21 de outubro de 2014

Aeroporto, (1970) - A MÚSICA




TRILHA ORIGINAL
Airport Theme Love (Vincent Bell) - 1970





AEROPORTO (Airport) - 1970 

(A MÚSICA)
Em 1970, um dos temas do filme "Aeroporto" foi gravado por Vincent Bell com um arranjo mais sofisticado e lançado como "Airport Love Theme". A gravação foi um sucesso, não apenas porque a melodia era bonita, mas também porque Bell criava um som diferente, novo, que não se sabia ao certo de que instrumento saía. Informado da existência de um LP, fui na King’s Discos em 1975 (eu tinha 14 anos) e perguntei: "Tem alguma coisa do Vincent Bell?" A vendedora disse que não. Experimentei acrescentar a informação: "É o que tocou o Aeroporto". Aí ela se achou e puxou o LP do filme.

Dean Martin em "Aeroporto"

Comprei na hora. Não me arrependi. O disco todo era marcado por aquele som "aquático" que eu imaginava ser de algum tipo de teclado. Mas estranhei nunca mais ter encontrado nada, nem informações, sobre Vincent Bell. Na era da Internet, pesquisei no site All Music, que é a referência máxima sobre música na rede, e achei apenas uma citação rápida. Na discografia, constava apenas o LP que eu tinha comprado. Concluí que Bell, como solista, provavelmente não havia lançado mais nada, mesmo. Ainda assim, eu achava estranho.


Ontem, num fórum de discussão de música, encontrei um tópico sobre sons estranhos que aparecem em gravações e despertam a curiosidade sobre como foram criados. Citei "Airport Love Theme" e tive a resposta de que se tratava de uma cítara elétrica. Depois recebi a informação corrigida de que o som era obtido por meio de guitarra e um primitivo pedal wah-wah criado pelo próprio Vincent Bell nos anos 50. Mas, com a intenção de localizar a capa do LP "Airport Love Theme", fiz uma busca de imagens no Google e acabei descobrindo mais dois discos de Vincent Bell não listados no site da All Music: "The Soundtronic Guitar of Vincent Bell" e detalhe de "Pop Goes The Electric Sitar".


Disco (Capa Original) "Airport" (Vincent Bell)

Seguindo adiante em minha pesquisa, encontrei um site inteiramente dedicado ao músico. Talvez o que tenha me impedido de achá-lo antes é que o guitarrista também é conhecido como Vinnie Bell!


E ali, sim, apareceu um tesouro de informações. Mas, para minha decepção, não constava a discografia completa. Nem dos discos lançados em seu nome, nem daqueles de que participou. Do segundo caso até se entende: foram centenas, pelo que se constata na amostra apresentada. Bell era um ratão de estúdio e tocou em diversas gravações conhecidas, inclusive de Roberto Carlos e do baixista Paulo César Barros, ex-integrante de Renato e Seus Blue Caps e irmão de Renato, participaram da gravação de "Ele Está Pra Chegar", do LP de 1981 de Roberto. Paulo César também é um requisitado músico de estúdio e um dos melhores baixistas do Brasil.


Bell também criou modelos exclusivos de guitarras que depois outros utilizaram. Fiquei entusiasmado quando vi um link onde dizia: "Clique aqui para conhecer o segredo do som aquático de Vincent Bell." Cliquei e apareceu uma imagem montada de uma foto rara tirada em seu estúdio cheio de água."


"Revelado o segredo do som subaquático de Vincent Bell. Ele grava em baixo d’água... 


Piadinhas à parte, o site poderia dar informações mais precisas sobre o músico. A biografia é interessante e cita mais um disco, "Whistle Stop", que teria sido o primeiro. Um verdadeiro presente é a página de MP3, com oito músicas para baixar. Seria interessante se algum pesquisador, como Ron Furmanek, resgatasse a obra do músico para relançamento em CD.


Airport, 1970

Agora já sei mais sobre Vincent Bell. Por outro lado, continuo querendo descobrir quem é Arno Flor, que lançou com o Coral Santa Helena nos anos 70 o excelente disco "Sehnsucht Nach Der Heimat" com músicas em alemão apresentadas num estilo que lembra Ray Conniff. É outro que, a exemplo de Vincent Bell, representa um mistério para quem gostou do disco. Por que não lançou mais nada no mesmo estilo? Ou lançou? Qual sua obra? Um dia isso também será desvendado.


P.S.: Fiz algumas atualizações a este post, já que de vez em quando alguém o descobre. Gostaria de enfatizar que as fotos onde Vincent Bell aparece foram tiradas do site dele, cujo endereço é indicado acima, com link. É importante salientar isso porque tem gente divulgando na Internet que "um site brasileiro" tem fotos dele. As fotos não são exclusividade minha. Se vocês conferirem na fonte, encontrarão muitas outras. 






CARTAZES DO FILME
CRÉDITOS



                             








           














AEROPORTO (Airport), 1970

SINOPSE
Durante uma forte nevasca que ameaça fechar o funcionamento do aeroporto, Mel Bakersfeld (Burt Lancaster), o gerente encarregado, deve se virar para lidar com uma ameaça de um psicopata em explodir um avião.




ELENCO E FICHA TÉCNICA
 Elenco: Maureen Stapleton,  Burt Lancaster
 Jacqueline Bisset, Jean Seberg, George Kennedy
 Dean Martin, Helen Hayes, Virginia Grey
  Direção: George Seaton, Henry Hathaway
 Roteiro: Arthur Hailey (romance)
 Gênero: Drama/Suspense
 Origem e Ano: EUA, 1970
 Música: Vincent Bell




Os Girassóis da Rússia, (1970)






TRILHA ORIGINAL
Sunflower (HENRY MANCINI)




Os Girassóis da Rússia (The Sunflowers - I Girasoli) - 1970 

Os Girassóis da Rússia, uma das mais belas histórias de amor do cinema. Dirigido pelo mestre Vittorio De Sica, este clássico romântico tornou-se um dos maiores sucessos da dupla Sophia Loren e Marcello Mastroianni. Emocione-se com a história de um casal separado pela Segunda Guerra. Após anos sem notícias, ela viaja para a Rússia em busca do marido, atravessando cidades e campos de girassóis. Quando enfim ela o encontra, percebe que algo mudou entre eles. Com linda fotografia do grande Giuseppe Rotunno e música inesquecível de Henry Mancini, Os Girassóis da Rússia é um filme indispensável.



Com um estilo próprio, o cineasta Vittorio de Sica, dirige este memorável filme que narra a saga de uma mulher apaixonada em busca do marido desaparecido no front durante a Segunda Guerra Mundial. De Sica (Duas Mulheres, de 1960) gosta de retratar os dramas da vida sem rodeios – não reveste a personagem daquele heroísmo que desperta no público a sensação de aparente imortalidade.


O drama é aberto com imagens de girassóis e ao som da marcante melodia de Henry Mancini, que propiciam um clima de renascimento e esperança, mesmo depois das cinzas da guerra e suas irrecuperáveis perdas. É neste ambiente que Giovanna (Sophia Loren – El Cid, de 1961) deixa a bela Itália e sai em busca de Antonio (Marcello Mastroianni), que, oficialmente, é dado como perdido (morto) nos campos da Rússia. Ela não cansa de repetir: “Ele está vivo.” E está. Na esperança de encontrá-lo, percorre belíssimas plantações de girassóis, que com suas flores amarelas cobrem o outrora campo de batalha, trazendo a superação da morte e unindo seres humanos que no passado se digladiaram.


Sophia Loren e Marcelo Mastroianni

Antonio foi salvo – estava ferido e congelando - por uma camponesa russa; justo ele, que era italiano e inimigo dos russos. A tragédia da guerra os une e passam a viver como marido e mulher em uma vila. O casal tem uma filha chamada Katya, que, em sua inocência, desmorona o castelo de Giovanna, quando esta, enfim, chega ao lar onde vive o tão buscado marido e escuta a pequena dizer: Buongiorno! Não precisava ouvir mais nada – o pai, sem dúvida, a ensinara a saudação em língua italiana.


Uma mulher sente quando tudo está perdido. O reencontro com Antonio é constrangedor, pois sua atual mulher Masha (Ludmila Savelyeva) o espera e, ao descer do trem, tenta beijá-la, mas é rejeitado; logo adiante está aquela que atravessou fronteiras em nome de um amor que acreditava perdurar no tempo. Os olhares se cruzam e aí já é tarde demais para um recomeço. Havia outra entre eles.


O amor de Giovanna foi posto à prova e ela não nos decepcionou. Aqui está a diferença de sentimentos – a maioria das mulheres busca um amor único e verdadeiro e os homens – grande parte – gostam de aventuras. É minha opinião e o filme me faz refletir sobre este ponto, sobretudo, quando Antonio não volta para sua mulher, mesmo tendo o caminho livre. Por que não voltou? O que falou mais alto? Talvez não a amasse ou se acomodou diante das circunstâncias. Os homens sempre encontram justificativas para suas fraquezas diante de situações amorosas – na hora de decidir, procrastinam o quanto o tempo permitir.



Decepcionada, Giovanna retorna para seu país e encontra um companheiro para tentar preencher o vácuo deixado pela perda do amado que ficou em terras estranhas. Sabemos e sentimos que ela jamais irá esquecê-lo, viverá para sempre das lembranças de um sentimento no qual acreditou, a que se entregou sem limites.

A razão a impede de sair em uma nova cruzada, pois, ao receber em sua casa a visita de seu ex-marido, recusa um convite para acompanhá-lo, quando diz: “... Tenho um filho ali dentro. E sua filhinha?... Não podemos esquecê-los..” A despedida na estação é marcada mais uma vez por um olhar distante; distância que o homem desejado não foi capaz de superar.


Girassóis... é uma elegia ao amor; um tributo aos amantes da sétima arte e um filme para jamais ser esquecido. Uma reflexão sobre os verdadeiros valores da vida a dois, dentre eles um dos mais sublimes: o juramento perante o altar; promessa esta quebrada por Antonio. O que restou do nosso amor ficou... No tempo esquecido por você... (Trecho da música Distância, de Roberto e Erasmo Carlos). 






CARTAZES DO FILME













Os Girassóis da Rússia (The Sunflowers - I Girasoli) - 1970 

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, Giovanna (Sophia Loren) se recusa a aceitar que o marido (Marcello Mastroianni) tenha morrido em combate na Rússia. Ela decide então viajar em busca de seu paradeiro. Em "Os Girassóis da Rússia", o italiano Vittorio De Sica (1901-1974) distancia-se do tipo de cinema que ajudou a formular no início da carreira, fase em que foi um dos pilares do movimento Neorrealista com filmes de estética despojada. Das paisagens russas (até então pouco vistas em produções ocidentais) à trilha sonora de Henry Mancini, passando pela presença de duas grandes estrelas do cinema italiano, “Os Girassóis da Rússia” carrega a marca dos espetáculos épicos e grandiosos.


ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Sophia Loren, Marcelo Mastroianni
Lyudmila Savelyeva, Mascia Galina
Andreyeva, Anna Carena
Diretor: Vittorio de Sica
Música: Henry Mancini
Gênero: Romance/Drama
País e Ano: Itália/União Soviética - 1970





20 de outubro de 2014

Sol Vermelho, (1971)






TRILHA ORIGINAL

Red Sun - Maurice Jarre



SOL VERMELHO (Soleil Rouge / Red Sun) - 1971

Era uma vez um pistoleiro que encontrou um samurai...

No início da agitada década de 70, mais precisamente no ano de 1971 estreava nas telas dos cinemas um dos faroestes mais exóticos da história do gênero: Sol Vermelho, título corretamente traduzido de seu nome original em inglês Red Sun. Dirigido por Terence Young, competente cineasta que na década de 60 comandou algumas das melhores aventuras da franquia 007, agora aventurava-se na direção de um western diferente e original com um elenco de grandes astros daquele período e a sequência de uma breve parceria com Charles Bronson, pois Young o havia dirigido um ano antes no ótimo Cold Sweat (1971) e voltaria a dirigi-lo em 1972 no desconhecido O segredo da Cosa Nostra.

Red Sun foi escrito por três roteiristas, Bart Petitclerc, Willian Roberts e Lawrence Roman embasados no livro de Laird Koenig. É um western estadunidense embora não pareça, pois sua composição com uma montagem um tanto simples e trazendo um elenco de atores europeus remete diretamente aos moldes dos típicos westerns italianos, os chamados spaghetti western - e mesmo que o filme fosse italiano seu elenco internacional é incomum para uma produção desse gênero ao reunir os talentos do astro francês Alain Delon, a musa sueca Ursula Andress e Toshiro Mifune, ator que se tornou mito do cinema japonês, embora fosse de origem chinesa.


Bronson, Delon, Ursula e Toshiro, no filme, 1971
O enredo de Sol Vermelho segue a trajetória de uma comitiva do embaixador do Japão que chega de viagem aos Estados Unidos no ano de 1860 para visitar o presidente a fim de lhe entregarem um presente do governo japonês como símbolo de bom entendimento entre ambas as nações - o tal presente é uma espada muito valiosa e os visitantes representam os últimos samurais do Japão antigo e ao cruzarem o território norte-americano numa viagem de trem logo nos 10 minutos iniciais, o trem é tomado de assalto por uma numerosa quadrilha de ladrões chefiada pelo francês Gauche interpretado por Delon e seu parceiro norte-americano Link, interpretado por Bronson.


Link é traído por Gauche que foge junto com a quadrilha deixando o parceiro para trás desacordado após a explosão de um vagão. Link é então acolhido pelos japoneses e o embaixador lhe propõe um acordo para que ele conduza seu samurai, Kuroda até o esconderijo da quadrilha a fim de que ele possa recuperar a valiosa espada e vingar a desonra que sofreram e não havendo outra saída, Link aceita o acordo pois terá a chance de recuperar a parte do dinheiro a que tem direito.

Alain Delon e Toshiro Mifune

A inusitada união entre o pistoleiro e o samurai rende ótimos momentos de humor, pois Bronson interpreta um personagem muito falastrão e com ótimas sacadas de humor, pois várias vezes Link tenta fugir e deixar Kuroda para trás, mas o samurai além de ágil, é inteligente demais para ser enganado por um mero ladrão de trens. Além da ótima composição de Bronson, Toshiro Mifune tem um ótimo destaque ao interpretar o honrado Kuroda, afinal o astro consagrou-se no cinema japonês justamente pelos papéis de samurai na maioria dos filmes que estrelou. A devoção obstinada de Kuroda em cumprir a missão de recuperar a espada e vingar a honra de seus compatriotas chega a ser comovente, até porquê o guerreiro reconhece que está vivendo seus últimos dias de samurai, pois o Japão passa por profundas mudanças sociais e a era de seus nobres guerreiros caminhava para o fim.


Charles Bronson e Toshiro Mifune

O cruzamento entre western e aventura oriental é um interessante paralelo, pois a crítica especializada em cinema já fez várias comparações entre os gêneros de aventura do ocidente e do oriente e o modo como ambos os gêneros se influenciaram ao longo da década de 60, época do auge dessas produções. Só para citar um exemplo, sabe-se que a maravilhosa Trilogia dos dólares (Por uns dólares a mais, Por um punhado de dólares, Três homens em conflito) dirigida por Sergio Leone é claramente uma refilmagem não oficial de Yojimbo (1961), obra prima do cineasta Akira Kurosawa e estrelada por Toshiro Mifune.


Ursula Andress e Alain Delon

Além das ótimas atuações de Bronson e Mifune, o galã francês Alain Delon encarna o arrogante vilão Gauche expressando incrível falsidade em seu olhar que demonstra o quanto ele é de fato traiçoeiro. E para o deleite do público masculino a linda atriz sueca Ursula Andress empresta seu talento e sensualidade à personagem Cristina, amante de Gauche e tal como ele, igualmente traiçoeira. Enfim, motivos não faltam para ver ou rever Sol Vermelho e muito mais detalhes poderiam ser revelados nesta simples resenha para descrever o quanto essa película é valiosa para o gênero western, bem como para o gênero de aventura oriental. Afinal, tanto o samurai quanto o pistoleiro cavalgam sob os raios do mesmo sol. 
CRÉDITOS DO TEXTO: Robert - (actionclub.blogspot)





CARTAZES DO FILME 


























SOL VERMELHO (Soleil Rouge / Red Sun) - 1971

SINOPSE
Arizona, década de 1870. Os violentos bandidos Link (Charles Bronson) e Gotch (Alain Delon) atacam com seu bando o trem que conduz o embaixador japonês para a capital Washington. Durante a ação, Gotch leva consigo uma valiosa espada de ouro que seria um presente do imperador para o presidente dos EUA. O esperto fora-da-lei aproveita o momento para tentar matar Link e ficar com todo o dinheiro do roubo. Link sobrevive, assim como o samurai Kuroda (Toshirô Mifune), único guarda japonês que restou. Enquanto o bandido quer o dinheiro, o guerreiro quer a espada de volta. Para ter sucesso na missão, a improvável dupla precisará superar as diferenças para conseguirem enfrentar Gotch. Só que o tempo está passando e a honra do samurai precisará ser lavada em apenas sete dias, ou ele terá que tirar sua própria vida!




ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Alain Delon, Anthony Dawson 
Capucine, Charles Bronson,
Toshiro Mifune, Ursula Andress
Título Original: Red Sun
Gênero: western
Music: Maurice Jarre
Diretor: Terence Young
Roteiro: Bart Petitclerc
Willian Roberts e Lawrence Roman
Origem e Ano: França/Itália/Espanha -1971