelho usado na cintura do cinegrafista onde é acoplada a câmera para que ela não trepide). O longa foi o primeiro a utilizar o equipamento.


A trilha sonora do filme de 1980, a maioria das musicas foram feitas por Krzysztof Penderecki, na época foi considerada a trilha sonora mais assustadora de filme de terror, dando uma sensação de ação e terror nos gestos dos atores e nos sons. Assim aumentando mais o terror psicológico do filme.

As Musicas  Utrenja - Ewangelia e Utrenja - Kanon Paschy (sabe aquelas do final  onde Wendy se encontra com o cara e o urso no quarto...) na verdade eles cantam sobre a procissão de Cristo em holandês, de uma forma bem  sinistra...



CENA DO FILME
Here's Johnny! (The Shining)



O Iluminado (The Shining) - 1980

SINOPSE
Jack Nicholson é o escritor que se muda com a família para um hotel que permanece fechado durante o inverno. Ele só quer um lugar tranquilo para escrever. Mas tranquilidade é a última coisa que ele e o espectador vão encontrar. Com a direção precisa de Stanley Kubrick, que gera medo só de passear com a câmara pelos corredores e espaços vazios do hotel este clássico do terror se baseia em uma história de outro mestre, Stephen king. É impossível ficar imune à interpretação alucinada e arrepiante de Nicholson e à delirante transformação de seu personagem.



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco:  Jack Nicholson, Shelley Duvall, 
Danny Lloyd, Scatman Crothers,
Barry Nelson, Philip Stone, Joe Turkel
Direção: Stanley Kubrick
Produção: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick,
Diane Johnson
País e Ano - EUA - 1980
Gênero: Terror psicológico
Baseado em: O Iluminado de Stephen King
Montagem: Ray Lovejoy
Música: Wendy Carlos e Rachel Elkind
Fotografia: John Alcott