2 de dezembro de 2014

O Show Deve Continuar (All That Jazz), (1979)





TRILHA ORIGINAL

 On Broadway - George Benson
Munido de uma trilha sonora de primeira grandeza, uma das primeiras canções do filme, considerada por muitos como sendo a mais marcante, é "On Broadway", onde Gideon escolhe o elenco de sua nova produção e dezenas de pessoas dançam ao som contagiante da canção.


O show deve continuar (All that jazz, 1979)

"É hora do show, pessoal!"

A frase acima, dita tantas vezes ao longo de "O show deve continuar", expressa com perfeição a experiência de se assistir ao filme - um show. O diretor Bob Fosse volta ao cinema sete anos após seu genial "Cabaret" com um musical semi auto-biográfico sobre os exageros cometidos em sua vida no show business.

Roy Scheider

O filme se abre com John Gideon (Roy Scheider), um diretor de cinema e peças de teatro, em seu começo de dia: uma fita no rádio (o filme foi feito antes do advento do CD) dá um tom operático a sua vida pontuada por excessos, demonstrado por pílulas espalhadas pelo banheiro e seu cigarro sempre na boca (inclusive no banho). A palavra que resumiria a vida de Gideon é simplesmente "excesso": trabalho em excesso (não que ele reclame disso, ele faz por prazer), mulheres em excesso, stress em excesso. Tamanhos exageros o levam a ser uma pessoa basicamente solitária e o fazem flirtar com a morte - interpretada no filme como uma bela mulher de branco por Jessica Lange.

O ponto mais comentado na comunidade de críticos é o fato do filme ser semi auto-biográfico, porém mesmo não sendo, ainda assim é um deleite a todos, independente de gostar de musicais ou não. Em "O show deve continuar", nenhum personagem pára o que está fazendo e começa a cantar (contrário a maioria dos musicais pré-anos 70). Todos os números de canto e dança aparecem em meio às alucinações ou imaginação de Gideon - de forma similar à forma em que foi feito, mais de 20 anos depois, em "Chicago" que, por sinal, foi criado por Fosse para a Broadway (o título original de "O show deve continuar" se refere à musica de abertura de "Chicago").


Uma das indicações do filme no Oscar de 1979 foi de melhor ator para Roy Scheider, e foi uma terrível injustiça o ator ter perdido a estatueta. Scheider era muito popular na década de 70, e estava presente no filme vencedor do Oscar de melhor filme de 1971 ("Operação França") e seu papel mais conhecido provavelmente é o chefe Brody de "Tubarão", porém nenhum desses papéis se compara ao John Gideon representado por Scheider em "O show deve continuar". Algo muito comum é assistir a um filme e pensar "Eu já vi esse ator/atriz em algum lugar", porém Scheider criou um personagem tão convincente, que nada lembra seus trabalhos anteriores, tornando sua interpretação um exemplo a ser seguido. É raro ver uma atuação que não é apenas uma pessoa recitando palavras, e sim um compromisso de corpo e alma, em que o ator na tela é uma encarnação de seu personagem, um ser tri-dimensional que permanece conosco após o filme e com quem é facil de se identificar de alguma forma.

Jessica Lange

Munido de uma trilha sonora de primeira grandeza, uma das primeiras canções do filme, considerada por muitos como sendo a mais marcante, é "On Broadway", onde Gideon escolhe o elenco de sua nova produção e dezenas de pessoas dançam ao som contagiante da canção. O resto das músicas são encaixadas no contexto do filme, e aquelas cujo conteúdo é mais relevante para o filme, são as que se passam na imaginação do diretor onde os outros personagens expressam suas idéias em forma de canto - a parte em que isso se exemplifica seria durante a cirurgia, em que assiste as mulheres de sua vida (a ex-esposa, filha e namorada) falam de seus erros para com elas. Mesmo depois dessa experiência, o personagem não muda e continua com seus excessos. Aparentemente, sua conduta é apenas uma forma de conquistar o anjo da morte e satisfazer seus desejos físicos. Seu adeus à vida é feito da forma mais condizente possível ao seu estilo de vida: em um mega-espetáculo com uma grande platéia e em um grande número musical e no fim dele ele vai de encontro à bela mulher que para ele representa a morte.


Uma das cenas mais memoráveis do filme é a apresentação de "Take off with us/Air-otica", uma demonstração magnífica da beleza do corpo humano em movimento. Nessa cena, Fosse esbanja seu estílo característico de coreografia, com movimentos sensuais sem nunca parecer vulgar, um exemplo a ser seguido por aqueles que se dizem cineastas mas não têm um pingo de estilo.

"O show deve continuar" é um filme vencedor, e diversas premiações ao redor do mundo o consagraram na época nas mais diversas áreas, e isso comprova que este é um filme extremamente bem feito em todos os aspectos. Como a premiação mais badalada é o Oscar, este entra na imensa lista de injustiças da premiação, sendo infinitamente superior ao vencedor do prêmio de melhor filme daquele ano (a saber: "Kramer versus Kramer") e em nível equivalente a outro concorrente, "Apocalypse now". Bob Fosse morreu jovem alguns anos após a conclusão desse filme, em mais um caso em que a vida imita a arte, nos privando de mais grandes obras de um grande diretor. Fosse pode ter ido embora cedo, mas todo seu sacrifício não foi em vão, e todo aquele jazz ficará imortalizado enquanto houverem pessoas de bom gosto de cinema.





CARTAZES DO FILME 























O Show Deve Continuar (All that jazz, 1979)

SINOPSE
Uma Obra de Arte! O Show deve Continuar é na verdade um relato semiautobiográfico da vida do elogiado escritor/diretor/coreógrafo, Bob Fosse. Por vezes trágica, e por outras, cômica, esta incrível análise da vida cheia de excessos de Bob Fosse no show business emociona neste musical vencedor de diversos Oscar.



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Roy Scheider, Jessica Lange, 
Ann Reinking, Ben Vereen, Cliff Gorman, 
Erzsebet Foldi, Leland Palmer, 
Michael Tolan, 
Título Original: All That Jazz
Direção: Bob Fosse
Ano: 1979
Gênero: Musical e Drama
Origem e Ano: EUA - 1979
Roteiro: Robert Alan Aurthur e Bob Fosse
Baseado: Vida e ideia de Bob Fosse
Produção: Robert Alan Aurthur
Fotografia: Giuseppe Rotunno
Trilha Sonora: Ralph Burns



PRÊMIOS
OSCAR 1981 (EUA)
Melhor Edição:  Alan Heim 
Melhor Direção de Arte: Philip Rosenberg,
Tony Walton, Edward Stewart e Gary J. Brink 
Melhor Figurino:  Albert Wolsky 
Melhor Trilha Sonora (Adaptada): Ralph Burns

INDICAÇÃO
Melhor Filme
Melhor Diretor: Bob Fosse
Melhor Ator: Roy Scheider
Melhor Roteiro Original: Robert Alan Aurthur e Bob Fosse
Melhor Fotografia: Giuseppe Rotunno


BAFTA 1981 (Reino Unido)
Venceu nas categorias de melhor fotografia e melhor montagem.

Indicado nas categorias de Melhor Ator (Roy Scheider),
melhor figurino, melhor direção de arte e melhor som.

Festival de Cannes 1980 (França)
Ganhou a Palma de Ouro.

Prêmio Bodil 1981 (Dinamarca)
Venceu na categoria de melhor filme não-europeu.
Globo de Ouro
Indicado na categoria de melhor ator de cinema - comédia/musical (Roy Scheider).
Academia Japonesa de Cinema 1981 (Japão)
Venceu na categoria de melhor filme de língua estrangeira.

Prêmio Eddie 1980 (EUA)
Venceu na categoria de melhor edição em cinema. 




CURIOSIDADES
Em 1973 ganhou o Oscar de melhor diretor por "Cabaret", o Tony de melhor diretor por "Pippin" e o Emmy de melhor diretor por "Liza with a Z". É até hoje o único diretor a ganhar, no mesmo ano, os três principais prêmios de direção da indústria do entretenimento americana.  

O título original do filme é o nome de uma das canções mais conhecidas do musical da Broadway "Chicago", de autoria de Bob Fosse.
    
O ator originalmente escolhido para o papel de Gideon era Richard Dreyfuss, mas ele desistiu do filme pouco antes do início das filmagens.
   
The Stand-Up, o filme fictício dirigido por Gideon, simboliza Lenny, o filme anterior de Bob Fosse.
   
Este filme ocupa a 14ª colocação na Lista dos 25 Maiores Musicais Americanos de todos os tempos, idealizada pelo American Film Institute (AFI) e divulgada em 2006.

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