26 de outubro de 2014

Um Homem, Uma Mulher, (1966)





TRILHA ORIGINAL
 Un Homme Et Une Femme
Vocal (Original Soundtrack 1967) (Francis Lai)




Um Homem, Uma Mulher, (Un Homme et Une Femme) - 1966
Um homem e seu cachorro caminhando pelo cais sob um tempo feio, o mar cinza, a névoa escondendo o céu, valorizam tremendamente uma cena… de amor. É que Anne e Jean-Louis estão de tal forma apaixonados, que vêem uma beleza muito especial no andar daquele homem, com seu cão.

Claude Lelouch disse que o mau tempo é um dos atores do filme. Mas há outro, se assim se pode dizer: a recorrência das cenas em preto-e-branco. Com estes dois elementos, o diretor consegue criar uma atmosfera intimista, em cenas de grande sensibilidade, durante vários momentos do filme. Não em todos, porque ele joga também com a cor, para mostrar a realidade crua, sem nenhum enquadramento ou recurso especiais, em situações de flashback – quando revela o passado do casal da trama. É verdade que na cor estão também cenas inesquecíveis, com o mar como cenário. Mas é só no preto-e-branco que a magia acontece.


Anouk Aimée


Anouk Amée talvez esteja perfeita em qualquer outro filme, mas neste, além disso, o papel lhe cai à medida. Deu uma Anne sóbria, um pouco ensismemada, mas sobretudo bela. Ela perde o trem para Paris, quando visita sua filha pequena num internato de Deauville (não por acaso uma cidade costeira). Ocorre que Jean-Louis (também muito bem feito por Jean-Louis Trintignant), veio visitar o filho no mesmo internato, e está voltando para a capital, em seu carro – um Mustang vermelho, ícone da geração dos anos 1960, quando o filme foi rodado. A diretora do internato ajeita uma carona…

Duas pessoas – um homem e uma mulher – iniciam, no carro em movimento, o diálogo reticente dos que acabam de se conhecer. O que eles dizem, nesse primeiro momento, não é passado para o espectador. Em lugar das vozes, surgem os primeiros acordes – mas só eles – da música tema. É uma promessa do que vai acontecer, e já está no ar.


Un Homme Et Une Femme


O Mustang vermelho segue pela estrada molhada, e a conversa (agora audível) evolui. Assistimos a tudo através do pára-brisa, em muitos momentos com o rosto dos personagens borrados pela chuva e pelo movimento do limpador. Anne é roteirista de cinema. E Jean-Luis, o que faz? Piloto de carro de corrida. A atmosfera intimista é invadida pela cor, pelo ronco dos motores e a alta velocidade do carro que ele está testando. Voltam o preto-e-branco, a chuva no pára-brisa. Anne é casada? Sim. O marido surge em cor, se arriscando como dublê de cinema.


Presente, passado, preto-e-branco, cor. Vemos que o marido morre na filmagem de uma explosão. Anne afinal não é casada, mas viúva. À porta da casa dela, os dois recém conhecidos se despedem (preto-e-branco…) e marcam novo encontro, para visitar os filhos.

Na nova visita às crianças, o diretor cria momentos enternecedores para mostrar a paixão envolvendo crescentemente os pais delas. Um almoço “em família”, as crianças correndo pela praia, de cores desbotadas pelo mau tempo. Um passeio de barco embalado pela atmosfera nostálgica do dia chuvoso e pela bela música de Francis Lai, o autor da trilha sonora.

Jean-Louis Trintignant e Anouk Aimée
Mas eis o carro de novo na estrada para Paris. Desta vez estamos dentro dele, e vemos Jean-Louis mudar a marcha e pousar sua mão sobre a de Anne – o primeiro gesto explícito do romance. Ela reage. “Você não me falou sobre sua mulher”. Cor: uma loira (em tudo diferente de Anne) preocupada com o marido, que vai correr as 24 Horas de Le Mans. Ele se acidenta gravemente. Ela se desespera, se suicida. Preto-e-branco: Jean-Louis se despede de Anne. Conta-lhe que vai disputar o rally de Monte Carlo.

Claude Lelouch participou da corrida para gravar cenas reais. Anne espera ansiosamente, em Paris. Mas desta vez, nada acontece a Jean-Louis. Ele recebe um telegrama dela (“Eu te amo”), viaja uma noite inteira no carro do rally (um Mustang branco, sujo e com seu número de corredor na porta) e chega de surpresa à praia, onde Anne e as duas crianças passeiam. Nestes momentos, o tema Um Homem, Uma Mulher toca inteiro…

Jean-Louis Trintignant

Num documentário sobre o filme, o diretor diz que sua obra é “entrecortada”, pois filmou cerca de 3.500 planos. A modernização da película permitiu-lhe agilidade para gravar até cem planos em um dia. Algo inteiramente novo, distante da realidade anterior, em que se levavam horas para ajustar um plano. Em Um Homem, Uma Mulher, o ajuste durava 15 minutos e começavam a filmar. “Filmamos direto, somos mais repórteres do que um equipe de cineastas”, disse Lelouch durante a filmagem. Prova disso é que em muitos momentos ele próprio empunhou a câmera.


O filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor roteiro original, e a Palma de Ouro em Cannes. A música tema ficou conhecida no mundo todo.





CARTAZES DO FILME 






TRILHA ORIGINAL 2
Samba Saravah - Pierre Barouh (Vinícius de Moraes/Baden Powell)




Um Homem, Uma Mulher (Un Homme et Une Femme) - 1966

SINOPSE
Um Homem, Uma Mulher despertou os olhares do mundo para a obra do premiado diretor Claude Lelouch. Vencedor dos Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original, além da Palma de Ouro em Cannes, o filme faz uso de uma fotografia belíssima, e da música dos brasileiros Vinícius de Moraes e Baden Powell, para mostrar o despertar do amor entre um solitário convicto e uma mulhar precocemente viúva. Ele, um piloto de corridas de automóveis (Jean-Louis Trintignant); ela, roteirista de cinema (Anouk Aimée), tentam conduzir um relacionamento sincero e bem humorado em meio às insistentes demandas familiares e profissionais. Uma linda história de amor à francesa que conquistou o mundo, mas que poderia muito bem acontecer com você.



ELENCO E FICHA TÉCNICA
Elenco: Anouk Aimée, Jean-Louis Trintignant
Pierre Barouh, Valérie Lagrange 
Direção: Claude Lelouch
Fotografia: Claude Lelouch
Música Original: Francis Lai,
Vinícius de Moraes e Baden Powell
Pais e Ano: França, 1966
Gênero: Drama, Romance
Roteiro: Pierre Uytterhoeven, Claude Lelouch
Produção: Claude Lelouch
Design Produção: Robert Luchaire
Fotografia: Claude Lelouch



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