23 de dezembro de 2014

Blade Runner - O Caçador de Andróides, (1982)





TRILHA ORIGINAL
Love Theme (Vangelis)

O tema composto para o casal é uma das mais lindas e inebriantes músicas de amor compostas para cinema, com uma delicada melodia feita no saxofone – O sax da canção faz um bom contraponto com o resto de toda a trilha do filme, que tem bases predominantemente eletrônicas.




Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner), 1982  

A pós-modernidade chega às telas
Em 1982, ano em que Blade Runner foi lançado em nossos cinemas, eu estava tão envolvido com o estudo do sexo oposto que nem tomei conhecimento do filme. Com 12 anos de idade, Sessão da Tarde, filmes de terror e revistas de sacanagem me interessavam muito mais que qualquer estética cinematográfica revolucionária. Então, só muitos anos depois, numa reapresentação, é que fui, já na condição de cinéfilo, assistir a Caçador de Andróides na telona. E o que senti naquela poltrona do velho cinema é indescritível.


Daryl Hannah

A primeira cena do filme já é acachapante: uma torre cuspindo fogo no céu escuro de uma cidade fria, caótica e futurista, com a bela, forte e perturbadora música de Vangelis ao fundo. Ao fundo nada: a música do grego Vangelis, que está em todo o filme, aparece muitas vezes em “primeiro plano”, transcendendo à cena em si. A cidade de Los Angeles do futuro, com seus prédios piramidais, seus veículos voadores, feita em maquetes, soa mais real que estas animações feitas com uso de computação gráfica de hoje em dia – uma maquete é tridimensional naturalmente e sua presença física é um fato, diferentemente de alguns efeitos cansativos de computador, que quase nunca conseguem um realismo convincente.




Falar da estética de Blade Runner – Caçador de Andróides é pôr lenha em um tema que serve a várias teses, dado o tamanho da riqueza visual e sonora exposta naquele trabalho. Contudo, som e imagem é pouco. Tudo em Blade Runner serve como material de estudo. O filme propõe um estudo sobre a contraluz na fotografia de cinema. Se quisermos uma síntese do cinema noir, ali está. Se quisermos um estudo sobre a presença do anti-herói no cinema; se o caso for estudar a possibilidade do estabelecimento do caos nas sociedades do futuro; ou a revolução das máquinas – como só no primeiro Matrix se fez algo de bom nível – ; se o assunto for a própria pós-modernidade; se pretende-se fazer um estudo sobre a morte e a imortalidade, o que, pra mim, são os temas centrais do filme...   Enfim, Blade Runner é um “filme-estudo”.


Rutger Hauer

O autor da estória de Caçador de Andróides é o falecido escritor Phillip K. Dick, criador também das narrativas filmadas em Total Recall, de Paul Verhoeven, e em Minority Report, de Steven Spielberg. Mas o pioneiro em filmar Phillip Dick foi mesmo o irregular cineasta Ridley Scott, que tem em seu currículo um outro marco da ficção-científica, que é Alien, o Oitavo Passageiro, além do mega-sucesso Gladiador. Contudo, é indiscutível que o ponto alto de Ridley Scott foi mesmo Blade Runner. Foi naquele momento que o criativo, produtivo e injustiçado autor de ficção-científica, Dick, foi revelado ao mundo em sua primeira e mais contundente adaptação para o cinema, através da lente caótica de Scott.




A trama de Blade Runner não é complexa, ao contrário do que alguns pensaram. Um “caçador de andróides” é contratado para encontrar e exterminar um grupo de replicantes (como são chamados os andróides do filme) que fugiram de uma colônia, numa rebelião. Em sua caçada, ele, o detetive Deckard – vivido por Harison Ford –, faz uma imersão na L.A. abandonada, úmida e marginal do futuro. Num futuro em que só as classes menos favorecidas habitam a Terra. As pessoas com poder aquisitivo iriam morar em marte. No percurso, apaixona-se pela replicante Rachel (Sean Young). O tema composto para o casal é uma das mais lindas e inebriantes músicas de amor compostas para cinema, com uma delicada melodia feita no saxofon. O sax da canção faz um bom contraponto com o resto de toda a trilha do filme, que tem bases predominantemente eletrônicas. Aliás, o contraste é a tônica de toda a obra. O contraste relativizando bem e mal é um exemplo disso: os vilões do filme – no caso os andróides – parecem mais humanos que as pessoas de verdade.


Harrison Ford

Estava em Blade Runner a materialização da chegada da pós-modernidade ao cinema americano, onde – ao contrário do que se propunha com aquela “Era Reagan”, com os seus “Rambos” – o maniqueísmo foi descartado sem receios, primando-se o questionamento.



CARTAZES DO FILME 
CRÉDITO


CURIOSIDADES

Sendo inicialmente mal recebido nas salas de cinema, cedo se tornou claro que a partir do filme é possível obter múltiplas leituras filosóficas ou religiosas sobre temas recorrentes: quem somos? de onde viemos? para onde vamos? o que nos torna humanos? Esta atração, bem como o impacto visual de uma atmosfera cyberpunk tipo filme noir, associada à música de Vangelis, cedo fizeram de Blade Runner um filme cult, tendo sido um dos primeiros a serem editados em DVD.

Em julho de 2000, Ridley Scott declarou, em entrevista à televisão britânica, que o personagem Deckard também era um replicante.

O filme teve problemas com os produtores, que teriam alterado a edição final e obrigado Harrison Ford a fazer uma narração de última hora para melhor explicar o enredo, considerado muito complicado para o público.

Anos depois, o diretor Scott relançaria o filme com a sua versão, a chamada "versão do diretor", esta versão tem novas cenas, que foram cortadas, e retira a narração incluída na primeira versão.

O cenário do Hades que abre o filme foi filmado utilizando a técnica de perspectiva forçada. A maquete que reproduzia o Hades tinha menos de 10m de profundidade por 15m de largura. Cerca de 10km de fibra óptica e mais de 2000 microlâmpadas foram utilizadas para iluminá-lo para as cenas aéreas.

Toda uma metrópole miniaturizada, criada em perspectiva - A perspectiva da cidade, que aparece logo de início, foi filmada utilizando a mesma técnica que a ILM de George Lucas usou para filmar as sequências na superfície da Estrela da Morte em Star Wars. Pura magia!; 

O diretor de fotografia Jordan Cronenweth trabalhou durante toda a filmagem já sofrendo de um estado avançado de Parkinson. Os atrasos e atritos durante a produção foram tão desgastantes que ele terminou as filmagens em uma cadeira de rodas.

Harrison Ford e Sean Young, um amor improvável - Na cena em que Rachel é empurrada por Deckard, a cara que ela fez de dor, é real. Sean Young disse que Harrison Ford a empurrou forte demais e ficou na bronca com ele. O set de filmagem de Blade Runner não foi um dos mais amigáveis; 

Blade Runner concorreu a dois Oscar, os quais foram perdidos para "Gandhi " (o de direção de arte) e " ET - O Extraterrestre" (o de efeitos visuais).

A replicante Zhora, que é interpretada pela atriz Joanna Cassidy, estava bem a vontade com a cobra, pois esta era sua própria cobra de estimação, uma piton chamada de Darling. 



Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner), 1982 
SINOPSE
No início do século XXI, uma grande corporação desenvolve um robô que é mais forte e ágil que o ser humano e se equiparando em inteligência. São conhecidos como replicantes e utilizados como escravos na colonização e exploração de outros planetas. Mas, quando um grupo dos robôs mais evoluídos provoca um motim, em uma colônia fora da Terra, este incidente faz os replicantes serem considerados ilegais na Terra, sob pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite, conhecidos como Blade Runner, têm ordem de atirar para matar em replicantes encontrados na Terra, mas tal ato não é chamado de execução e sim de remoção. Até que, em novembro de 2019, em Los Angeles, quando cinco replicantes chegam à Terra, um ex-Blade Runner (Harrison Ford) é encarregado de caçá-los. 

ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, 
Sean Young, Daryl Hannah, 
M. Emmet Walsh, William Sanderson, 
Brion James, Edward James Olmos, 
Joanna Cassidy, James Hong. 
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Hampton Francher e David Webb Peoples
Gênero: Ficção/Fantasia/Suspense 
Fotografia: Jordan Cronenweth 
Direção de Arte: David L. Snyder
Música: Vangelis
País de Origem e Ano: EUA - 1982





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