31 de dezembro de 2014

Paris Está em Chamas?, (1966)



TRILHA ORIGINAL
Is Paris Burning? - Maurice Jarre

Maurice Jarre (1924-2009), nascido em Lyon, Maurice-Alexis Jarre iniciou seu aprendizado musical no conservatório de Paris, onde estudou percussão, composição e harmonia. Celebrizou-se, principalmente, por compor trilhas musicais das quais se destacam a parcerias com o diretor David Lean, que lhe renderam três prêmios Oscar: “Lawrence da Arábia” (1962), “Dr. Jivago” (1965) e “Passagem para a India” (1984). Jarre compôs para o teatro, concertos, óperas, balés e gravou seis CDs. Trabalhou também com John Frankeheimer (“O Trem”, 1965), René Clément (“Paris Está em Chamas?”, 1966), Richard Brooks (“Os Profissionais”, 1966), Anatole Litvak (“A Noite dos Generais”, 1967), Luchino Visconti (“Os Deuses Malditos”, 1969), John Huston (“O Homem que Queria Ser Rei”, 1975), Moustapha Akkad (“O Leão do Deserto”, 1981), Peter Weir (“Sociedade dos Poetas Mortos”, 1989).


Paris Está em Chamas? (Is Paris Burning?), 1966

Por quatro anos e meio, durante a 2ª Guerra Mundial, Paris esteve ocupada. Quando a guerra já estava perdida para a Alemanha e o avanço dos aliados para recuperar a capital francesa era inevitável, partiu um ordem do próprio Hitler (Billy Frick) para incendiar Paris totalmente, incluindo seus monumentos e museus. Entretanto o próprio comandante alemão em Paris reluta em dar esta ordem, e, os dias e momentos que se seguem são de pura tensão e cenas grandiosas de batalha, fotografia e interpretações.


Paris está em chamas? É um filme ao estilo de "O Mais Longo dos Dias". Com 165 minutos, em preto e branco, um quase documentário, é interpretado por mais de 30 atores e atrizes franceses e americanos em papéis grandes ou pequenos, mas de rápida abordagem, por conta da grande quantidade de informações que precisam ser passadas em menos de três horas de filme.

No elenco, Jean Paul Belmondo, Charles Boyer, Kirk Douglas, Leslie Caron, Alain Delon, Glenn Ford, Anthony Perkins, Orson Welles, Yves Montand, Simone Signoret, Romy Schneider, Michel Piccoli, Jean-Louis Trintignant, entre outros.

Com um orçamento de seis milhões de dólares na época, ou 80 milhões de euros, hoje, o filme também ficou marcado pela canção de Maurice Jarre, interpretada por Mireille Mathieu, "Paris en colère".




Esta obra-prima, tirada do best-seller de Lapierre e Collins aborda o período final dos quatro anos e meio, na Segunda Guerra Mundial, em que Paris esteve ocupada. Quando a batalha já estava perdida para a Alemanha e o avanço dos Aliados para recuperar a capital francesa era inevitável, partiu um ordem do próprio Hitler (Billy Frick) para incendiar Paris totalmente, incluindo seus monumentos e museus.





No entanto, o próprio comandante alemão em Paris relutou em transmitir esta ordem. O General von Choltitz era admirador das artes e preferiu negociar com a Resistência Francesa, poupando a cidade da destruição. Em poucos dias, estourou a insurreição popular, que culminou com a Batalha de Paris e a retomada triunfal da capital em 25 de agosto de 1944.


Quase meio século depois de registradas as primeiras cenas, em 15 de agosto de 1965, "Paris brûle-t-il", Paris está em chamas? - um filme cult sobre a liberação da cidade, durante a Segunda Guerra Mundial, sai, enfim, em DVD na França.

"Cada vez que eu o revejo, ouvindo Anthony Perkins ou Alain Delon pronunciar minhas frases, uma lágrima sempre sai dos meus olhos", confiou na noite de terça-feira Dominique Lapierre, durante a primeira projeção do DVD, no Museu do Exército, em Paris. 
"É uma das maiores lembranças de minha vida, não apenas profissional. Eu mesmo, ainda criança, assisti à liberação de Paris." 
"Com Larry Collins, queríamos escrever uma grande história franco-americana, ao tomarmos conhecimento de que Paris teria sido completamente destruída, em agosto de 1944. Durante três anos, pesquisamos febrilmente mais de 3.000 arquivos franceses, americanos e britânicos para descrever o dia da liberação de Paris". 

Lançado em 1964, o livro vendeu 20 milhões de exemplares, em 40 línguas. 
Lapierre recebeu logo um telefonema do produtor alemão Paul Graetz, desejoso de levar o romance às telas: "ele queria oferecer à França um testemunho de amor". 
Claude Brulé, jovem roteirista na época, trabalhou com os pesos pesados Jean Aurenche e Pierre Bost. 
Do lado americano, receberam o reforço de Gore Vidal e Francis Ford Coppola. 




CARTAZES DO FILME 





Trilha (Versão 2)Mireille Mathieu 
Is Paris Burning? - Mireille Mathieu (Maurice Jarre)





Paris Está em Chamas? (Is Paris Burning?), 1966



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
GRANDE ELENCO
Jean-Paul Belmondo - Yvon Morandat
Charles Boyer - Dr. Monod
Leslie Caron - Françoise Labé
Jean-Pierre Cassel - Tenente Henri Karcher
George Chakiris -   Soldado em um Tanque
Claude Dauphin - Lébel
Alain Delon - General Jacques Chaban-Delmas
Kirk Douglas - Gen. George Patton
Glenn Ford - Gen. Omar Bradley
Gert Fröbe - Gen. Dietrich von Choltitz
Daniel Gélin - Yves Bayet
Toni Taffin - Bernard Labe
E. G. Marshall - Oficial de Inteligência Powell
Yves Montand - Sgt. Marcel Bizien
Anthony Perkins - Sgt. Warren
Claude Rich - Gen. Jacques Léclerc
Simone Signoret - Proprietária do Café
Robert Stack - Gen. Edwin Sibert
Jean-Louis Trintignant - Capt. Serge
Pierre Vaneck - Major Roger Gallois
Marie Versini - Claire
Orson Welles - Cônsul Raoul Nordling
Bruno Cremer - Coronel Rol
Billy Frick - Hitler
Michel Piccoli - Pisani
Georges Poujouly Landrieux
Gehrard Borman - Secretário do Gen. von Choltitz
Clara Gansard - Esposa do Coronel Rol
Jean-Pierre Honoré - Alain Perpezat
Peter Jacob - General Burgdorf
Serge Rousseau - Coronel Fabien
Direção: René Clément
Roteiro: Francis Ford Coppola, Gore Vidal
Pais: França, Estados Unidos
Gênero: Drama, 2ª Guerra Mundial
Direção: René Clément
Roteiro: Francis Ford Coppola, Gore Vidal
Produção: Paul Graetz
Design Produção: Willy Holt
Música Original: Maurice Jarre
Fotografia: Marcel Grignon
Edição: Robert Lawrence
Direção de Arte: Marc Frédérix, Pierre Guffroy
Figurino: Pierre Nourry, Jean Zay

SINOPSE
Adaptação do livro escrito por Larry Collins e Dominique LaPierre, que descreve a luta dos franceses muitos pertencentes a facções de resistência para recuperar o controle da Paris ocupada pelos nazistas. O fim da Segunda Guerra se aproxima, mas a cidade está sob controle do general alemão Dietrich von Cholitz (Fröbe), pronto para atender pessoalmente às ordens de Hitler para incendiar a cidade caso os aliados se aproximem. Um belíssimo épico de guerra, com um elenco espetacular.


CURIOSIDADES
- Um dos motivos pelos quais se optou por rodar o filme em preto e branco foi a cor das bandeiras nazistas, já que as autoridades francesas não permitiram que bandeiras nazistas com as cores vermelha e preta fossem exibidas em Paris.

- Alguns dos atores franceses do elenco, entre eles Charles Boyer, Leslie Caron e Jean-Pierre Cassel, dublaram seus próprios personagens na versão em inglês do filme.

- Durante as filmagens um carteiro francês caiu de sua bicicleta ao ver um grupo de extras vestidos como soldados nazistas em pleno Champs Elysées, durante uma pausa para o almoço. O carteiro começou a correr e a gritar que "eles estavam de volta".

- Os créditos finais são exibidos a cores.




PRÊMIOS E INDICAÇÕES
Oscar, EUA
Melhor Fotografia  (Marcel Grignon)
Melhor Direção de Arte (Willy Holt, Marc Frédérix, Pierre Guffroy)

Prêmios Globo de Ouro, EUA
Prêmio de Melhor Trilha Sonora Original (Maurice Jarre )




30 de dezembro de 2014

O Bebê de Rosemary, (1968)



TRILHA ORIGINAL
Lullaby - Mia Farrow (Krysztof Komeda)
A trilha sonora merece uma resenha a parte. As vezes delicada e as vezes intensa, a trilha composta por Krysztof Komeda cria o clima certo para o filme, tocando sempre em seus melhores momentos. Tudo é propício ao medo, mas as situações só se tornam mais e mais tensas no decorrer da história. Komeda é um artista absolutamente fantástico, não só tendo composto um dos mais incríveis temas do cinema, foi com a canção de ninar do filme "Rosemary´s Baby" que ele ganhou destaque mundial (originalmente não foi composta para o cinema, a música em questão era uma canção de ninar em valsa, tema composto anteriormente ao filme que inclusive chegou a ser premiada em um festival de jazz polonês), contudo, sua carreira musical não havia começado apenas em 1968, o trompetista já possuía uma reputação e uma importância enorme para a música polonesa.


O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby) - 1968

O público contemporâneo, na maioria das vezes, se encontra refém de fórmulas de entretenimento vazio. Os filmes de terror baratos que pululam aos montes nos circuitos comerciais comprovam isso. Dotados apenas de uma série de sustos óbvios e tramas rasas, tipificam assertivamente o padrão de pensamento vigente. O instantâneo e o fugaz são guias para a apreciação de qualquer objeto. Qualquer viagem ao subjetivismo e ao aprofundamento filosófico é vista com maus olhos. É o susto e o estímulo causado por ele que contam. Entretanto, nem sempre foi assim. Ao contrário do terror físico, tão explorado na história do cinema, o terror psicológico, tão mal utilizado hoje em dia, tem exemplares que deixam no chinelo a grande parte de seus concorrentes. É o caso de O Bebê de Rosemary (1968), assinado pelo genial Roman Polanski.


Na sua estreia em Hollywood, o polonês Polanski dispôs de total liberdade para expressar seu ponto de vista sobre a obra literária de Ira Levin, base da adaptação. A história nos apresenta Rosemary (a excelente Mia Farrow) e seu marido Guy (John Cassavettes), ela uma solícita e bem intencionada dona de casa e ele um ator em ascensão, recém-instalados num novo apartamento em Nova York. Apaixonada, Rosemary confia plenamente em seu marido. Colocar em xeque suas atitudes nunca lhe passou pela cabeça. Tudo que ele faz se baseia na intenção de vê-la feliz, inclusive dar abertura para que o casal de vizinhos idosos Roman (Sidney Blackmer) e Minnie (perfeitamente interpretada por Ruth Gordon) invada por completo sua vida. Essa simples mudança de rotina dá início aos desdobramentos assustadores que a trama passara a ter. Depois de um terrível pesadelo com uma criatura demoníaca, Rosemary descobre que está grávida. O que devia ser uma notícia alegre se torna a matriz do desespero no qual a protagonista se encontrará gradativamente. Primeiro porque os devaneios lhe trazem a ideia de que está grávida do filho do diabo. Segundo porque seu marido e vizinhos podem estar envolvidos nessa possível trama macabra.


Sem pressa, Polanski constrói uma narrativa extremamente bem elaborada e amarrada, na qual todos os personagens ganham aprofundamento – na medida do necessário, já que o suspense por trás da identidade de algumas personas é deveras necessário – e relevância, sem nunca fugir do foco central: a gestação de Rosemary e o impacto disso. A presença do casal vizinho fica mais frequente ao passo que o marido se distancia por ganhar espaço no cenário artístico de Nova York, e Rosemary, por sua vez, vai se perdendo dentro de indagações. Quem realmente são essas pessoas? O que aconteceu com o homem que ela amava? Por que o bebê se tornou alvo de quase um culto dos moradores do prédio? E, assim, ela vai entrando num estado paranóico que confunde inconscientemente o espectador. A narrativa, por um lado, sugere abertamente a origem do que está em seu ventre, mas por outro o comportamento e a interação dela com os demais suscitam a dúvida. E isso é um dos maiores trunfos de Polanski: a dúvida que permeia todo o filme. É ela que faz dessa produção um dos melhores exemplares do gênero.


Você não sabe o que esperar. A sensação que antecede o susto inicia em um determinado instante e simplesmente perdura. Em cada centímetro do edifício – onde a maior parte da história se desenvolve - a impressão é que você será surpreendido por algo, a qualquer momento. Só que isso não acontece. É um excelente paralelo com a gravidez da protagonista. O pânico de ser mãe se funde com o medo transmitido ao espectador. Enquanto a criança cresce em seu útero, o terror cresce no público. Quando ela já não aguenta mais as dores de um processo que não acaba nunca, quem assiste ao filme não aguenta mais a dolorosa tensão causada pelas incertezas constantes propostas por Polanski. Você quer saber com o que ela está lidando, mas o diretor lhe traz para dentro do apartamento e o faz passar pelo medo de Rosemary. Medo não de uma criatura, de um espirito ou de um assassino como o gênero entediante nos propõe a cada ano. Mas sim o temor de não saber o que lhe aguarda. Existe algo mais assustador do que as incertezas do futuro?


Polanski consegue se aprofundar ainda mais em temas intelectualmente relevantes, fazendo do filme uma obra artística completa. Ao retratar o feliz casal de protagonistas do começo do filme e enfraquecer seu relacionamento com as mentiras contadas e os abusos cometidos, há a clara intensão de desconstruir a ideia tão popular do “sonho americano”. A desmistificação desse padrão é aplicada muito bem através da inserção de elementos ocultistas, como bruxaria e satanismo, dentro do ambiente superficialmente pintado como belo da família estadunidense. Da mesma forma que, politicamente, o roteiro ainda encontra espaço para dialogar com um tema tão em alta na década de 1960: os direitos da mulher. Jogada de um lado para o outro, arrastada pelo marido e pela vizinha, Rosemary muitas vezes se vê refém da vontade alheia, além de ter seu propósito existencial reduzido a apenas um objetivo: a maternidade. Entretanto, há a superação dessa metafórica opressão na surpreendente conclusão da história.



Sem duvidar da capacidade intelectual do público, Polanski entrega um produto desafiador e aterrorizante como poucas vezes vimos antes ou depois. Provavelmente você não ficará com o receio de ir a algum lugar escuro depois de assistir ao filme, mas com certeza ficará em estado de tensão por conta da assustadora e claustrofóbica sensação de perigo constante e iminente que a trama desperta. O Bebê de Rosemary é um dos melhores exemplos de como um filme pode representar, transgredir e se sobressair a um gênero restrito. É uma obra de arte plena e impecável, que ainda conta com uma gama de circunstâncias periféricas curiosas (a esposa do diretor ser assassinada, grávida de oito meses, pelo líder de uma seita ocultista, por exemplo) que fortalecem sua mística aterradora. Com certeza é um dos marcos do cinema hollywoodiano.




CARTAZES DO FILME 





CURIOSIDADES
Foi durante as filmagens de O Bebê de Rosemary que a atriz Mia Farrow se divorciou de seu marido, o cantor Frank Sinatra.

Originalmente, Roman Polanski queria Tuesday Weld para interpretar Rosemary e Robert Redford para o papel de Guy Woodhouse (John Cassavetes). O ator estava ocupado filmando Os Amantes do Perigo e Robert Evans preferiu Mia Farrow para viver a protagonista.

O edifício Dakota Building, localizado no bairro Upper West Side, em Manhattan, foi rebatizado como The Bramford para aparecer em O Bebê de Rosemary.

Roman Polanski é o diretor de O Bebê de Rosemary, mas antes de ele ser contratado, os produtores ofereceram o filme a Alfred Hitchcock.

Existem rumores de que Anton LaVey, fundador da Igreja de Satã, serviu como consultor técnico da produção e interpretou Satanás na cena da gravidez. No entanto, isto é falso, pois LaVey jamais teve envolvimento com o filme.

Sharon Tate faz uma ponta na cena em que Rosemary dá uma festa para seus “jovens” amigos.

- A voz da canção de abertura é de Mia Farrow.

- Roman Polanski se manteve o mais fiel possível ao livro de Ira Levin. Diálogos, esquemas de cores e até mesmo o figurino foi adaptado literalmente do que é descrito pelo autor. O diretor chegou até mesmo a perguntar a Levin qual era o número da revista New Yorker em que Guy Woodhouse vê uma camisa que quer comprar. Levin confessou que inventou esse detalhe.

William Castle comprou os direitos de adaptação do livro e levou o projeto a Robert Evans, da Paramount Pictures. Evans concordou em aprovar o filme apenas se Castle não o dirigisse. Isto devido à fama de Castle como diretor de filmes de terror de baixo orçamento. Em troca, ele concordou em fazer uma ponta como um homem próximo à cabine telefônica.

Rosemary diz a Terry Ginoffrio em certo momento: “Eu pensei que você fosse Victoria Vetri, a atriz”. Ela responde: “Todo mundo diz isto, mas eu não vejo semelhança”. Victoria Vetri é o nome verdadeiro da atriz Angela Dorian, que interpreta Terry.

De acordo com Mia Farrow, as cenas em que Rosemary caminha em frente ao tráfego de carros foram espontâneas e genuínas. Roman Polanski lhe disse: “Ninguém vai atropelar uma mulher grávida”.

Junto com Repulsa ao Sexo (1965) e Le Locataire (1976), O Bebê de Rosemary forma uma trilogia incidental de Roman Polanski sobre os horrores de se morar em apartamentos ou na cidade.

O bebê de Rosemary nasce em junho de 1966. Ou seja, 6/66.

Este foi o primeiro filme americano de Roman Polanski. Antes, ele quase dirigiu Os Amantes do Perigo (1969), mas Robert Evans, da Paramount, decidiu que O Bebê de Rosemary seria mais apropriado para Polanski.

Mia Farrow teve que comer fígado cru para uma cena do filme.

O filme, por ter como tema principal a vinda do anti-Cristo, é considerado por muitos críticos a inspiração para filmes populares como “O Exorcista” e “A profecia”, na década de 70.



A REAL MALDIÇÃO
Após o lançamento do filme, um crítico teria escrito que os vizinhos de Rosemary, se parecem com "uma pequena e reclusa seita da Califórnia". 

Até aí nada de estranho, mas o produtor William Castle começa a receber ameaças de morte, por causa do tema "anticristo" do filme. A maldição tem início em abril de 1969, quando Castle é internado em caráter de emergência, com falência renal. Na sala de cirurgia do hospital, testemunhas afirmam tê-lo ouvido delirar dizendo: "Rosemary, pelo amor de Deus, solte esta faca!". No final do filme, após descobrir a verdade, que seu filho foi resultado do ato sexual com o demônio, fato que ela acreditava ter sido apenas um sonho, pois havia sido dopada pelos vizinhos em um jantar horas antes, Rosemary aparece próxima do berço do amaldiçoado filho, com uma faca, dando a entender que pretende matar a criança.

No mesmo dia, e no mesmo hospital, estava Krysztof Komeda, compositor da trilha sonora do filme e grande amigo do diretor do mesmo, Roman Polanski, e de sua esposa, Sharom Tate. Assim como Hutch, o amigo de Rosemary, Komeda também morre por causa de um coágulo no cérebro. 

A atriz Sharon Tate era esposa de Roman Polanski estava grávida em 1969, quando foi brutalmente assassinada cerca de um ano após o lançamento do filme, em 9 de agosto de 1969, quando a casa do diretor foi invadida por quatro integrantes da Família Manson (Charles “Tex” Watson, Susan Atkins, Linda Kasabian e Patricia Krenwinke), a mando do psicopata Charles Manson. Sharon, que estava grávida de oito meses do primeiro filho do casal, foi estuprada e esquartejada pelos integrantes da seita (E reza a lenda que seu filho foi arrancado de suas entranhas e devorado pelos malucos satanistas). Além de Tate, foram mortos também Steven Parent, Abigail Folger, Wojciech Frykowski e Jay Sebring.

Anos depois, John Lennon foi morar em um apartamento no mesmo prédio em que O Bebê de Rosemary foi filmado, o Dakota Building. Lennon foi morto em 1980, nas proximidades do edifício



O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby) - 1968

SINOPSE
Talvez o melhor filme de terror já realizado, esta brilhante adaptação do romance best-seller de Ira Levin conta a história de um adorável casal novaiorquino que espera seu primeiro filho. Como a maioria das mulheres que são mães pela primeira vez, Rosemary (Mia Farrow) está confusa e receosa. Seu marido (John Cassavetes), um ambicioso mas mal sucedido ator, faz um pacto com o demônio pela promessa de vencer na carreira. O diretor Romam Polanski consegue extraordinárias interpretações de todo o elenco de astros. Ruth Gordon ganhou um Oscar® por seu papel, como uma super-solícita vizinha, neste clássico do suspense.



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Mia Farrow, John Cassavetes, 
Ruth Gordon, Sidney Blackmer, Maurice Evans, 
Ralph Bellamy, Victoria Vetri, Patsy Kelly, 
Elisha Cook Jr., Emmaline Henry, 
Charles Grodin, Phil Leeds, Hope Summers
Título no BrasilO Bebê de Rosemary
Título Original: Rosemary's Baby
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski, baseado 
em livro de Ira Levin
Produção: William Castle
Fotografia: William Fraker
Música: Krysztof Komeda
Ano e País: 1968 -  EUA
Gênero: Suspense/Drama



PRÊMIOS E INDICAÇÕES

OSCAR 1969 (EUA)
- Venceu:  Atriz Coadjuvante (Ruth Gordon).
- Indicado: Roteiro Adaptado (Roman Polanski)

BAFTA 1970 (Reino Unido)
- Indicado: Melhor Atriz (Mia Farrow)

David di Donatello 1969 (Itália)
- Venceu: Melhor Atriz Estrangeira (Mia Farrow)
- Indicado: Diretor Estrangeiro (Roman Polanski)

Globo de Ouro 1969 (EUA)
- Venceu: Atriz Coadjuvante (Ruth Gordon)
- Indicado: Atriz - Drama (Mia Frrow)
 Trilha Sonora (Krzysztof Komeda) e Roteiro (Roman Polanski)




26 de dezembro de 2014

Butch Cassidy, (1969)



TRILHA ORIGINAL
OSCAR - Melhor Canção 
 Raindrops keep falling on my head
B. J. Thomas (Burt Bacharach)
Um dos momentos mais famosos e imortalizado de Butch Cassidy é a linda cena que Newman passeia de bicicleta com a personagem Etta, interpretada por Katherine Ross, ao som de “Raindrops keep falling on my head”, uma das mais belas e bem compostas canções para o cinema de todos os tempos.


Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid) -1969

Um filme feito para ganhar prêmios, mas que nem por isso deixa de ser uma história de amizade, criativa, engraçada e muito bem feita.

Butch Cassidy e Sundance Kid são dois amigos inseparáveis e dois bandidos foras-da-lei. Eles são os líderes da gangue Buraco na Parede, que vivem de assaltar trens e bancos. Depois de um assalto nem tão bem sucedido, a dupla é perseguida por todo o país por caçadores à cavalos, que misteriosamente, permanecem em seus encalços, mesmo depois de passarem por rios, desertos, montanhas, planícies. Cassidy e Kid resolvem partir para a Bolívia junto com a bela e namorada de Sundance, Etta a fim de uma trégua da perseguição, mas parece que suas vidas de foras-da-lei teimam em não serem deixadas para trás.


Butch Cassidy (“Butch Cassidy and the Sundance Kid”, 1969) tem um título nacional egoísta. Afinal de contas, tanto Cassidy quanto Kid são protagonistas do filme e deixar um nome fora do título seria puro egocentrismo. Os dois são importantes à trama na mesma proporção, sendo praticamente impossível destinguir qual deles seria o principal e qual seria o coadjuvante. O fato é, os dois merecem destaque igualmente, não só pelas suas ativas participações no filme, mas também pelas atuações de Paul Newman e Robert Redford, Cassidy e Kid, respectivamente. Os dois estão formidáveis como uma das duplas de bandidos foras-da-lei mais carismáticas do cinema, ocupando a 20ª posição entre os maiores heróis da história da indústria cinematográfica. Mais uma vez, não se sabe qual dos dois se sobressai ao outro, não poderíamos afirmar com certeza, afinal de contas os dois são grandes e exceletes atores e suas interpretações no filme estão bem acima da média. Portanto não como há definir qual dos dois atores está melhor em cena, pelo menos eu não vejo essa possibilidade. 


Tanto Newman quanto Redford estão ótimos e desempenham seus papéis como dois mestres do cinema. Os papeis dos bandidos já teriam o nome de Newman como primeira escolha do elenco, embora ainda não tivessem escolhido qual papel ele faria, o de Cassidy ou de Kid. A outra parte do elenco ainda estava vaga e um dos papeis fora oferecido primeiramente a Steve McQueen, que desistiu do filme depois de uma discussão sobre qual nome, o de Newman ou dele apareceria primeiro nos créditos. O papel depois fora oferecido a Warren Beatty, que recusou-o para atuar em ‘Jogo de Paixões’. Depois de Beatty, o papel ficou quase a cargo de Jack Lemmon, Marlon Brando e Dustin Hoffman, que recusaram por diversos motivos. O nome de Redford apareceu somente depois, e o papel escolhido para ele seria o de Buth Cassidy, sendo que Newman ficaria com o de Sundance Kid. Porém, o próprio Redford sugeriu ao diretor George Roy Hill que ele e Paul trocassem de personagens. A sugestão fora aceita inclusive por Newman e as filmagens finalmente começaram. Apesar de algumas críticas, julgando o filme negativamente, ‘Butch Cassidy and the Sundance Kid’ foi um sucesso tremendo arrecadando 102 milhões de dólares só no território norte-americano e foi uma das maiores bilheterias dos anos 60, além de estar na 73ª posição de melhor filme de todos os tempos segundo o American Film Institute.


Butch Cassidy é um primor de beleza também. Uma das fotografias mais belas e bem elaborados daquela década está presente no filme de Roy Hill. Usando sempre um tom mais nebuloso, com a luz do luar pairando em todas as noites do filme, os belos dias de sol com uma iluminação matutina esplendorosa, algumas passagens em um preto e branco envelhecidos com a luz exterior em contraste com a escuridão interior, todas as cenas do filme é possível admirar a competência estonteante do diretor de fotografia Conrad L. Hall. 

Os figurinos, apesar de não serem ao tudo originais, são muito bons e a detalhada direção de arte relembra o espectador de estarmos vendo um filme cuja história se passa no início do século 20.

Um dos momentos mais famosos e imortalizado de Butch Cassidy é a linda cena que Newman passeia de bicicleta com a personagem Etta, interpretada por Katherine Ross, ao som de “Raindrops keep falling on my head”, uma das mais belas e bem compostas canções para o cinema de todos os tempos. Essa cena é, sem sombra de dúvida, a mais marcante e inesquecível do filme, assim como quando Cassidy cai com a bicicleta. Em toda aquela parte, Newman não usa dublês, sendo que ele faz inúmeras acrobacias curiosas e muito corajosas, somente na hora da queda, o auxílio de dublês fora requisitada.


Uma ótima sequência de cenas, que vão desde o assalto mal sucedido por conta das dinamites até a Bolívia provavelmente são as mais belas e as mais interessantes. A perseguição, para resumir, é um dos melhores momentos do filme e mesmo sem ser pretencioso, o roteiro de William Goldman provoca mistério em saber quem são os caras que perseguem os dois bandidos tão bravamente, e como conseguem segui-los aonde quer que vão, mesmo com os dois protagonistam pregando peças e tentando despistá-los a todo o custo.

Butch Cassidy é bom justamente por ter tantas cenas, que apesar de simples, conseguem prender a atenção do espectador. Esse talvez seja o maior trunfo do roteiro de Goldman, que mereceu muito a vitória no Oscar. As cenas na Bolívia, que na verdade foram gravadas no México, são excelentes também. Até mesmo no final, onde os dois protagonistas encontram-se em uma situação crítica, o bom-humor, a irreverência dos dois personagens é impossível passar despercebida. Os dois, apesar de tudo, são grandes amigos, e a amizade deles, é um dos pontos mais fortes do roteiro e do filme como um todo.


Na deixa e aguardando ansioso para a continuação, o espectador que aprecia um bom filme de faroeste vai gostar ainda mais desse, pois tem pitadas de vários gêneros, desde o drama, até ótimas cenas de ação e excelentes passagens cômicas. É sem dúvida, um grande filme, que deve ser conferido, especialmente se você é chegado a personagens carismáticos e simpáticos, que mesmo sem esforço, farão de tudo para te conquistar.

“‘Butch Cassidy’ me colocou em outro patamar artístico. Era famoso, tinha feito ‘Descalços no Parque’. Mas esse foi o filme que mudou a minha vida.” — Robert Redford
“Acho ‘Butch Cassidy’ um bom filme, Deu muito trabalho para fazer e foi de fato muito divertido. Se o público não tivesse gostado, simplismente ficaria louco.” — George Roy Hill



CURIOSIDADES
• O personagem “Sundance Kid” foi primeiramente oferecido (e aceito) ao ator Steve McQueen. Porém, como tanto McQueen quanto Newman estavam no auge de suas carreiras, surgiu o problema de qual nome apareceria primeiro nos créditos do filme, tendo sido proposto que os nomes dos dois aparecessem antes do título do filme, o que daria uma idéia de igualdade. Newman concordou com a idéia, mas McQueen desconfiou que a proposta fosse na verdade um truque, e resolveu desistir do filme e o personagem acabou com Robert Redford.

• Paul Newman só usou dublê na famosa cena da bicicleta, na hora em que o personagem cai contra a cerca.

• A canção do filme, Raindrops Keep Fallin`on My Head, levou o Oscar de melhor música, e a trilha sonora do famoso Burt Bacharach ganhou outro Oscar.

• A produção queria que Bob Dylan cantasse a famosa canção de Burt Bacharach, mas ele não aceitou o convite.

• Ao ver a cena em que Newman experimenta uma bicicleta, Redford não teria gostado, sugerindo que a mesma fosse cortada do filme. A cena, com a música de Burt Bacharach, acabou se tornando uma das mais famosas do cinema.

• As cenas da Bolívia tiveram como cenário o México.

• A irmã do verdadeiro Butch Cassidy acompanhou grande parte da filmagem.

• O bando de Butch, no filme, é chamado de Hole in The Wall (Buraco na Parede), mas o nome verdadeiro era Wild Bunch. A mudança ocorreu em razão de um filme com esse nome (Meu Ódio Será Tua Herança, no Brasil).

• O trio verdadeiro foi para Buenos Aires/ Argentina. Não se sabe ao certo como morreram os dois marginais, mas se tem certeza de que Etta voltou aos EUA.

• Robert Redford por sua interpretação, foi considerado melhor ator do ano pela Academia Britânica, e o nome de seu personagem, “Sundance”, ficou de tal forma identificado com ele e que se tornou sua marca registrada. 

• O sucesso de Butch Cassidy foi tanto, que permitiu a esses dois atores a expandir suas áreas de ação e começar a produzir seus próprios filmes. Três anos mais tarde, o trio Hill, Newman e Redford fez outro grande sucesso, Golpe de Mestre, que valeu a Robert Redford uma indicação ao Oscar de melhor ator. 

Em 1980, Redford estreou com o pé direito na direção com o filme Gente como a Gente que rendeu Oscar de Melhor Filme, Diretor, Roteiro e Ator Coadjuvante para Timothy Hutton.


TRAILER


CENAS MEMORÁVEIS
A demonstração que Sundance faz para mostrar como maneja bem a arma, depois de ser chamado de ladrão, num jogo de cartas.

O modo como Butch desarma Kid Curry, quando esse tenta ganhar a chefia do grupo.

O passeio de bicicleta feito por Etta e Butch – a cena mais famosa do filme- ao som de Raindrops Keep Fallin`on My Head.

A cena em que Sundance Kid exige que a professora Etta tire a roupa sob a mira de um revólver. Só depois o espectador descobre que eles já se conheciam.

A chuva de dinheiro, após a explosão do cofre.

O pulo e a descida pela cachoeira dos dois protagonistas em fuga.

A tentativa de assaltar falando espanhol.

A cena em que os perseguidores descem da locomotiva, até então escondidos, com cavalo e tudo.

O cenário mostrado no filme.

A imagem congelada da dupla, no final do filme, correndo para enfrentar o exército boliviano, num tiroteio.



CARTAZES DO FILME 







Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid) -1969

SINOPSE
Dois amigos inseparáveis, Butch Cassidy (Paul Newman) e Sundance Kid (Robert Redford), lideram o Bando do Buraco na Parede e vivem de assaltar trens e bancos. Quando são caçados por todo o país resolvem ir para a Bolívia e juntamente com Etta (Katharine Ross), a namorada de Sundance, rumam para a América do Sul. Mas esta decisão não lhes proporcionará grandes assaltos ou uma vida mais tranquila.


ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Paul Newman, Robert Redford, 
Katharine Ross, Strother Martin, Cloris Leachman.
 Título no Brasil: Butch Cassidy 
Título original: Butch Cassidy and 
the Sundance Kid 
Direção: George Roy Hill
Produção: John Foreman
Roteiro:  William Goldman
Fotografia: Conrad L. Hall
Edição: John C. Howard, Richard C. Meyer
País e Ano: EUA - 1969
Gênero: Biografia, Romance, Faroeste 


PRÊMIOS E INDICAÇÕES

OSCAR 1970
Ganhou
Melhor Roteiro Original
Melhor Fotografia
Melhor Trilha Sonora
Melhor Canção Original - "Raindrops Keep Fallin' on My Way"

Indicações
Melhor Filme
Melhor Diretor - George Roy Hill
Melhor Som

GLOBO DE OURO 1970
Ganhou
Melhor Trilha Sonora

Indicações
Melhor Filme - Drama
Melhor Canção Original - "Raindrops Keep Fallin' on My Way"
Melhor Roteiro

BAFTA 1970
Ganhou
Melhor Filme
Melhor Diretor - George Roy Hill
Melhor Ator - Robert Redford
Melhor Atriz - Katharine Ross
Melhor Trilha Sonora
Melhor Roteiro
Melhor Edição

Indicação
Melhor Ator - Paul Newman

GRAMMY 1970
Ganhou
Melhor Trilha Sonora - Cinema/TV






23 de dezembro de 2014

Blade Runner - O Caçador de Andróides, (1982)





TRILHA ORIGINAL
Love Theme (Vangelis)

O tema composto para o casal é uma das mais lindas e inebriantes músicas de amor compostas para cinema, com uma delicada melodia feita no saxofone – O sax da canção faz um bom contraponto com o resto de toda a trilha do filme, que tem bases predominantemente eletrônicas.




Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner), 1982  

A pós-modernidade chega às telas
Em 1982, ano em que Blade Runner foi lançado em nossos cinemas, eu estava tão envolvido com o estudo do sexo oposto que nem tomei conhecimento do filme. Com 12 anos de idade, Sessão da Tarde, filmes de terror e revistas de sacanagem me interessavam muito mais que qualquer estética cinematográfica revolucionária. Então, só muitos anos depois, numa reapresentação, é que fui, já na condição de cinéfilo, assistir a Caçador de Andróides na telona. E o que senti naquela poltrona do velho cinema é indescritível.


Daryl Hannah

A primeira cena do filme já é acachapante: uma torre cuspindo fogo no céu escuro de uma cidade fria, caótica e futurista, com a bela, forte e perturbadora música de Vangelis ao fundo. Ao fundo nada: a música do grego Vangelis, que está em todo o filme, aparece muitas vezes em “primeiro plano”, transcendendo à cena em si. A cidade de Los Angeles do futuro, com seus prédios piramidais, seus veículos voadores, feita em maquetes, soa mais real que estas animações feitas com uso de computação gráfica de hoje em dia – uma maquete é tridimensional naturalmente e sua presença física é um fato, diferentemente de alguns efeitos cansativos de computador, que quase nunca conseguem um realismo convincente.




Falar da estética de Blade Runner – Caçador de Andróides é pôr lenha em um tema que serve a várias teses, dado o tamanho da riqueza visual e sonora exposta naquele trabalho. Contudo, som e imagem é pouco. Tudo em Blade Runner serve como material de estudo. O filme propõe um estudo sobre a contraluz na fotografia de cinema. Se quisermos uma síntese do cinema noir, ali está. Se quisermos um estudo sobre a presença do anti-herói no cinema; se o caso for estudar a possibilidade do estabelecimento do caos nas sociedades do futuro; ou a revolução das máquinas – como só no primeiro Matrix se fez algo de bom nível – ; se o assunto for a própria pós-modernidade; se pretende-se fazer um estudo sobre a morte e a imortalidade, o que, pra mim, são os temas centrais do filme...   Enfim, Blade Runner é um “filme-estudo”.


Rutger Hauer

O autor da estória de Caçador de Andróides é o falecido escritor Phillip K. Dick, criador também das narrativas filmadas em Total Recall, de Paul Verhoeven, e em Minority Report, de Steven Spielberg. Mas o pioneiro em filmar Phillip Dick foi mesmo o irregular cineasta Ridley Scott, que tem em seu currículo um outro marco da ficção-científica, que é Alien, o Oitavo Passageiro, além do mega-sucesso Gladiador. Contudo, é indiscutível que o ponto alto de Ridley Scott foi mesmo Blade Runner. Foi naquele momento que o criativo, produtivo e injustiçado autor de ficção-científica, Dick, foi revelado ao mundo em sua primeira e mais contundente adaptação para o cinema, através da lente caótica de Scott.




A trama de Blade Runner não é complexa, ao contrário do que alguns pensaram. Um “caçador de andróides” é contratado para encontrar e exterminar um grupo de replicantes (como são chamados os andróides do filme) que fugiram de uma colônia, numa rebelião. Em sua caçada, ele, o detetive Deckard – vivido por Harison Ford –, faz uma imersão na L.A. abandonada, úmida e marginal do futuro. Num futuro em que só as classes menos favorecidas habitam a Terra. As pessoas com poder aquisitivo iriam morar em marte. No percurso, apaixona-se pela replicante Rachel (Sean Young). O tema composto para o casal é uma das mais lindas e inebriantes músicas de amor compostas para cinema, com uma delicada melodia feita no saxofon. O sax da canção faz um bom contraponto com o resto de toda a trilha do filme, que tem bases predominantemente eletrônicas. Aliás, o contraste é a tônica de toda a obra. O contraste relativizando bem e mal é um exemplo disso: os vilões do filme – no caso os andróides – parecem mais humanos que as pessoas de verdade.


Harrison Ford

Estava em Blade Runner a materialização da chegada da pós-modernidade ao cinema americano, onde – ao contrário do que se propunha com aquela “Era Reagan”, com os seus “Rambos” – o maniqueísmo foi descartado sem receios, primando-se o questionamento.



CARTAZES DO FILME 
CRÉDITO


CURIOSIDADES

Sendo inicialmente mal recebido nas salas de cinema, cedo se tornou claro que a partir do filme é possível obter múltiplas leituras filosóficas ou religiosas sobre temas recorrentes: quem somos? de onde viemos? para onde vamos? o que nos torna humanos? Esta atração, bem como o impacto visual de uma atmosfera cyberpunk tipo filme noir, associada à música de Vangelis, cedo fizeram de Blade Runner um filme cult, tendo sido um dos primeiros a serem editados em DVD.

Em julho de 2000, Ridley Scott declarou, em entrevista à televisão britânica, que o personagem Deckard também era um replicante.

O filme teve problemas com os produtores, que teriam alterado a edição final e obrigado Harrison Ford a fazer uma narração de última hora para melhor explicar o enredo, considerado muito complicado para o público.

Anos depois, o diretor Scott relançaria o filme com a sua versão, a chamada "versão do diretor", esta versão tem novas cenas, que foram cortadas, e retira a narração incluída na primeira versão.

O cenário do Hades que abre o filme foi filmado utilizando a técnica de perspectiva forçada. A maquete que reproduzia o Hades tinha menos de 10m de profundidade por 15m de largura. Cerca de 10km de fibra óptica e mais de 2000 microlâmpadas foram utilizadas para iluminá-lo para as cenas aéreas.

Toda uma metrópole miniaturizada, criada em perspectiva - A perspectiva da cidade, que aparece logo de início, foi filmada utilizando a mesma técnica que a ILM de George Lucas usou para filmar as sequências na superfície da Estrela da Morte em Star Wars. Pura magia!; 

O diretor de fotografia Jordan Cronenweth trabalhou durante toda a filmagem já sofrendo de um estado avançado de Parkinson. Os atrasos e atritos durante a produção foram tão desgastantes que ele terminou as filmagens em uma cadeira de rodas.

Harrison Ford e Sean Young, um amor improvável - Na cena em que Rachel é empurrada por Deckard, a cara que ela fez de dor, é real. Sean Young disse que Harrison Ford a empurrou forte demais e ficou na bronca com ele. O set de filmagem de Blade Runner não foi um dos mais amigáveis; 

Blade Runner concorreu a dois Oscar, os quais foram perdidos para "Gandhi " (o de direção de arte) e " ET - O Extraterrestre" (o de efeitos visuais).

A replicante Zhora, que é interpretada pela atriz Joanna Cassidy, estava bem a vontade com a cobra, pois esta era sua própria cobra de estimação, uma piton chamada de Darling. 



Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner), 1982 
SINOPSE
No início do século XXI, uma grande corporação desenvolve um robô que é mais forte e ágil que o ser humano e se equiparando em inteligência. São conhecidos como replicantes e utilizados como escravos na colonização e exploração de outros planetas. Mas, quando um grupo dos robôs mais evoluídos provoca um motim, em uma colônia fora da Terra, este incidente faz os replicantes serem considerados ilegais na Terra, sob pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite, conhecidos como Blade Runner, têm ordem de atirar para matar em replicantes encontrados na Terra, mas tal ato não é chamado de execução e sim de remoção. Até que, em novembro de 2019, em Los Angeles, quando cinco replicantes chegam à Terra, um ex-Blade Runner (Harrison Ford) é encarregado de caçá-los. 

ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, 
Sean Young, Daryl Hannah, 
M. Emmet Walsh, William Sanderson, 
Brion James, Edward James Olmos, 
Joanna Cassidy, James Hong. 
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Hampton Francher e David Webb Peoples
Gênero: Ficção/Fantasia/Suspense 
Fotografia: Jordan Cronenweth 
Direção de Arte: David L. Snyder
Música: Vangelis
País de Origem e Ano: EUA - 1982