11 de dezembro de 2014

O Iluminado, (1980)






Midnight, The Stars And You 
Al Bowlly (Vocal ) e Ray Noble and His Orchestra 
Claro que foi uma licença artistica usar "Midnight, The Stars And You" de Al Bowlly & Ray Noble Orchestra cantando em um ballroom na swinging London, e quando termina o filme mostrando a  foto no hotel datada de 1921, mas a música originalmente tem como data de sua gravação o ano de 1932. Bowlly só chegou a Londres em 1928, era moçambicano, nasceu em Lourenço Marques, então colonia portuguesa. Mas a maioria das musicas foram feitas por Krzysztof Penderecki, na época foi considerada a trilha sonora mais assustadora de filme de terror, dando uma sensação de ação e terror nos gestos dos atores e nos sons. Assim aumentando mais o terror psicológico do filme. As Musicas  Utrenja - Ewangelia e Utrenja - Kanon Paschy (sabe aquelas do final onde Wendy se encontra com o cara e o urso no quarto...) na verdade eles cantam sobre a procissão de Cristo em holandês, de uma forma bem  sinistra...


O Iluminado (The Shining) - 1980


Stanley Kubrick, figura rara dentro da história do cinema, teve a carreira marcada pela sua postura cética a respeito do ser humano, e por ser dono de uma estilística incomparável, que sempre buscava a perfeição em cada take. Visto pela crítica como um diretor extremamente intelectual, Kubrick tinha um tema recorrente em suas produções: a guerra. Com o passar dos anos, a fórmula pesada que o diretor utilizava, começou a criar um certo desgosto por parte do público, fazendo com que o diretor deixasse os EUA, e caminhasse para a Inglaterra, onde trabalhou até seus últimos anos de vida.


Depois de realizar alguns trabalhos na fase britânica, dentre eles: "2001 - Uma Odisseia no Espaço" e "Laranja Mecânica", obras que consagraram a filmografia do diretor, Kubrick parte para uma temática que, até então, era incompatível com o seu perfil intelectual. Como já era de se esperar, a crítica apedrejou "O Iluminado". O diretor chegou a ser criticado pelo próprio Stephen King, autor do livro no qual o filme foi baseado, que considerava Kubrick como um homem muito frio, incapaz de trazer uma abordagem agradável, para um tema tão impactante. Anos depois, após toda essa resistência, "O Iluminado" começava a ganhar seu verdadeiro reconhecimento, provando que Kubrick era dono de uma versatilidade invejável, e que estava pronto para deixar o espectador boquiaberto, a cada filme que fosse produzido.



Início do rigoroso inverno americano. Jack Torrance (Jack Nicholson) é contratado para passar alguns meses, dentro de um hotel, juntamente com a sua esposa (Shelley Duvall) e seu filho (Danny Lloyd), para cuidar das dependências do local, durante essa estação do ano. O que parecia ser uma boa experiência para o pai de família, que buscava mais tranquilidade para escrever o seu livro, acaba virando um pesadelo terrível, quando a solidão acaba afetando o convívio dos três. Cercados de neve por todos os cantos, o hotel vira palco de acontecimentos inexplicáveis, onde a loucura perambula pelos longos corredores. Deslumbrante em cada take. Uma atmosfera tão pesada, que o espectador fica tenso, vendo apenas uma tela preta, com as seguintes palavras: Terça-Feira. Belíssima observação de Janet Maslin, crítica do New York Times, que defendia o trabalho do diretor americano, e, principalmente, sua mudança de estilo.



Com um roteiro sólido, e com certas modificações, em relação ao material que deu origem ao filme, Kubrick consegue conduzir o filme da maneira mais correta possível, acertando em cheio, ao utilizar certa ambiguidade no desenvolvimento da estória. Até um determinado ponto crucial do filme, o espectador não consegue saber se tudo aquilo que acontece pode ser justificado pela insanidade do personagem de Jack Nicholson, ou se o hotel é palco de atividades sobrenaturais. Essa dúvida é solucionada, entretanto, no belo desfecho, o diretor dá espaço para outras abordagens possíveis. Kubrick termina o seu filme, mas deixa o espectador pensando por horas. Para uma pessoa tão fria, como Stephen King comentou, o americano conseguiu criar um universo de proporções indescritíveis.



O trabalho de câmera é fundamental para aprimorar a atmosfera soturna. Com o uso predominante da steadicam, que proporciona uma filmagem sem os trancos gerados pelos movimentos do corpo, além de facilitar o movimento entre os cenários, sem a utilização de cortes, o diretor opta por uma filmagem com planos abertos, para aumentar o sentimento de solidão, dentro de cada cena. As proporções dos cenários e dos personagens, colaboram para esse vazio aterrorizante. Outra técnica utilizada, é a de filmar os personagens de costas, como se os mesmos estivessem sendo perseguidos. O espectador, devido ao clima criado, encara a filmagem de forma subjetiva, sempre esperando alguém aparecer, mas não, Kubrick apenas vai preparando o espectador para os próximos minutos.



Costumam dizer que o papel de Jack Nicholson, em "O Iluminado", marcou a sua carreira. Quem diz isso, está coberto de razão. Kubrick se preocupava muito com os atores que escalava para os seus filmes, e quando escolheu Jack Nicholson para viver o personagem Jack Torrance, o diretor disse que encontrou a pessoa mais apropriada, afinal de contas, sua aparência já trazia um diferencial assustador. Por mais que um ator tente trabalhar suas feições, jamais vai superar algo que é natural. O profissionalismo do ator acabou encantando o diretor, durante o período das gravações. Nicholson foi além do que o roteiro dizia, improvisando em certos takes, e trazendo um charme a mais, para a produção.


Na antológica cena em que o seu personagem quebra a porta com um machado, e Jack aproxima o rosto do vão, dizendo: "Here's Johnny!", notamos uma ligação com a abertura do programa de Johnny Carson, que era bem famoso, na TV americana. Em outro momento que Jack extravasa os limites do roteiro, é a cena em que ele joga a bola de tênis contra as paredes do saguão. Neste caso, o roteiro apenas anunciava: Jack não está trabalhando. Uma atuação brilhante. É impossível imaginar outro profissional na pele de Jack Torrance.



A escolha de Shelley Duvall também seguiu o padrão supracitado. O diretor dizia que sua aparência era a mais pura representação da impotência, e ele precisava de uma atriz que demonstrasse uma degradação psicológica extremamente verossímil. Por causa do seu perfeccionismo, e da sua intenção de buscar a espontaneidade do seu elenco, Kubrick fazia questão de gravar os mesmo takes, por mais de 30 vezes. Essa atitude do diretor, acabava frustrando os atores. Em certa cena em que Scatman Crothers - interpretando o personagem Dick Hallorann - participa, o americano fez com que ela fosse rodada mais de 40 vezes, fazendo com que o ator veterano começasse a chorar, devido ao imenso desgaste. Outro grande atrativo do elenco era o jovem Danny Lloyd. Como a estória de "O Iluminado" tinha um forte tom macabro, o diretor organizou as cenas em que ele aparecia, para serem gravadas de forma rápida, e sempre com a presença dos pais. Como o garoto tinha apenas 7 anos, Kubrick fazia questão de protegê-lo contra qualquer choque que ele pudesse ter, por perceber a verdadeira temática de sua produção. Essa ligação dos dois, acabou gerando um grande companheirismo entre eles.



A cenografia de "O Iluminado" é mais um dos grandes atrativos da obra. Para decidir os melhores ambientes possíveis, o desenhista de produção, Roy Walker, entrou em cena, pedindo para que diversos fotógrafos tirassem fotos dos mais diversos hotéis que conheciam. Com base nessas fotos, começaram a montar os cenários do filme. Elogiar esse quesito, é fundamental. O clima não seria o mesmo, sem a combinação da direção de arte, com a fotografia. A caracterização de cada ambiente é minuciosa, e conquista o público pelo trabalho apurado. Da cena do luxuoso baile, às tomadas exteriores. O perfeccionismo de Kubrick é uma grande qualidade, sem dúvida alguma. Sobre a fotografia, ressalto o incrível jogo de luzes. Adotam uma tonalidade que remete ao fantasmagórico, dando destaque para as cenas do labirinto. Tudo é friamente calculado para causar um verdadeiro efeito pertubador, no espectador. Por mais que os ambientes sejam espaçosos, acabamos presenciando algo de caráter claustrofóbico, mediante ao produto de imagem e som, trabalhando juntos. Formada por composições de vários músicos, como por exemplo: Krzysztof Penderecki, que também contribuiu para "O Exorcista", de William Friedkin, a trilha sonora acompanha o ritmo do filme, com suas notas que alternam entre o depressivo e o lúgubre.



Uma experiência cinematográfica divina. Um passeio marcante entre a insanidade e o sobrenatural, protagonizado por personagens que beiram a loucura, amedrontando e fascinando o espectador, ao mesmo tempo. A resistência da crítica não passava de um mero protesto contra a mudança repentina do diretor, entretanto, quando estamos falando de uma obra-prima, nada consegue ofuscar os seus lampejos. O americano, começando pelos quesitos básicos, consegue levantar mais uma das produções que marcaram sua carreira. Por mais que o seu perfeccionismo, por vezes, fosse encarado de forma negativa, não dá pra negar que outro diretor dificilmente teria o mesmo apreço, seja com a filmagem, com a estética, ou até mesmo, com a escolha a dedo, do seu elenco. Pela frente das câmeras, brilhou Jack Nicholson, por trás das câmeras, brilhou um gênio, chamado: Stanley Kubrick. 






CARTAZES DO FILME






CURIOSIDADES
Quando ainda estava em busca de um novo projeto para o cinema, Stanley Kubrick pesquisou vários livros até achar um que o interessasse. Foi quando, ao pesquisar nos livros que estavam em seu próprio escritório, ele encontrou "The Shining", de Stephen King, resolveu lê-lo e, posteriormente, transformá-lo em filme.

No livro "The Shining" o apartamento onde o filme se desenrolava era o de número 217. Atendendo a um pedido do dono do hotel onde O Iluminado foi filmado, que temia que as pessoas não alugassem o quarto 217 por causa do filme, o número do apartamento foi alterado para 237, inexistente no hotel em que o filme fora rodado. 

 Stanley Kubrick rodou nada mais nada menos do que 127 vezes uma cena com a atriz Shelley Duvall, até que ela ficasse do jeito como o diretor queria.

Durante o making of de O Iluminado era comum o diretor ligar de madrugada para o escritor Stephen King e fazer-lhe perguntas tipo se ele acreditava em Deus.

Sempre que o personagem Jack Torrance falava com um "fantasma" no filme havia um espelho em cena.



O fato quase não é mencionado no filme, mas o hotel Overlook havia sido construído em cima de um cemitério indígena. Na época das obras, muitos índios foram mortos. Há quem interprete o filme como a história da extermínio dos índios americanos .

O diretor, famoso por sua compulsividade e perfecionismo, conseguiu filmar a cena do sangue no elevador em apenas três tomadas. Fácil? Que nada! Foram nove dias só para preparar a cena. Ele teria dito várias vezes: “não parece sangue”. Segundo o livro dos recordes, “O Iluminado” é imbatível no quesito número de tomadas por uma cena. Na cena em que Wendy foge de Jack pela escada, foram 125 tomadas.

As cenas de Danny andando de velocípede foram feitas com steadicam (um aparelho usado na cintura do cinegrafista onde é acoplada a câmera para que ela não trepide). O longa foi o primeiro a utilizar o equipamento.


A trilha sonora do filme de 1980, a maioria das musicas foram feitas por Krzysztof Penderecki, na época foi considerada a trilha sonora mais assustadora de filme de terror, dando uma sensação de ação e terror nos gestos dos atores e nos sons. Assim aumentando mais o terror psicológico do filme.

As Musicas  Utrenja - Ewangelia e Utrenja - Kanon Paschy (sabe aquelas do final  onde Wendy se encontra com o cara e o urso no quarto...) na verdade eles cantam sobre a procissão de Cristo em holandês, de uma forma bem  sinistra...



CENA DO FILME
Here's Johnny! (The Shining)



O Iluminado (The Shining) - 1980

SINOPSE
Jack Nicholson é o escritor que se muda com a família para um hotel que permanece fechado durante o inverno. Ele só quer um lugar tranquilo para escrever. Mas tranquilidade é a última coisa que ele e o espectador vão encontrar. Com a direção precisa de Stanley Kubrick, que gera medo só de passear com a câmara pelos corredores e espaços vazios do hotel este clássico do terror se baseia em uma história de outro mestre, Stephen king. É impossível ficar imune à interpretação alucinada e arrepiante de Nicholson e à delirante transformação de seu personagem.



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco:  Jack Nicholson, Shelley Duvall, 
Danny Lloyd, Scatman Crothers,
Barry Nelson, Philip Stone, Joe Turkel
Direção: Stanley Kubrick
Produção: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick,
Diane Johnson
País e Ano - EUA - 1980
Gênero: Terror psicológico
Baseado em: O Iluminado de Stephen King
Montagem: Ray Lovejoy
Música: Wendy Carlos e Rachel Elkind
Fotografia: John Alcott



9 de dezembro de 2014

O Baile, (1983)




TRILHA ORIGINAL
La Paloma (Vladimir Cosma)

A multiplicidade de ritmos que invade "O Baile" garante à obra uma postura universal, muito além da história da França. Temos de tudo um pouco: clássicas baladas do começo do século passado, jazz, rumba, tango, rock’n roll, disco dance e até um samba de Ary Barroso (Aquarela do Brasil). Um pot-pourri e tanto! As músicas deixam de ser apenas um detalhe técnico para se tornarem personagens.



O Baile (Le Bal), (1983)


O Baile, de Ettore Scola
Avistamos, inicialmente, globos de espelhos. Em seguida, é apresentado o único cenário do filme: uma espaçosa pista de dança, rodeada por mesas e cadeiras e um balcão de bebidas, uma escadaria ao fundo. Eis que os atores vão surgindo. Primeiro, as mulheres, uma a uma; depois, os homens vêm, formam uma fila e descem os degraus simultaneamente. Todos, ao entrar, dirigem-se ao grande espelho do outro lado do salão para se observar, conferir se o cabelo e a roupa estão nos conformes. Nenhuma palavra é proferida, há somente olhares e gestos.


Não vi todos os filmes do italiano Ettore Scola, mas O Baile é, muito provavelmente, o projeto mais criativo de sua carreira. A ausência total de diálogos confere ao roteiro uma perigosa incursão no mundo da pantomima em plena década de 80, além de uma cuidadosa coreografia musical que realça o enfoque emocional de cada situação. A dramaturgia da fita depende exclusivamente da mise-en-scène, uma tarefa hiperarriscada!




A premissa é traçar uma retrospectiva da sociedade francesa, desde a década de 30 até o final dos anos 70, por meio dos figurinos e da trilha sonora. O elenco é sempre o mesmo, entretanto as músicas e a cenografia encarregam-se de nos ambientar em diferentes períodos históricos. Mais que isso, O Baile escreve uma esplêndida crônica dos relacionamentos humanos ao longo do século 20, tão saturado por mudanças comportamentais. O melindre no primeiro contato dos rapazes com as moças, no período do pré-guerra, dá lugar à exploração banal da sensualidade nos rituais modernos de paquera. Decotes ousados e pernas de fora deixam pra trás os ancestrais vestidos recatados e toda a sorte de acessórios.




Apesar das transformações mais visíveis, Scola deixa patente que o maior objetivo das pessoas é imutável: encontrar um parceiro. E qual melhor ambiente para falar disso do que uma pista de dança? O salão, as músicas e o gestual dos atores se mantêm como elemento figurativo da passagem do tempo, tal como a caricatura dos mais diversos tipos urbanos.


A multiplicidade de ritmos que invade O Baile garante à obra uma postura universal, muito além da história da França. Temos de tudo um pouco: clássicas baladas do começo do século passado, jazz, rumba, tango, rock’n roll, disco dance e até um samba de Ary Barroso (Aquarela do Brasil). Um pot-pourri e tanto! As músicas deixam de ser apenas um detalhe técnico para se tornarem personagens.



A consistência desse trabalho é comprovada pelo notável estudo dos atores unicamente pelas exterioridades, o que converte qualquer fala num item supérfluo. Existe, sim, o pano de fundo histórico — a queda da aristocracia, a invasão nazista, o milagre econômico, as rebeliões estudantis, etc. —, contudo O Baile se fia em especial na ampliação da linguagem cinematográfica, transcendendo as regras básicas da sétima arte, para fazer um panorama psicológico dos personagens pelo uso do corpo e seus movimentos. No balé de Scola, nenhuma palavra é pronunciada, porém muita coisa é dita.





TRILHA ORIGINAL

Le Bal (Trumpet - Pierre Dutour)



SEQUÊNCIA
Es plaisirs démodés (Charles Aznavour)



TRAILER
Et maintenant (Vladimir Cosma)





CARTAZES DO FILME 





                                                                                                   
O Baile (Le Bal), (1983)


SINOPSE
Através de um salão de dança, a narrativa dos acontecimentos políticos, como as Frentes Populares, Invasão Nazista, 2ª Guerra, Maio de 68, e culturais, com a entrada do Jazz, Rock e da Discomusic, que foram marcantes na França dos anos 30 aos anos 80. A ausencia de diálogos faz com que o diretor utilize da simbologia, juntamente com os personagens de comportamentos peculiares, para criar um ambiente que represente cada época.





ELENCO E FICHA TÉCNICA
(Actores do grupo de Théatre du Campagnol)

Elenco: Danielle Rochard, Étienne Guichard, Régis Bouquet, 
Francesco De Rosa, Arnault LeCarpentier, 
Liliane Delval, Martine Chauvin, Marc Berman
Genevieve Rey-Penchenat, Rossana Di Lorenzo
Gênero: Musical
Direção: Ettore Scola
Roteiro: Ettore Scola, Furio Furio Scarpelli, 
Jean-Claude Penchenat, Ruggero Maccari
Produção: Giorgio Silvagni
Fotografia: Ricardo Aronovich
Trilha Sonora: Vladimir Cosma
País de origem: França, Argélia e Itália






PRÊMIOS E INDICAÇÕES


Oscar 1984 (EUA)
Indicado na categoria de melhor filme estrangeiro (representando a Argélia).


Festival de Berlim 1984 (Alemanha)
Recebeu o prêmio dos leitores do jornal Berliner Morgenpost
Ettore Scola recebeu o Urso de Prata.

Indicado ao Urso de Ouro.


Prêmio César 1984 (França) 
Venceu nas categorias de melhor diretor, de melhor filme francês (com À nos amours) e melhor música. 

Indicado na categoria de melhor fotografia (Ricardo Aronovich). 



David di Donatello 1984 (Itália) 
Venceu nas categorias de melhor filme (com E la nave va), melhor diretor, melhor edição e melhor música.






CURIOSIDADE

Le bal é uma adaptação que o Théatre du Campagnol tinha montado em Paris, e que com cerca de vinte e cinco actores, conseguiu compor cento e quarenta personagens. À ideia do espectáculo original, Scola foi acrescentando referências cinéfilas, em quadros que passam pelo realismo poético francês, pelo filme musical estadunidense, pelo neorealismo italiano e até pela presença de um actor com extraordinária semelhança com Jean Gabin.




2 de dezembro de 2014

O Show Deve Continuar (All That Jazz), (1979)





TRILHA ORIGINAL

 On Broadway - George Benson
Munido de uma trilha sonora de primeira grandeza, uma das primeiras canções do filme, considerada por muitos como sendo a mais marcante, é "On Broadway", onde Gideon escolhe o elenco de sua nova produção e dezenas de pessoas dançam ao som contagiante da canção.


O show deve continuar (All that jazz, 1979)

"É hora do show, pessoal!"

A frase acima, dita tantas vezes ao longo de "O show deve continuar", expressa com perfeição a experiência de se assistir ao filme - um show. O diretor Bob Fosse volta ao cinema sete anos após seu genial "Cabaret" com um musical semi auto-biográfico sobre os exageros cometidos em sua vida no show business.

Roy Scheider

O filme se abre com John Gideon (Roy Scheider), um diretor de cinema e peças de teatro, em seu começo de dia: uma fita no rádio (o filme foi feito antes do advento do CD) dá um tom operático a sua vida pontuada por excessos, demonstrado por pílulas espalhadas pelo banheiro e seu cigarro sempre na boca (inclusive no banho). A palavra que resumiria a vida de Gideon é simplesmente "excesso": trabalho em excesso (não que ele reclame disso, ele faz por prazer), mulheres em excesso, stress em excesso. Tamanhos exageros o levam a ser uma pessoa basicamente solitária e o fazem flirtar com a morte - interpretada no filme como uma bela mulher de branco por Jessica Lange.

O ponto mais comentado na comunidade de críticos é o fato do filme ser semi auto-biográfico, porém mesmo não sendo, ainda assim é um deleite a todos, independente de gostar de musicais ou não. Em "O show deve continuar", nenhum personagem pára o que está fazendo e começa a cantar (contrário a maioria dos musicais pré-anos 70). Todos os números de canto e dança aparecem em meio às alucinações ou imaginação de Gideon - de forma similar à forma em que foi feito, mais de 20 anos depois, em "Chicago" que, por sinal, foi criado por Fosse para a Broadway (o título original de "O show deve continuar" se refere à musica de abertura de "Chicago").


Uma das indicações do filme no Oscar de 1979 foi de melhor ator para Roy Scheider, e foi uma terrível injustiça o ator ter perdido a estatueta. Scheider era muito popular na década de 70, e estava presente no filme vencedor do Oscar de melhor filme de 1971 ("Operação França") e seu papel mais conhecido provavelmente é o chefe Brody de "Tubarão", porém nenhum desses papéis se compara ao John Gideon representado por Scheider em "O show deve continuar". Algo muito comum é assistir a um filme e pensar "Eu já vi esse ator/atriz em algum lugar", porém Scheider criou um personagem tão convincente, que nada lembra seus trabalhos anteriores, tornando sua interpretação um exemplo a ser seguido. É raro ver uma atuação que não é apenas uma pessoa recitando palavras, e sim um compromisso de corpo e alma, em que o ator na tela é uma encarnação de seu personagem, um ser tri-dimensional que permanece conosco após o filme e com quem é facil de se identificar de alguma forma.

Jessica Lange

Munido de uma trilha sonora de primeira grandeza, uma das primeiras canções do filme, considerada por muitos como sendo a mais marcante, é "On Broadway", onde Gideon escolhe o elenco de sua nova produção e dezenas de pessoas dançam ao som contagiante da canção. O resto das músicas são encaixadas no contexto do filme, e aquelas cujo conteúdo é mais relevante para o filme, são as que se passam na imaginação do diretor onde os outros personagens expressam suas idéias em forma de canto - a parte em que isso se exemplifica seria durante a cirurgia, em que assiste as mulheres de sua vida (a ex-esposa, filha e namorada) falam de seus erros para com elas. Mesmo depois dessa experiência, o personagem não muda e continua com seus excessos. Aparentemente, sua conduta é apenas uma forma de conquistar o anjo da morte e satisfazer seus desejos físicos. Seu adeus à vida é feito da forma mais condizente possível ao seu estilo de vida: em um mega-espetáculo com uma grande platéia e em um grande número musical e no fim dele ele vai de encontro à bela mulher que para ele representa a morte.


Uma das cenas mais memoráveis do filme é a apresentação de "Take off with us/Air-otica", uma demonstração magnífica da beleza do corpo humano em movimento. Nessa cena, Fosse esbanja seu estílo característico de coreografia, com movimentos sensuais sem nunca parecer vulgar, um exemplo a ser seguido por aqueles que se dizem cineastas mas não têm um pingo de estilo.

"O show deve continuar" é um filme vencedor, e diversas premiações ao redor do mundo o consagraram na época nas mais diversas áreas, e isso comprova que este é um filme extremamente bem feito em todos os aspectos. Como a premiação mais badalada é o Oscar, este entra na imensa lista de injustiças da premiação, sendo infinitamente superior ao vencedor do prêmio de melhor filme daquele ano (a saber: "Kramer versus Kramer") e em nível equivalente a outro concorrente, "Apocalypse now". Bob Fosse morreu jovem alguns anos após a conclusão desse filme, em mais um caso em que a vida imita a arte, nos privando de mais grandes obras de um grande diretor. Fosse pode ter ido embora cedo, mas todo seu sacrifício não foi em vão, e todo aquele jazz ficará imortalizado enquanto houverem pessoas de bom gosto de cinema.





CARTAZES DO FILME 























O Show Deve Continuar (All that jazz, 1979)

SINOPSE
Uma Obra de Arte! O Show deve Continuar é na verdade um relato semiautobiográfico da vida do elogiado escritor/diretor/coreógrafo, Bob Fosse. Por vezes trágica, e por outras, cômica, esta incrível análise da vida cheia de excessos de Bob Fosse no show business emociona neste musical vencedor de diversos Oscar.



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Roy Scheider, Jessica Lange, 
Ann Reinking, Ben Vereen, Cliff Gorman, 
Erzsebet Foldi, Leland Palmer, 
Michael Tolan, 
Título Original: All That Jazz
Direção: Bob Fosse
Ano: 1979
Gênero: Musical e Drama
Origem e Ano: EUA - 1979
Roteiro: Robert Alan Aurthur e Bob Fosse
Baseado: Vida e ideia de Bob Fosse
Produção: Robert Alan Aurthur
Fotografia: Giuseppe Rotunno
Trilha Sonora: Ralph Burns



PRÊMIOS
OSCAR 1981 (EUA)
Melhor Edição:  Alan Heim 
Melhor Direção de Arte: Philip Rosenberg,
Tony Walton, Edward Stewart e Gary J. Brink 
Melhor Figurino:  Albert Wolsky 
Melhor Trilha Sonora (Adaptada): Ralph Burns

INDICAÇÃO
Melhor Filme
Melhor Diretor: Bob Fosse
Melhor Ator: Roy Scheider
Melhor Roteiro Original: Robert Alan Aurthur e Bob Fosse
Melhor Fotografia: Giuseppe Rotunno


BAFTA 1981 (Reino Unido)
Venceu nas categorias de melhor fotografia e melhor montagem.

Indicado nas categorias de Melhor Ator (Roy Scheider),
melhor figurino, melhor direção de arte e melhor som.

Festival de Cannes 1980 (França)
Ganhou a Palma de Ouro.

Prêmio Bodil 1981 (Dinamarca)
Venceu na categoria de melhor filme não-europeu.
Globo de Ouro
Indicado na categoria de melhor ator de cinema - comédia/musical (Roy Scheider).
Academia Japonesa de Cinema 1981 (Japão)
Venceu na categoria de melhor filme de língua estrangeira.

Prêmio Eddie 1980 (EUA)
Venceu na categoria de melhor edição em cinema. 




CURIOSIDADES
Em 1973 ganhou o Oscar de melhor diretor por "Cabaret", o Tony de melhor diretor por "Pippin" e o Emmy de melhor diretor por "Liza with a Z". É até hoje o único diretor a ganhar, no mesmo ano, os três principais prêmios de direção da indústria do entretenimento americana.  

O título original do filme é o nome de uma das canções mais conhecidas do musical da Broadway "Chicago", de autoria de Bob Fosse.
    
O ator originalmente escolhido para o papel de Gideon era Richard Dreyfuss, mas ele desistiu do filme pouco antes do início das filmagens.
   
The Stand-Up, o filme fictício dirigido por Gideon, simboliza Lenny, o filme anterior de Bob Fosse.
   
Este filme ocupa a 14ª colocação na Lista dos 25 Maiores Musicais Americanos de todos os tempos, idealizada pelo American Film Institute (AFI) e divulgada em 2006.

30 de novembro de 2014

Viver por Viver, (1967)

  




TRILHA ORIGINAL
Vivre Pour Vivre - Nicole Croisille (Francis Lai)

Certamente um ano depois do lançamento do filme na Europa e EUA, penso que ele foi lançado no Brasil. Com ele, sua trilha sonora, um excepcional trabalho de Francis Lai, com um tema básico lindo, desenvolvido em diversos andamentos, além de outras músicas, algumas cantadas, uma delas por Nicole Croisille.



Viver por viver (Vivre pour Vivre) - 1967

Viver por Viver, de Claude Lelouch, de 1967, Globo de Ouro, indicado ao Oscar. Com Yves Montand, Annie Girardot e Candice Bergen. Figurino de Yves Saint Laurent e música de Francis Lai, uma delas cantada por Nicole Croisille.

Annie Girardot

Aconteceu-me algo muito interessante, muito marcante de vida, que agora divido com os leitores deste blog. O filme francês "Vivre pour Vivre" foi lançado em 1967, dirigido por Claude Lelouch. Foi uma época especial, com desdobramentos sentidos até hoje. Guerra do Vietnã, rock, revolução de costumes, moda, sexo livre, hippies, flower power. Além da assinatura de Lelouch, o elenco tem o super galã Yves Montand, a belíssima Annie Girardot e a americana Candice Bergen, no auge da beleza e juventude que fez Tom Jobim compor "Bonita", somente por vê-la dentro de um avião, ela que acabou nos braços do jornalista Tarso de Castro. Mas é outra história.

Yves Montand, Annie Girardot, Claude Lelouch
e Candice Bergen no set de filmagem.

O autor dos figurinos é ninguém menos que Yves Saint Laurent. E a música, de Francis Lai. O filme é bem romântico, onde Yves faz um repórter especial de televisão que vive viajando e mantém várias namoradas apesar de ser casado com Annie. Surge Candice e é a nova namorada. No triângulo amoroso, a esposa sai perdendo, mas a garota americana, após algum tempo, manda o jornalista adiante e este, sozinho, tenta um retorno ao lar antigo. Há cenas lindas de Paris e Amsterdam mas o que penso é que o personagem de Yves gosta mesmo é de cigarro. Durante o filme deve fumar uns trinta a quarenta, quem sabe. Annie e Candice, lindas, falam, beijam, prometem, e Yves acende cigarros. Em nossa atualidade onde fumar virou algo condenável, Yves chega a chocar de tanta fumaça e em qualquer lugar. Mas não era disso que desejava falar. 

Yves Montand e Annie Girardot

Certamente um ano depois do lançamento do filme na Europa e EUA, penso que ele foi lançado no Brasil. Com ele, sua trilha sonora, um excepcional trabalho de Francis Lai, com um tema básico lindo, desenvolvido em diversos andamentos, além de outras músicas, algumas cantadas, uma delas por Nicole Croisille. O disco apareceu em casa. Meu pai, à época, escrevia sobre discos em algum jornal. A gravadora enviou. E logo estava em nossos "pratos". Amadureci, envelheci e continuei apaixonado pela trilha. 

Candice Bergen

Anos atrás, comprei uma versão em cd, com faixas remasterizadas. O mais incrível: nunca havia assistido "Viver por Viver". Não tinha a menor idéia do roteiro do filme. Nada. Foi amor apenas pela trilha, magnífica. Pois ontem, matei a curiosidade. Sim, hoje faria retoques no roteiro, mas é representativo de época, romantico, super romantico. Gosto disso. Annie e Candice, lindas. E a música, meu Deus, que coisa linda! Quarenta e tantos anos depois, assisti, finalmente, "Viver por Viver". E vocês? Que tal? 




OUTRA VERSÃO PARA A TRILHA ORIGINAL

Vivre pour vivre - Karrin Allyson (Francis Lai)




CARTAZES DO FILME 
























Viver por viver (Vivre pour Vivre) - 1967

SINOPSE
Yves Montand é Robert Colomb, um famoso âncora de tv casado com a bela e inteligente Catherine, mas um marido infiel desde o princípio. Em mais uma de suas aventuras e trocas de amantes, ele conhece e se encanta com a jovem Candice. Ele viaja com ela para um trabalho no Kenya, e depois passa a mantê-la em Amsterdam. Ele revela seu caso a Catherine, mas apenas se cala. Quando é convocado para lutar no Vietnã, Robert termina com Candice - que aceita as condições por estar cansada do relacionamento. Retornando da guerra, ele decide voltar para Catherine, mas não fazia ideia de que ela também já tinha decidido retomar sua vida por conta própria...



ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Yves Montand, Candice Bergen
Annie Girardot, Irène Tunc
Anouk Ferjac, Uta Taeger  
Título Original: Vivre pour vivre
No Brasil: Viver Por Viver
Direção:  Claude Lelouch
 Roteiro:  Claude Lelouch
Produção:  Georges Dancigers, 
Alexandre Mnouchkine
Música Original:  Francis Lai
Fotografia:  Patrice Pouget
Edição:  Claude Lelouch, Claude Barrois
Figurino: Yves Saint-Laurent
Gênero:  Drama
Origem e Ano: França/Itália - 1967




PRÊMIOS 
Festival de Cinema de Mar del Plata, Argentina
Prêmio de Melhor Atriz (Annie Girardot)

Prêmios Globo de Ouro, EUA
Prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira


INDICAÇÕES

Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA
Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra
Prêmio Anthony Asquith de Melhor Música

Prêmios Globo de Ouro, EUA
Prêmio de Melhor Canção Original (Des ronds dans l'eau)
Prêmio de Melhor Trilha Sonora Original


25 de novembro de 2014

Crown, O Magnifico (1968)






TRILHA ORIGINAL (OSCAR) 
The windmills of your mind - Noel Harrison (Michel Legrand)




Crown, o Magnífico (The Thomas Crown Affair, 1968)

Esta versão original de “The Thomas Crown Affair” que em Portugal estreou com o título de “O Grande Mestre do Crime”, converteu-se, com o tempo, em objeto de culto. Para isso contribuíram diversos fatores. Em primeiro lugar os brilhantes diálogos de um argumento bem urdido, da autoria de Alan Trustman, que sustentavam uma história de um assalto cujo móbil principal não era o dinheiro mas sim o puro prazer pessoal de quem o concebera: «it’s about me, me and the systhem», confessa o grande mestre do crime, um Steve McQueen metido na personagem inesperada de um galã romântico, mas sem nunca perder o lado cool que o tinha imortalizado nos filmes precedentes. 

Steve McQueen e Faye Dunaway

Faye Dunaway, outra das grandes atrações do filme, desempenha o papel de Vicki Anderson, uma investigadora independente, determinada a recuperar o dinheiro roubado para a seguradora, e que para tal inicia um jogo do gato e do rato com a sua presa. Eva Marie Saint foi a atriz inicialmente escolhida mas Dunaway estava no topo da fama por causa do seu recente e lendário desempenho em “Bonnie And Clyde” e não teve qualquer problema em se apropriar do papel.

Depois há a banda sonora, celeberrima. Parece que o compositor, Michel Legrand, depois de ver a versão original do filme (que durava qualquer coisa como cinco horas), tirou seis semanas de férias, durante as quais escreveu 90 minutos de música. Posteriormente a montagem final do filme foi feita com base nessa hora e meia de fundo musical, um processo inverso ao que habitualmente acontece em cinema. A canção-tema, “The Windmills of Your Mind”, viria a ganhar o Oscar e o Globo de Ouro, mas, mais importante do que isso, teria ao longo dos anos muitas dezenas de versões em todo o mundo que a tornariam imortal.

Steve McQueen

Os carros usados no filme também contribuíram para o seu sucesso. Quer o Ferrari 275 GTS Spyder Nart, conduzido por Dunaway , modelo que McQueen viria a adquirir para a sua coleção privada, quer sobretudo o beach-buggie usado nas cenas rodadas na praia e que na altura despoletou uma autêntica moda. Mas “The Thomas Crown Affair” ficaria sobretudo celebrizado como o filme do jogo de xadrez – uma sequência sem qualquer diálogo mas repleta de explícitas conotações eróticas, que provocou frissons na espinha dos espectadores e que por certo contribuiu na altura para um aumento significativo da popularidade do jogo, até então considerado essencialmente cerebral,

Para além da evidente química ente McQueen e Dunaway, o filme soma pontos também na estilizada cinematografia de Haskell Wexler, que lhe confere uma certa elegância e bom gosto, e na direção segura de Norman Jewison, que não hesita em socorrer-se da técnica do “écran repartido” (uma moda naquele final dos anos sessenta) para ilustrar algumas das sequências, nomeadamente o assalto ao banco, logo na abertura do filme.

Faye Dunaway

“The Thomas Crown Affair”, para além de ser um thriller conotado com o sub-género de “assaltos a bancos”, deve muito da popularidade ao seu lado romântico. Filmes como “How To Steal a Million”, de William Wyler (com Peter O’Toole e Audrey Hepburn) ou “Gambit”, de Ronald Neame (com Michael Caine e Shirley MacLaine), ambos realizados dois anos antes, tinham descoberto o filão. “The Thomas Crown Affair” retoma a receita mas vai um pouco mais longe ao fazer do seu herói uma espécie de ícone para os estudantes liberais das universidades daquela época: um self-made man que, mau grado pertencer também ao mundo capitalista dos negócios, se entretém a desafiar os todos poderosos senhores da banca apenas para dar algum colorido ao fastio dos seus dias.

Steve McQueen e Faye Dunaway  

Trinta anos depois, o realizador de “Die Hard”, John McTiernan, faria uma nova versão de “The Thomas Crown Affair”, com Pierce Brosnan e Rene Russo nos principais protagonistas. Curiosamente os dois filmes têm bastantes pontos em comum. O assalto ao banco é substituído pelo roubo de um valioso quadro de Monet do Metropolitan Museum e o jogo de xadrez por uma dança de conotações rituais e também adornada de uma carga libidinosa forte (sem ter contudo a original e deliciosa sensualidade da outra), mas o espírito do primeiro filme mantém-se em certa medida. Faye Dunaway tem direito a uma pequena homenagem ao desempenhar o papel de uma psiquiatra e até “The Windmills of Your Mind” se faz de novo ouvir no meio da banda sonora assinada por Bill Conti. Colocando mais ênfase na faceta romântica (por vezes exagerada através de alguma histeria de Russo em certas cenas a roçar o soft-porno) e também na insegurança psicológica do herói (algo que dificilmente colaria à figura máscula de McQueen no primeiro filme), esta nova versão fica contudo bastante aquém deste original, mesmo continuando a constituir um razoável entretenimento.
CRÉDITO DO TEXTO: ORatoCinefilo




CARTAZES DO FILME
CRÉDITOS




Crown, o Magnífico (The Thomas Crown Affair, 1968)

SINOPSE
Todo crime tem uma personalidade, algo da mente que o planejou, afimra Vicky Anderson, uma elegante investigadora de seguros disposta a solucionar um roubo a banco que surpreendeu até as mais aguçadas mentes de Boston. Brilhantemente criado pelo diretor indicado ao Oscar por Feitiço da Lua, estrelado por Steve McQueen e por Faye Dunaway, este suspense bem elaborado e realizado com profissionalismo possui a personalidade fascinante do intrigante crime que retrata. O ricaço Thomas Crown é um lobo solitário vestido com roupas finas; um homem que elabora um ousado golpe a um banco só pela emoção da empreita. Mas ele encontra alguém à sua altura quando Vicky Anderson assume o caso. Jogando um perigoso jogo de sedução, ela tenta agarrar seu homen provocando-o com a única coisa que ele não pode possuir: ela!




ELENCO E FICHA TÉCNICA 
Elenco: Steve McQueen, Faye Dunaway, 
Jack Weston, Yaphet Kotto, Paul Burke
Gênero: Crime, Romance
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Alan Trustman
Produção: Norman Jewison
Fotografia: Haskell Wexler
Trilha Sonora: Michel Legrand
Origem e Ano: EUA - 1968


PRÊMIOS
 Oscar: Canção original (“The Windmills of Your Mind”).
Indicação ao Oscar: Trilha sonora.
Globo de Ouro: Canção original (“The Windmills of Your Mind”).
 Indicação ao Globo de Ouro: Trilha Sonora.



CURIOSIDADES
O uso de telas divididas para mostrar ações simultâneas foi inspirado no filme avanço no Labirinto .

O filme também apresenta o famosa cena do jogo de xadrez. O diretor Norman Jewison brinda os amantes do cinema com cenas sensuais e até fortes, como a insinuação sexual enquanto Vickie e Crow jogam xadrez.

A fotografia é incomum para um filme de Hollywood main-stream, usando um modo de tela dividida de uma forma muito elegante. 

McQueen faz o seu próprio dublê (joga polo) e dirige um buggy em alta velocidade no litoral de Massachusetts. Isto é semelhante ao seu papel de protagonista no filme Bullitt , lançado alguns meses depois, em que ele dirige um Mustang em San Francisco a mais de 100 mph.

Sean Connery foi a escolha original para o papel título, mas recusou-a decisão que mais tarde se arrependeu.


- “The Windmills of Your Mind” é interpretada por Noel Harrison, filho do actor britânico Rex Harrison

- Steve McQueen considerava a personagem Thomas Crown o seu melhor desempenho no cinema

- A cena do beijo, que dura um longo minuto, levou oito horas a ser filmada, repartida por vários dias

- Em Outubro de 2010 a marca italiana Persol re-lançou o modelo de óculos escuros (“714”) usado por McQueen neste filme como parte da Steve McQueen Collection.